CURITIBA – PR – Segundo a candidata a deputado no Parlamento Italiano, Claudia Antonini, o percentual de votantes no Rio Grande do Sul caiu de 76%, em 2006, para 50% nesta eleição encerrada ontem (10.04.2008) às 16 horas. E a queda, segundo ela, foi devido à greve dos Correios brasileiros que, também segundo a candidata, deu vantagem extra aos argentinos. O Brasil – repete ela – corre o risco de não ter ninguém no Parlamento.

Claudia Antonino concorreu pelo Partido Democrático e está animada com a experiência, tanto que faz até sugestões para a mudança da lei que regula as eleições na Circunscrição Eleitoral do Exterior. Todos os envelopes devolvidos aos Consulados dentro do prazo legal estão seguindo para Roma, onde serão escrutinados juntamente com as eleições em território italiano, que acontecerão dias 13 e 14. Confira a entrevista concedida por antonini ao jornalista Desiderio Peron, editor da Revista Insieme com exclusividade:

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n Com que disposição está chegando ao fim da campanha eleitoral?

 

CLAUDIA ANTONINI – Aquela de começar tudo de novo. Pois, seja qual for o resultado, sinto que tenho importantes tarefas à cumprir em meu trabalho junto à nossa comunidade.

 

n A seu ver, quais foram os temas mais importantes debatidos nestas eleições de interesse da comunidade italiana no exterior?

 

CLAUDIA ANTONINI – A valorização, independente do partido, da necessidade de dar ao italiano no exterior tratamento digno e igualitário.

 

n Como analisa o comportamento geral dos candidatos em campanha e que sinais importantes obteve dos eleitores?

 

CLAUDIA ANTONINI – Em geral muito individualismo e pouco trabalho de equipe. Os eleitores foram a grande surpresa. Foi identificação imediata, fiquei muito feliz pelo reconhecimento do trabalho que sempre fiz e por encontrar tantas pessoas que compartilhavam das mesmas idéias e que se dispuseram a trilhar junto o caminho. São novos amigos conquistados, novas perspectivas e muito aprendizado. Aproveito para deixar aqui o meu reconhecimento e agradecimento à militância, ao empenho e ao trabalho das ítalo-brasileiras e dos ítalo-brasileiros que acreditaram no projeto do PD e que se mobilizaram; aos amigos e amigas das associações, entidades e comunidade italiana, que estiveram conosco nesta empreitada na qual tenho somente a certeza de que os votos que obtivermos foram conquistados a partir da dedicação voluntária e generosa deles. Foi realmente uma escola e agradeço inclusive algumas reclamações justas e construtivas que recebi e que ajudaram e fizeram refletir.

 

n Caso não alcance a eleição, pretende continuar atuando politicamente dentro da comunidade italiana e de que forma?

 

CLAUDIA ANTONINI – A luta continua, pois o que fiz neste pleito reflete simplesmente as necessidades que o meu cotidiano de trabalho gera. Quero, com o apoio e a participação de cada italiano e italiana do Brasil e da América do Sul, construir uma estratégia que, se não nestas, nas próximas eleições, leve mais oriundos para o parlamento italiano. Além disso, quero um PD cada vez mais presente na vida da nossa comunidade.

 

n Poderia avaliar de alguma forma objetiva a influência da greve dos carteiros brasileiros, deflagrada no meio do processo eleitoral?

 

CLAUDIA ANTONINI – Causou grande diminuição do número de votos e o grande risco de não eleger um representante residente no Brasil, afinal, só no RS, onde resido, o percentual de votantes despencou de 76% em 2006 para 50% em 2008, apesar dos esforços desmedidos do cônsul Barbaro. Acreditávamos, pela evidente mobilização de nossa comunidade, que o número de votantes em 2008 superaria bastante o de 2006.

 

n Entende que o processo eleitoral na Circunscrição Eleitoral do Exterior, da forma como está configurado, merece reparos, e onde?

 

CLAUDIA ANTONINI – Claro que sim, há excesso de material no envelope que deve ser absolutamente simplificado. Para que, por exemplo, uma lista de candidatos e uma cédula? Não poderiam constar todos os candidatos na própria? O ‘tagliando’ não poderia ser  um número ou código no próprio envelope resposta evitando invalidar muitos votos? Nas cidades onde há consulado ou agência consular, o voto não poderia ser direto nestas sedes, evitando despesas absurdas? Bem, são tantas as sugestões possíveis mas, claro, devemos lembrar que há eleitores em todas as cidades e para os que estivessem em sede distante das agências e consulados o envelope ainda poderia constituir a única forma de acesso ao exercício da cidadania.

 

n Que prognósticos faz sobre o resultado eleitoral, no Exterior e na Itália?

 

CLAUDIA ANTONINI – Como sempre, na Itália, um parlamento dividido com pouca diferença, quem sabe um senador residente no Brasil e muitos votos para o PD no exterior. 

 

n Outras considerações sobre o tema que queira fazer.

 

CLAUDIA ANTONINI – Acabou hoje (dia10.04.2008) às 16h o episódio eleitoral. A campanha foi bastante trabalhosa e angustiante para esta inexperiente candidata de poucos recursos. O trabalho era esperado e até já tinha previsto um afastamento das atividades que retomei apenas às 17h do dia de hoje, quando voltei e atendi meu primeiro casal apressado de ‘oriundi’ pós-eleição… A angústia é que era desnecessária, mas surgiu de um fator inteiramente fora de nosso controle.

No momento em que distribuíamos o único material de campanha pelo Correio, o qual deveria chegar junto com o envelope eleitoral, este, o Correio, entrou em greve. Não sabemos até agora a extensão do estrago, sabemos somente que os argentinos abriram champanhe e trocaram brindes na certeza de uma vitória ampla. O que fazer? Procuramos reagir utilizando o telefone e a internet, mas talvez todo esse esforço tenha resultado inútil se o voto não chegou na casa de nosso eleitor. Sabemos que um bom número não chegou ou chegou tarde demais.

No próximo dia 15 começa a contagem dos votos na Itália. Qualquer de nossos companheiros do PD que alcançar uma vaga, no Brasil ou nos outros países da América do Sul, estará conquistando uma vitória para o Partito Democrático.

Continuarei trabalhando, buscando com vocês a necessária igualdade de tratamento aos italianos que residem no exterior, pois, como disse e repito, não somos, aliás, nunca fomos, italianos de 2ª categoria.