A ‘Cucagna de Carlin’: Livro tem ciclo de lançamentos a partir do dia 27

Uma infância tranquila no povoado de Conceição da Linha Feijó, com brincadeiras na praça, subir em árvores, inventar histórias imaginando personagens e aventuras, aliada a leitura de livros da biblioteca da escola, revistas e gibis fez com que Maria Izelda Frizzo tomasse gosto pela escrita.

A partir disso, ela juntou com as histórias que cresceu ouvindo e criou um personagem que se chama Carlin, um menino que escutava as conversas e via os fatos e vivências cotidianas de famílias e moradores de Doardina, uma colônia de imigrantes italianos no período pós imigração para produzir o livro La Cucagna de Carlin (A Fortuna de Carlin).

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O livro será lançado no dia 27 de setembro, às 9h, na comunidade de Conceição da Linha Feijó; no dia 04 de outubro, às 14h, na Galeria da Casa de Cultura “Bilinguismo – La Cucagna de Carlin” e no dia 05 de outubro, às 16h, com sessão de autógrafos, no Espaço 1 da Feira do Livro de Caxias do Sul.

A obra é financiada pelo Financiarte – Edital 184/2024 e conta com 16 contos apresentados em Português e no Talian, língua reconhecida como Referência Cultural Brasileira, em 2014, pelo Ministério da Cultura, MinC, e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. A intenção da autora foi aproximar o mais possível a experiência da leitura dos personagens protagonistas e de fazer deste livro uma homenagem a todas as pessoas que deixaram a herança de seu trabalho e suas obras. O livro conta com as ilustrações de Pedro H. Borg que trazem um colorido e ainda mais identidade para as histórias.

A base da pesquisa da escritora são os escritos deixados por um antigo morador da localidade de Doardina (atualmente Conceição da Linha Feijó), chamado Carlin Fabris, bem como relatos orais coletados de moradores locais. “É importante dizer que este livro não é uma biografia de Carlin Fabris. É só uma expressão das emoções e experiências de pessoas da localidade, durante e depois da chegada dos imigrantes italianos e de todos aqueles que carregam no coração um profundo respeito pelas pessoas que nos precederam e que fizeram a nossa história tão rica e bela”, explica a autora.

Os livros serão destinados para as escolas públicas do município de Caxias do Sul, priorizando as comunidades rurais e que tem a cultura da italianidade como identidade histórica. A autora realizará a apresentação de alguns contos do livro em escolas da Rede Municipal. A primeira a receber a atividade foi justamente a Escola Carlin Fabris, de Conceição da Linha Feijó, local que tem como patrono o ilustre morador e historiador e onde a autora foi alfabetizada e trabalhou como professora. Graduada em Filosofia Licenciatura pela UCS, Especialista em Gestão de Ensino na Educação Básica e em Ética e Filosofia Política, Maria Izelda atuou na rede municipal como orientadora pedagógica das escolas do meio rural de Caxias do Sul e na direção de escolas. Possui vários artigos publicados em jornais, revistas e livros.

“A escrita para mim representa uma ação que transcende a simples comunicação de algo, porque nessa ação estão presentes a nossa história e os nossos valores”. – Maria Izelda Frizzo.

Quem foi Carlin Fabris? – Carlos Fabris, conhecido como Carlin, nasceu em 25 de julho de 1889. Seus pais eram Vittorio Fabris e Maria Paternoster, imigrantes italianos. Ele faleceu no dia 28 de maio de 1975, com oitenta e seis anos. Sua mãe era professora e o seu pai era um ferreiro muito habilidoso com ferramentas agrícolas. Ele nasceu e cresceu junto com o povoado de Conceição da Linha Feijó, que se desenvolvia muito rápido para atender as necessidades dos colonos estabelecidos na região.

A Ferraria dos Fabris era muito famosa e Carlin cresceu aprendendo o ofício com seu pai e ao mesmo tempo, ele aprendia com seus genitores a gostar de ler. Carlin casou-se com Augusta Rossato e eles tiveram oito filhos: Vitório, Dolores, Benito, Gema, Getúlio, Helena, Evaristo e Josefina. Carlin passou a sua juventude em Conceição. Quando casou, mudou-se para Forqueta, depois retornou a Conceição para trabalhar na “Feraria Comércio de Feramente” junto com seu pai. Depois de muitos anos ele foi morar com seus filhos em Galópolis onde permaneceu até o fim de sua vida.

Entre todas as suas ações na comunidade de Conceição da Linha Feijó, ele foi uma liderança em questões políticas junto ao “Juizado Eleitoral” da cidade de Caxias do Sul, foi também um dos conselheiros do Patronato Imaculada Conceição, uma sociedade católica relacionada à Paróquia e aos padres Josefinos.

Ele era um católico praticante convicto e se destacou na construção do Seminário dos padres da mesma congregação. Carlin também fundou uma Biblioteca Rural em Conceição da Linha Feijó: Biblioteca Dr. Alceu Barbedo. A biblioteca continha uma bela e grande coleção de livros e também recebia jornais e revistas. Por ocasião do Cinquentenário da Imigração Italiana em Caxias do Sul, Carlin teve a ideia de fazer um Monumento, feito com pedras talhadas à mão, na praça de Conceição.

O professor e escritor José Clemente Pozenato (2003, p.19), escreve sobre Carlin: Escrito em português com fortes interferências morfosintáticas do italiano, mesclado com passagens em dialeto de tipo vêneto, o texto de Carlin Fabris teve como destinatário original o padre da localidade, que lhe pediu que escrevesse o que sabia sobre a história da paróquia. Essa proximidade com o interesse do clero não impede, contudo, que o texto transcende esses limites para oferecer uma interpretação de todo processo cultural da imigração italiana, personalizada numa pequena comunidade rural.

Carlin deixou num simples caderno na língua falada na colônia, misturada com português, os escritos sobre a história de Conceição (Istoria de Conceição) que representa um importante documento histórico e linguìstico da nossa cultura, estudado e também utilizado como uma referência para os pesquisadores.

O texto manuscrito mencionado foi publicado pelo professor da Universidade de Caxias do Sul, Luis A. De Boni, no livro La Mérica (1977). Carlin faleceu antes da sua publicação. Acredita-se que Carlin foi o autor de outro texto importante: a letra da música “La morte dei fratelli Biondo” que, comovido, conta sobre a dor de uma mãe que perde dois filhos assassinados pelos soldados, próximo a Ana Rech.

No ano de 1984, a comunidade de Conceição da Linha Feijó, solicitou ao Poder Público que a Escola Municipal 25 de Agosto, trocasse de nome para Escola Municipal Carlin Fabris, como uma forma de render uma homenagem digna ao ilustre habitante e historiador.


Equipe do Projeto “La Cucagna De Carlin”
Escritora: Maria Izelda Frizzo lustrador: Pedro H. Borg
ingua Portuguesa: Dinarte Albuquerque Filho
Revisores da Lingua Talian: Juvenal Dal Castel, Loremi Penkal, Valter Buffon
Produção e Edição de Fotos: Marina de Conto insa: Margô Segat
Intérprete de Libras: Move Linguas
Contador: Juarez Barazetti
Produção: Clerí Pelizza
Contadoras de História: Maria Izelda Frizzo e Luana Marascal