Pinocchio, do artista plástico turco Berk Ozturk (Reprodução)

“Mentir numa eleição resume a intenção de enganar toda uma sociedade. Isto absolve a eventual agressividade da nossa indignação. Tudo tem limite!”. Assim termina a nota enviada a Insieme pela coligação “Liberi e Uguali” menos de quatro horas após ter sido postada a resposta de Fabio Porta à denúncia feita ontem por Silvana Rizzioli. Em nome pessoal, a candidata também enviou nota replicando Porta e que vai abaixo transcrita.

Rizzioli, que é candidata ao Senado, manifestou, em vídeo, sua “absoluta indignação em relação à instrumentalização política realizada pelo PD, na pessoa de Fabio Porta e sua equipe por ocasião da inauguração da nova sede do consulado italiano em Belo Horizonte”. A inauguração ocorreu no último dia 23, com a presença do ministro italiano Angelino Alfano, das Relações Exteriores. Na nota, a coligação pede a Fabio que apresente “provas da sua mobilização relativa à casa inaugurada, lembrando sempre que, ao cabo, o procedimento estaria na alçada das suas obrigações”.

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O também candidato ao Senado, Fabio Porta, replicou dizendo-se “amargurado e atônito” com a indignação de Rizzioli que, segundo ele, além de querer “desmentir a realidade” de seu trabalho “num mais amplo compromisso de reforço dos consulados realizado nos últimos anos pelos governos conduzidos pelo Partido Democrático”, também “se descabela devido a uma visita dos candidatos e do Secretário do PD no Brasil à Fiemg e seu presidente”.

Agora, trazendo à baila a figura de Pinóquio (Pinocchio, em italiano), a coligação de Rizzioli assegura, entre outras coisas, que “a mentira traz, embutida, a perversidade de produzir efeitos maléficos a partir da distorção consciente da verdade, exceto os casos de megalomanias, que não parecer ser o de Porta, nos quais a morbidez deve ser compreendida”. A nota tem como título “Era caso de crescer o nariz”, e tem o seguinte teor, na íntegra:

“Infelizmente, somente o nariz de Pinóquio cresce sob o impulso de uma mentira. Do contrário, o senhor Fabio Porta, candidato do Partido Democrático ao Senado italiano, iria vergar sob o peso do seu apêndice nasal. A alusão, melhor dizendo, a afinidade caricatural de Porta com o jovem personagem criado pelo florentino Carlo Collodi é a primeira ideia que vem à cabeça ao ouvi-lo dissertar sobre seu protagonismo a respeito do novo consulado da Itália em Belo Horizonte, cuja inauguração se deu na semana passada. Segundo seu palavrório, é de supor que ele, infatigavelmente, empunhou uma pá de pedreiro e assentou cada tijolo da construção, do alicerce ao teto, para depois tomar de uma brocha e pintá-lo e com a desfaçatez à altura das vastas abas das suas narinas.

Infelizmente, cidadãos ítalo-brasileiros, o senhor Fabio Porta nos obriga a apresentar-lhes este grotesco relato, face às invencionices que lançou contra ouvidos desprevenidos e desprotegidos, produzindo justa e necessária indignação com seu paupérrimo oportunismo eleitoral. Os senhores não merecem tal infortúnio. Melhor seria que estivessem recebendo propostas úteis e consistentes, que são bem vindas de todos candidatos bem intencionados e construtivos, diga-se de passagem, num pleito eleitoral.

É isso, afinal de contas, que um eleitor espera ouvir para sopesar seu voto. Como poderá fazê-lo sadiamente, se estiver tratando fantasias que se desfazem no ar a um simples sopro, conforme ocorreu com a casa de palha de dos três porquinhos? Em torno dessas historietas infantis se desfaz o mais alto valor da Democracia, que é o debate eleitoral iluminador destinado a orientar a boa escolha dos cidadãos.

A mentira traz, embutida, a perversidade de produzir efeitos maléficos a partir da distorção consciente da verdade, exceto os casos de megalomanias, que não parecer ser o de Porta, nos quais a morbidez deve ser compreendida.

Joseph Goebbels (1897-1945), o talentoso Ministro da Propaganda de Adolf Hitler apregoava que uma mentira, repetida com maestria e intensidade, acaba, em algum momento, se transformando em verdade. E tinha razão, pois tanto martelou sua tese, que o Nazismo acabou por seduzir toda uma nação. William Shakespeare (1574-1616), cuja genialidade literária expôs as profundezas da alma humana, ensinou que Otelo acabou por assassinar a inocente Desdemona, movido pelas pérfidas mentiras engendradas e manipuladas por Iago.

Felizmente, para todos nós, Fábio Porta não carrega tal habilidade, demonstrando que a Genética também sabe ser sábia. Se não fosse assim, provavelmente nos convenceria que, além de ser responsável pela nova sede do consulado belo-horizontino, também ergueu a Fontana di Trevi, ombreando com Niccolò Salvi, Gian Lorenzo Bernini e Giuseppe Pannini. No entanto, o único resultado da sua obra é este texto deselegante, redigido a contragosto por fazer parte de um contexto apequenado, que fere a grandeza democrática de uma eleição.

É possível que o senhor Porta recorra ao argumento de que está sendo atacado por adversários políticos, interessados em desconstruir sua boa imagem na luta por votos. Não se trata disso, inclusive porque, nesta altura da eleição, talvez o pleito já esteja praticamente definido. Em todo caso, o seu brilhareco, feito na semana passada junto ao embaixador da Itália no Brasil e demais autoridades italianas e brasileiras, poderia ganhar alguma luz, se ele apresentasse provas da sua mobilização relativa à casa inaugurada, lembrando sempre que, ao cabo, o procedimento estaria na alçada das suas obrigações.

Mentir numa eleição resume a intenção de enganar toda uma sociedade. Isto absolve a eventual agressividade da nossa indignação. Tudo tem limite!”

NOTA DE RIZZIOLI – A seguir, a nota pessoal da candidata Silvana Rizzioli que assegura ter “suficientes competência, ponderação, tranquilidade moral, ética e psÍquica para avaliar as situações forjadas de marketing político realizadas pelo PD:

“Sou executiva ha mais de quarenta anos, empresária, com título de cidadã honorária da cidade de BH e do Estado de Minas Gerais. Recebi o Título de ‘Cavaliere della Stella d’Italia’ por merecimentos e realizações profissionais. Sou presidente da União Brasileira para a Qualidade, conselheira de inúmeras Associações e Instituições em nível federal e estadual. Fundadora da Acibra e da escola bi-cultural Fundação Torino, considerada escola referencial e de excelência, hoje com mais de 3000 alunos. Esta escola foi visitada no dia 24 de Fevereiro pelo ministro degli Affari Esteri Alfano e pelo Embaixador da Itália Bernardini, como ‘escola modelo’. Posso atestar que minha pessoa é respeitada e estimada não somente em Minas Gerais, mas em todo o País.

Esta premissa é absolutamente necessária para afirmar peremptoriamente que tenho suficientes competências, ponderação, tranquilidade moral, ética e psíquica para avaliar as situações forjadas de marketing político realizadas pelo PD, em ocasião de evento institucional de inauguração da nova sede do Consulado da Itália de Minas Gerais. Este evento foi celebrado no dia 24 de Fevereiro às 12:00 horas, com a presença do próprio ministro Alfano, da cônsul da Itália em MG, Aurora Russi, do embaixador da Itália, Bernardini, e do governador Pimentel, além de inúmeras Autoridades em nivel regional e nacional.

Foi notório e observável por parte de todos os presentes o processo de instrumentalização realizado pelo PD, Porta e sua equipe, para instrumentalizar o evento institucional, através de vídeos, fotos, entrevistas e manipulações situacionais evidentes, planejadas e comprovadas.

Nesta oportunidade o senhor Fabio Porta dissertou sobre seu protagonismo a respeito do novo consulado da Itália em Belo Horizonte, cuja realização deve-se principalmente à cônsul da Itália em MG, Sra. Aurora Russi, ao arquiteto Eduardo Fontana e à colaboração de instituições e dos atores principais do Estado.

Segundo o palavrório do Porta e face as invencionices que lançou contra ouvidos desprevenidos e desprotegidos, atestando valiosa e efetiva colaboração na constituição da nova sede consular, foi produzida justa e necessária indignação com seu oportunismo eleitoral.

Também foi instrumentalizado, no mesmo dia, na parte da tarde, o agendamento de uma entrevista com o presidente da Fiemg, Dr. Olavo Machado Junior, com pretextos de aproximação empresarial realizados pelo sr. Fabio Vicenzi junto ao senhor Claret, presidente da Fiemg Jovem. Foi também colocado indevidamente que os intervenientes estariam representando nesta ocasião o “Governo Italiano”, com o intuito de aproximar os Governos da Itália e de Minas Gerais. Dr. Olavo afirma “… eles queriam ter uma oportunidade de me conhecer e mostrar que existem oportunidades de trabalho junto às instituições Italianas e que Minas ficava mais distante. Me entregaram um documentos de intenções e afirmaram que o partido deles está no governo e que isto era uma vantagem importante, porque o governo é reconhecido. Mentir numa eleição resume a intenção de enganar toda uma sociedade.”