Estamos a uma semana daquela que será a maior manifestação de protesto da comunidade ítalo-brasileira na história recente. No feriado de 12 de outubro na frente do Consulado Geral da Itália em São Paulo haverá uma importante concentração de pessoas que optarão por não se deixar tomar pela inércia e pela indiferença.

Participo de atividades relacionadas à comunidade italiana desde 1993, são 24 anos de estrada. É a primeira vez que consigo ter esperança de que possa nascer um verdadeiro sentimento de integração com força suficiente para combater a inexplicável apatia política da nossa coletividade. Um fator essencial para essa mudança são as redes sociais, que marcam uma nova era para as relações dos ítalo-brasileiros com a Itália e seus representantes políticos.

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Não por acaso, algumas personalidades que antes discursavam sozinhas e sem contrapontos parecem ter perdido o rumo, vendo fantasmas argentinos em todo lugar e a todo momento.
Dentre os quatro deputados e dois senadores eleitos na América do Sul, metade deles apoia sistematicamente o governo italiano desde o início da atual legislatura em 2013. E são justamente os três representantes com residência no Brasil: os deputados Fabio Porta e Renata Bueno e o senador Fausto Longo.

Eles fazem parte da coalizão que sustenta desde a primeira hora o governo do Partido Democrático. Portanto, Fabio Porta, Renata Bueno e Fausto Longo estão há cinco anos aliados àqueles que possuem a caneta do Poder Executivo para “fazer acontecer”. E o que melhorou nos últimos cinco anos? Rigorosamente nada. Muito pelo contrário: os problemas aumentaram.

O Partido Democrático, com suas políticas equivocadas, provocou cortes que significaram um desmantelamento de gravíssimas proporções de toda rede consular italiana pelo mundo. O número de funcionários está reduzido até o ponto de exaustão, sobretudo na América do Sul e no Brasil em particular. Para se ter uma ideia, em 2016 a França tinha em suas embaixadas e consulados 10.384 funcionários, enquanto a Itália tinha praticamente a metade (5.409 funcionários). E esse número não pára de diminuir ano após ano.

A “cereja do bolo” veio em 2014: foi criada uma taxa de 300 euros para cada cidadania reconhecida. Estaria aí a solução de todos os problemas! Resultado: em três anos foram arrecadados milhões de euros (estima-se que mais de 4 milhões apenas em São Paulo) e o governo do Partido Democrático virou as costas para os italianos no exterior e confiscou tudo. Nem um mísero centavo foi revertido aos consulados. Há mais de um ano o deputado Fabio Porta exulta que 30% da taxa (menos de um terço!) serão “em breve” distribuídos aos consulados. Nem mesmo essa “esmola” chegou e quando chegar fará pouca diferença.

Precisamos de soluções permanentes!

Talvez agora em período pré-eleitoral ou até mesmo durante a campanha, o governo do Partido Democrático resolva mandar uns trocados para turbinar a reeleição dos seus fiéis escudeiros. Enquanto isso, nós protestaremos no dia 12 de outubro contra a vergonha de ser necessário esperar 12 anos numa fila do reconhecimento de cidadania ou de ser escravizado pelo “maledetto” sistema Prenota OnLine para obter uma renovação de passaporte depois de meses e meses de tentativas diárias, isso quando se tem sorte. Cansados, muitos optam por pagar cifras altíssimas a agências de “vendedores de vagas”, sob os olhares inertes de nossos representantes. Essa situação vexaminosa não é condizente com a Itália, oitava potência mundial.

  • Daniel Taddone é presidente do Comites do Recife.