A cúpula do Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, em Nova Veneza-SC com as montanhas da Serra do Mar ao fundo (foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

“Isso é histórico”, disse ontem o seminarista Giliard Cesconetto Gava, em Roma, ao ser contatado para explicar a nova condição a que foi levado o Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, em Nova Veneza-SC: sua filiação à Basílica Papal de Santa Maria Maggiore, através do que está também capacitada à concessão de indulgências plenárias a devotos e peregrinos.

Para se ter ideia da importância religiosa do novo status do Santuário que anualmente reúne milhares de peregrinos no Sul do Estado de Santa Catarina, basta saber que apenas 300 igrejas em todo o mundo galgaram até hoje essa condição. Uma grande romaria está marcada para domingo próximo, dia 28.

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A notícia foi difundida hoje pela “Revista da Diocese” de Criciúma, comandada pelo bispo Dom Jacinto Inacio Flach, logo após receber correspondência assinada pelo Cardeal Stanislaw Rylko, arcipreste protetor da Basílica Papal de Santa Maria Maggiore, informando sobre esse “vínculo espiritual de afinidade”.

O seminarista Giliard Cesconeto Gava, em imagem de 08/06/1916, antes de ir para Roma (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

Gava, que já foi secretário de Cultura de Nova Veneza e fora eleito inclusive conselheiro do Comites Pr/SC, há algum tempo mudou-se para Roma, onde estuda Filosofia e Teologia (Pontifícia Universidade Lateranense), retomando sua vocação religiosa por alguns anos interrompida, foi o articulador do bem sucedido do reconhecimento. O site diocesano fala que ele foi um “mediador”: “A conversa ocorreu durante uma das reuniões da comissão organizadora dos festejos do ano jubilar, no ano passado, que preparou todo o material que incluiu a história, as peregrinações e destacou a importância do Santuário para o Sul do Estado. Os documentos com aval do Bispo Diocesano e do Reitor foram entregues ao Supremo Tribunal da Penitenciária Apostólica, incluindo uma carta assinada por Dom Jacinto em 08 de março deste ano”. Para Insieme, Gava se absteve de tecer comentários, alegando sua condição atual.

Segundo Dom Jacinto Inacio Flach, “é um momento muito bonito este em que recebemos, de uma das quatro basílicas papais – a Basílica dedicada a Santa Maria Maior, mãe das igrejas dedicadas a Nossa Senhora – este privilégio”, escreveu o bispo criciumense, para acrescentar que : agora o Santuário Nossa Senhora de Caravaggio passa a ser uma extensão desta igreja de Roma. Para nós, é uma grande alegria esta ligação com a maior igreja dedicada a Maria no mundo. Maravilhosamente nosso Santuário vai participar celebrando seus 50 anos com esta grande oportunidade”.

Também o reitor do Santuário, em Nova Veneza, padre Valdemar Carminati, exultou: “É uma notícia muito boa esta filiação à primeira basílica do Ocidente, construída a partir do ano 432, e um fato realmente marcante conseguirmos também as indulgências plenárias, que são concedidas à basílica, também aqui no nosso Santuário, para as pessoas que vêm à festa. Um presente merecido e significativo neste ano jubilar em que celebramos os 50 anos de sua inauguração. Nós temos toda uma história. Este santuário surgiu pequeninho e foi crescendo, crescendo e se tornou o que é hoje”.

O seminarista Giliard Cesconeto Gava ressalta, segundo a Revista da Diocese, o apoio alcançado através de Dom Giuseppe Banfi, sacerdote da Basílica, explicando que “ele, recebendo a documentação e conhecendo a história de Nossa Senhora de Caravaggio, ficou maravilhado com a fé levada pelos imigrantes e prontamente correu atrás dos trâmites, empenhando-se desde a apresentação do documento até sua aprovação, expedida em 28 de março”.

Gava observa ainda que rápida tramitação “por demais especial”, foi rápida, “algo que não é comum” e, por isso, “devemos todo nosso carinho e consideração” a Dom Giuseppe Banfi.

Segundo explica Dom Jacinto Inacio Flach, uma das grandes novidades obtidas com o reconhecimento recebido pelo Santuário está na oportunidade da obtenção de indulgência plenária aos fiéis: “A partir de agora temos o privilégio de estender alguns dias especiais, durante o ano, escolhidos para ganharmos a indulgência plenária. A indulgência sempre é o perdão de nossas penas temporais, nossos pecados que trazem prejuízo para a sociedade e para a comunidade. De vez em quando, em momentos especiais, a Igreja tem o poder de perdoar estas faltas dando o indulto, ou seja, uma indulgência. Deus nos perdoa sempre, mas todo pecado tem sempre um prejuízo no meio da sociedade. A indulgência apaga esse pecado. Por exemplo, quando eu falo mal de uma pessoa, peço perdão a ela e me confesso. Deus perdoa meu pecado, mas a pessoa ficou doente, perdeu o emprego, teve um prejuízo muito grande na sua vida, na sua saúde e na sua família. Esta é chamada pena temporal: uma pena que a pessoa está sofrendo por causa do meu pecado. Assim, a Igreja tem o poder de perdoar esses pecados quando concede a indulgência plenária”.