Cidadania: Tajani volta à carga mas não cita latinoamericanos. “Apenas querem um passaporte para viajar aos Estados Unidos”

Sem citar a América Latina ou os latinoamericanos, o vice-premiê da Itália e ministro das Relações Exteriores, Antônio Tajani, voltou à carga nas suas críticas a “pessoas de algumas partes do munto que tentam obter (sic) a cidadania italiana” iure sanguinis. Disse também que não vai recuar de sua proposta, referindo-se à posição de seu partido, o FI, que integra a coligação do atual governo, pelo ius scholae a filhos de imigrantes regulares que cumprirem pelo menos dez anos de escola regular.

“Nós não damos nenhum passo para trás”, disse Tajani, “porque acreditamos que é correto dar nossa opinião. Depois avaliaremos com nossos aliados se estão de acordo ou não”. O ministro foi muito criticado por sua última fala sobre o assunto, em que também  misturou os dois institutos: ius sanguinis e ius scholae.

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Para Tajani, que antes tinha se referido especificamente a conferir ius sanguinis a ítalo-descendentes da América Latina, “infelizmente há pessoas em algumas partes do mundo, que tentam obter (sic) a cidadania italiana, talvez sobrecarregando muitos pequenos municípios com suas solicitações e que não têm qualquer intenção de serem italianas, mas querem apenas um passaporte comunitário, talvez para viajar aos Estados Unidos ou viajar a outros países de maneira mais fácil”.

A nova fala de Tajani ocorreu na última sexta-feira (06/09), no primeiro dia dos trabalhos do Forum de Cernobbio 2024, realizado em Villa d’Este, Lago de Como. A mídia italiana deu ampla cobertura às declarações do ministro (o vídeo que acompanha esta matéria é uma edição de vídeo da agência Ansa para incluir suas palavras em português), incluindo a versão em português da agência que replicou o tema, sem, entretanto, o vídeo.

Segundo a Ansa, após Cernobbio, o ministro teria outra vez se referido especificamente aos latinoamericanos: “Mais tarde, em um evento político em Rimini, o ministro também criticou pessoas que não falam uma palavra de italiano, vivem no exterior, mas querem apenas, em alguns países da América do Sul, o passaporte italiano porque é europeu, e é mais fácil para ir aos Estados Unidos. É preciso dar a nacionalidade a quem realmente a merece e a quer, destacou.”

O jornal on-line La Voce assim escreveu: “No primeiro dia de trabalhos do Fórum de Cernobbio 2024, em andamento na Villa D’Este, no lago de Como, foi a vez do Ministro das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional, Antonio Tajani, o qual retomou a questão amplamente debatida da cidadania italiana para estrangeiros, que pressionou o governo Meloni neste verão.

Tajani anunciou uma proposta de lei que combina o ius scholae e o ius sanguinis. “A questão da cidadania deve ser tratada em sua totalidade, não daremos nenhum passo atrás”, declarou, acrescentando que Forza Italia está preparando uma proposta de lei que será discutida com os aliados do centro-direita. Tajani reiterou a necessidade de uma análise econômico-social para os imigrantes regulares”.

O vídeo original da Ansa pode ser visto aqui ; outro vídeo com as declarações de Tajani pode ser visto também aqui, em outra versão.