Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis-SC fotografada em 2009 (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

Depois que Renata Bueno foi ter com o ministro das Relações Exteriores e – segundo divulgou – pediu pelas agências consulares de Santa Catarina e Espírito Santo – também o deputado Fabio Porta volta à carga sobre o tema, anunciando em comunicado com a data de hoje (17) que “formalizou o pedido” de abertura de “dois novos consulados de carreira” para serem instalados em Florianópolis e Vitória.

O anúncio de Porta sucede a comunicado precedente em que informava, às vésperas do protesto realizado na Avenida Paulista, diante do Consulado Geral da Itália em SP, que não poderia estar presente no evento, mas anunciava, sem falar em datas e valores, o desbloqueio por parte do Ministério da Economia italiano dos recursos a serem destinados aos consulados, além de afirmar que reivindicara ao subsecretário Vincenzo Amendola, a instalação das duas agências consulares.

PATROCINANDO SUA LEITURA

No comunicado de hoje, em língua italiana, o parlamentar volta ao tema para dizer que naquela oportunidade “formalizou o pedido”, cumprindo assim seu compromisso com os eleitores assumido na última campanha eleitoral, em 2013: “Pedi, juntamente com o senador Fausto Longo, a abertura em Florianópolis-SC e e Vitória-ES – escreveu – de dois consulados dirigidos por pessoal do Ministério das Relações Exteriores enviados da Itália, em condições de desenvolver todas as principais funções de uma agência consular em benefício de nossos cidadãos e seus descendentes”.

Segundo escreveu ainda Porta, “Florianópolis e Vitória são, de fato, respectivamente, as capitais dos Estados de Santa Catarina e Espírito Santo, os dois Estados brasileiros onde maior é a presença italiana proporcionalmente à população local: um motivo por si só suficiente a justificar este pedido, juntamente com a dinamicidade econômica e cultural dos dos Estados e o alto número de inscritos no Aire [Anagrafe degli Italiani Residenti all’Estero‘, NR] já residentes naqueles territórios”.

Porta afirma que o subsecretário Amendola já tinha se manifestado favoravelmente ao pedido, confirmado pelo parecer positivo do embaixador da Itália em Brasília, Antonio Bernardini.

Mais: “Nos próximos meses, também graças à chegada dos grandes recursos obtidos pelos consulados com os pedidos de cidadania em 2016 e 2017 – continua Porta -, será possível desenvolver um trabalho de eliminação das filas para o reconhecimento da cidadania e para a melhoria dos serviços consulares, assim como está previsto pela lei orçamentária de 2008 (sic) e da relativa emenda por mim proposta na Comissão de Assuntos Exteriores”.

Ainda segundo Porta, este é “um outro resultado positivo do trabalho parlamentar e da campanha de mobilização iniciada em 2016 pelo Comitê pela Melhoria dos Serviços Consulares; uma reivindicação de nossa comunidade e dos conselheiros dos Comites [‘Comitati degli Italiani all’Estero’, NR] residentes nos dois Estados; um outro exemplo de como as soluções concretas sejam o fruto do trabalho coerente no Parlamento e de propostas sérias e realizáveis”.

Antiga reivindicação dos dois Estados, a instalação de consulados em Vitória e Florianópolis havia sido esquecida (e mesmo ridicularizada por alguns) até que uma rearticulação, iniciada pelo conselheiro da Câmara Ítalo Brasileira de Comércio e Indústria de Santa Catarina, Diego Mezzogiorno, juntou forças dos dois Estados, envolvendo até mesmo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, e obteve um pronunciamento favorável do embaixador Antonio Bernardini.

Segundo essas articulações, cada governo estadual entraria com sede física e estrutura para o funcionamento dos novos consulados, fato que já está em andamento em SC, tendo já havido formalização de vontade por parte do Espírito Santo. A próxima etapa será a viagem de uma delegação de alto nível, com expoentes dos dois Estados, a Roma, para ter com o Ministro das Relações Exteriores italiano, provavelmente ainda antes do final do ano.

A súbita preocupação dos parlamentares ítalo-brasileiros sobre esse tema, que havia sido banido de seus comunicados desde 2013, vem sendo motivo de debate e até mesmo de piadinhas nas redes sociais. Reginaldo Ré escreveu; quer dizer que apesar de tanto tempo no cargo e apenas agora uma simples formalização foi feita?”

A internauta Fátima Marini foi além: “De filho bonito todo mundo quer ser pai, hein? As tratativas já foram iniciadas sem o Fábio Porta há tempos, e agora quando parece que vai se concretizar, ele vem pedir DNA reivindicando a paternidade”. “Isso é campanha eleitoral, ou não”, pergunta Thiago Vicente Roldi depois de  observar: “É incrível como podemos acreditar que depois de dois mandatos e de um governo desastroso para os italianos “all’Estero” o Deputado Fabio Porta do PD emite uma nota dizendo que vai se empenhar a colocar um consulado em Vitória e Florianópolis”. Noutro post, o mesmo Roldi diz que ” agora tem mais gente querendo ser pai de uma criança que nunca viu”.

Em alguns debates, o próprio deputado Fabio Porta procurou esclarecer, digirindo-se aos caros amigos: “quem acompanha a minha atividade sabe que é desde o 2009 que estou à frente deste projeto. Fico feliz que outros se somaram ao longo deste anos. Hoje temos duas importantes novidades que podem finalmente concretizar este sonho: a verba da minha emenda aprovada no final do 2016, perto de ser liberada e o apoio formal da nossa Embaixada. Vamos trabalhar junto para este ‘obiettivo’. Continuarei fazendo a minha parte aqui no Parlamento e pressionando o governo!”

Entre outras respostas, Porta encontrou a de Eduardo Mineo: “Conta outra, Fabio Porta. Você faz parte do governo que diz pressionar. A prioridade do seu governo não são os ítalo descendentes. Nunca foram. Seu governo diminuiu a rede consular em 1.000 funcionários. Temos 1.000 funcionários a menos trabalhando hoje para os italianos no estrangeiro. E você vem dizer aqui que a taxa que você apoiou como a bala de prata para os problemas dos consulados vai resolver alguma coisa? A taxa não vai resolver os problemas. Sem contar que faz três anos que somos taxados e nada foi revertido. Você bate no peito como se devolver 30% das taxas sequestradas pelo seu governo fosse algo bom. Onde estão os milhões de euros subtraídos dos ítalo descendentes nos últimos três anos?”

O debate se estende para muitos argumentos, e Daniel Taddone, o organizador do protesto do dia 12 diante do Consulado Geral de São Paulo, também escreve:Vejam o que não faz a chegada em breve das eleições. Mais um parlamentar vai surfar num trabalho já iniciado por outros e o que é pior, sem dar os devidos créditos! O Diego Mezzogiorno batalhou praticamente sozinho e agora nem é citado! Outra coisa interessante: as eleições se aproximam e os parlamentares vão começar a aparecer nas redes sociais. Que bom, antes tarde do que nunca. Depois de maio eles voltam a desaparecer”.