Repete-se o fenômeno: o ítalo-argentino Ricardo Merlo se consagra, pela quarta vez, o candidato da Circunscrição Eleitoral do Exterior com o maior número de votos, ao obter 52.739 sufrágios individuais nesta eleição em que concorreu para o Senado da República Italiana. O Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’, seu partido somou 100.802 votos, ou 31,64%, pouco diante do projeto esperado que era ocupar duas, ou até três das quatro cadeiras da Câmara dos Deputados italiana.
O segundo parlamentar mais votado fora da Itália foi Laura Garavini, candidata ao Senado pelo PD na área da Europa, que chegou a 34.946 votos. Na última eleição de 2013, Merlo fizera 71.273 votos individuais – 18.534 a mais que dessa vez.
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Mas a surpresa maior dessa eleição na América do Sul foi, sem dúvida, a não eleição de Fabio Porta que, depois de duas vezes deputado, agora concorreu a uma vaga no Senado. Seu partido – o PD – Partido Democratico – ficou em terceiro lugar, com apenas 17,58% (56.025 sufrágios), superado que foi pela Usei – ‘Unione Sudamericana Emigrati Italiani’ que, além de eleger seu fundador, Eugenio Sangregorio, fez também senador o uruguaio Adriano Cario – um resultado que está sendo questionado pelo ex-deputado Fabio Porta.
Para a Câmara dos Deputados, o Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’ também consagrou-se em primeiro lugar, com 27,77% de um total de 96.959 votos, mas suficiente para apenas uma cadeira que continua a ser ocupada pelo ítalo-argentino Mario Borghese, reeleito, vindo em segundo a Usei com 65.363 voto (18,72%). No Brasil, ninguém do Maie conseguiu se eleger.
O PD ficou em terceiro no geral, mas o primeiro no Brasil, produzindo outra das surpresas dessa eleição: o ex-senador Fausto Longo, aparentemente escanteado na troca de posições com Fabio Porta, acabou ficando em primeiro lugar e, com apenas 8.906 votos, é agora deputado, mesmo posto ocupado por outro ítalo-brasileiro: o advogado Luis Roberto Lorenzato, também de São Paulo, com 41.073 (11,76% do total dos votos da América do Sul), surpreendeu todas as expectativas e elegeu-se deputado empunhando a bandeira da coligação centro-direita. Ele é o coordenador para a América do Sul da Lega – o partido comandado por Matteo Salvini.
No mais, outra surpresa foi o fraco desempenho da ex-deputada Renata Bueno que, mesmo fazendo 14.250 votos, afogou-se no fraco desempenho (6,28%) de sua coligação que, tudo somado, para a Câmara, reuniu 21.937 votos no total e, para o Senado, 19.912. A coligação ‘Civica Popolare’, que pretende encarnar o ‘Movimento Passione Italia’ fundado pela ex-deputada, ficou abaixo de outra legenda-novidade – a Unital – ‘Unione Tricolore America Latina’, em que estreou Daniel Taddone e seus 4.088 votos.
Abaixo reproduzimos uma tabela com todos os candidatos, suas legendas, votos e percentuais, obtidos junto ao site oficial do Ministério do Interior que, entretanto, ainda não fechou a área da América do Sul em definitivo. Um total de 16 urnas para a Câmara, e outras 17 para o Senado ainda não foram computadas porque existem problemas pendentes junto à ‘Corte di Appello’ de Roma, que é o órgão responsável pela proclamação dos eleitos.