Gian Luigi Ferretti, jornalista e conselheiro do CGIE (Foto Perfil FaceBook)

Terminou cansadamente também essa assembleia do CGIE – Conselho Geral dos Italianos no Exterior, presidida por Silvana Mangione com o pobre Michele Schiavone fazendo a parte de Secretário Geral. Terminou na pior das formas, com a aprovação de uma ordem do dia que invoca a aprovação do “ius soli”.

Que interesse tem o “ius soli” para os imigrantes? O dever do CGIE, sua razão de existir, não são os italianos emigrados? Não perguntem isso a mim, mas àquela maioria de esquerda que, graças aos patronatos, há muito tempo tomou conta do órgão, como se fosse coisa sua.

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Em vez de indignar-se e de protestar contra a pouca consideração dada aos cidadãos italianos residentes no exterior, com os seguidos e continuados cortes orçamentários nos programas que lhes dizem respeito e contra a situação desastrosa dos Consulados, parece que vieram a Roma às custas do Estado com o delírio de pretender para qualquer africano que atinge as costas da Península tudo aquilo que a República Italiana nega a seus filhos no exterior.

Tentei inutilmente explicar que não há necessidade de uma lei mais permissiva quando hoje a Itália está já em primeiro lugar na União Europeia no campo da concessão de cidadania aos estrangeiros (a partir de 2002 até 2016 tornaram-se cidadãos italianos 1.068.000 imigrantes, 380.000 dos quais nos últimos dois anos). Tentei, igualmente, dchamar a atenção dos eleitos pelos italianos no exterior sobre as manobras em curso que objetivam negar o direito à cidadania aos descendentes dos emigrados. Oh, é verdade, ninguém tem a coragem de dizê-lo claramente: “devemos abandoná-los ao seu próprio destino, deles nada mais queremos saber”. Mas adota-se uma série de ações que, progressivamente, vão esvaziando a importância do “ius sanguinis”.

Como todos sabem, o imigrante que pede a naturalização paga 200 euros, enquanto o italiano no exterior – graças (apenas para lembrar) a uma emenda do PD aceito pelo governo do PD – paga 300 euros, 100 euros a mais, pelo reconhecimento de seu direito. “Procuraremos corrigir essa injustiça”, prometem há meses os eleitos do PD no exterior. E eis a correção [que vem]: uma outra emenda, sempre do PD, para aumentar em outros 100 o valor da vergonhosa taxa, elevando-a para 400 euros, importância que representa uma verdadeira fortuna em algumas partes do mundo.

Mas o mal não termina por aqui, e esta é apenas uma das propostas contidas na emenda que pretende criar obstáculos à cidadania que deriva do “ius soli”.

Tudo isso em nada interessa para três quartos dos Conselheiros do CGIE. Não, a eles interessa apenas defender os interesses do partido que quer produzir o número quanto maior possível de cidadãos italianos de proveniência extra comunitária para fazer aquilo que os italianos não querem mais fazer: votar no PD.

Enfim, tivemos que ver também esta: um CGIE que se ocupa e se preocupa com os imigrantes. Um pouco como se a associação de veganos se metesse a defender a implantação de mais açougues. Mas é isso. Explica muito bem isso o Hino de Mameli, com o qual ainda desta vez foi iniciada a Assembleia: “Durante séculos somos pisados, ridicularizados, porque não somos um povo, porque somos divididos”. E também um pouco tolos, acrescento eu.

• Gian Luigi Ferretti, é jornalista e conselheiro do CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’, publicado originalmente em Aise, tradução Desiderio Peron)