O embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, sai em apoio ao movimento de SC e ES. (Foto Desiderio Peron / Revista Insieme)

O movimento pela instalação de consulados italianos nos Estados de Santa Catarina e do Espírito Santo  acaba de ganhar um poderoso aliado: o embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini apoia “plenamente” a idéia de “reforçar a presença consular italiana” nos dois Estados que ostentam os maiores percentuais de ítalo descendentes em relação à sua população.

A manifestação do Embaixador foi feita num comentário à matéria publicada dia 9 último pela  Ansa-Brasil, sob o título “SC e ES se unem para ganhar consulados da Itália”. “Rafforzare la presenza consolare italiana a Santa Caterina e Espirito Santo – escreveu Tonio [o apelido do diplomata] Bernardini – è una idea che sottoscrivo pienamente” (Reforçar a presença consular italiana em Santa Catarina e Espírito Santo é uma ideia que subscrevo plenamente”).

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Entretanto, o Embaixador acrescenta que isso “não é uma questão de 300 euros”, pois a cidadania italiana, segundo ele, “não é um libreto de passaporte, é muito mais!”  (Ma non è una questione di 300 euro: la cittadinanza italiana non è un libretto di passaporto, è molto di più!). A referência aos 300 euros tem a ver com a “taxa da cidadania” que a Itália vem cobrando já há três nos sobre cada processo de reconhecimento da cidadania por direito de sangue.

Os ítalo descendentes dos dois Estados têm muitas queixas contra o atendimento consular, que depende, no caso de Santa Catarina, de Curitiba e, no caso do Espírito Santo, do consulado que tem sede no Rio de Janeiro. “Se pegarmos um morador de uma cidade chamada Palmitos, que tem uma das maiores densidades de população italiana, ele terá que viajar mais de mil quilômetros para ir a Curitiba por um simples atendimento”, disse à agência italiana Ansa o conselheiro da Câmara de Comércio e Indústria Italiana de Santa Catarina, Diego Mezzogiorno.

“Se uma pessoa precisa pagar 300 euros e o estado não oferece estrutura alguma, significa que o catarinense está financiando o consulado”, disse Mezzogiorno. Ele disse ainda que, caso os consulados reivindicados não sejam instalados, deveriam pelo menos ser criados ‘sportellos’, como existem nos Estados Unidos, que são como uma “espécie de agência consular do Consulado Geral.” e que “têm funcionários do próprio consulado” e onde é possível receber documentos que são enviados ao Consulado Geral e “depois retornam para o ‘sportello'”.

A matéria publicada pela Ansa dá sequência à campanha iniciada por Mezzogiorno em conjunto com lideranças ítalo brasileiras do Espírito Santo. Segundo ele, os dois Estados se uniram por um objetivo comum, dada semelhança da realidade de ambos. Recentemente, Mezzogiorno esteve com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, que apoiou a iniciativa. No Espírito Santo está à testa do movimento o presidente da Casa d’Itália em Vitória, Cilmar Franceschetto.

Segundo a notícia da Ansa, no próximo dia 25, Mezzogiorno falará da tribuna da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, quando o parlamento de ambos os Estados deverão aprovar moção de apoio ao Itamaraty e ao governo italiano.

Pelo menos em Santa Catarina, o movimento pela instalação de um consulado italiano em Florianópolis é coisa antiga e já rendeu debates apaixonados entre as diversas correntes políticas no seio da comunidade ítalo catarinense. Na última eleição parlamentar italiana, a então candidata Renata Bueno tinha o consulado de Florianópolis em sua plataforma de campanha, e, depois de eleita, foi cobrada por isso, embora depois não tenha mais falado sobre o assunto. Recentemente, o vice consulado honorário de Florianópolis foi alçado à categoria de “Consulado Honorário” sem contar, entretanto, com a estrutura necessária ao funcionamento adequado e sempre dependente do Consulado de Curitiba.