Para uma visita sobre cuja agenda ainda nada foi divulgado, está chegando ao Brasil o ministro italiano Angelino Alfano, das Relações Exteriores e Cooperação internacional. Segundo consta, o visitante participará de um jantar, na noite quinta-feira (22) na sede da Embaixada da Itália, em Brasília e, no dia seguinte, irá a Belo Horizonte para a inauguração da nova sede do Consulado da Itália em Minas Gerais, já há alguns meses em funcionamento. Há informações não confirmadas de que Alfano deverá também passar por São Paulo.

A vinda de Alfano ao Brasil, na verdade, foi anunciada em primeira mão pelo funcionário licenciado da Embaixada da Itália em Brasília, Pasquale Matafora, durante o debate entre os candidatos ao Parlamento italiano, na noite de quinta-feira última, transmitido a partir do estúdio da TV Câmara. No evento, organizado pela Fundação Nacional Ítalo-Brasileira (em formação) e Revista Insieme, Matafora, que é candidato a deputado pelo PD – Partido Democrático, disse que Alfano viria “na próxima semana” ao Brasil trazendo o dinheiro, “para ficar bonito na foto”.

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O candidato Matafora respondia a uma pergunta da também candidata Silvana Rizzioli (LeU) sobre “onde está o dinheiro?”. Ela se referia aos 30% dos valores arrecadados pelos consulados com a “taxa da cidadania”, em vigor desde 8 de julho de 2014, mas que até agora, apesar das inúmeras promessas e anúncios, não chegaram aos consulados que nesse tempo arrecadaram, segundo algumas estimativas, cerca de 16 milhões de euros, equivalentes a cerca de 64 milhões de reais.

Informações sobre a visita do ministro italiano não foram encontradas nem no site da Embaixada, nem no site da Farnesina (a sede do Ministério das Relações Exteriores), que divulga todas as missões oficiais. Entretanto, o ex-deputado Fabio Porta confirmou a Insieme, no final da tarde, que está convidado, tanto para o jantar, quanto para a inauguração de Belo Horizonte. Ele, que é candidato ao Senado pelo PD – Partido Democrático, se encontrava em Maracaibo, Venezuela, fazendo campanha, assegurou não ter mais informações sobre o objetivo da viagem do embaixador. “Ouvi falar que ele vai também a São Paulo”, disse Porta.

Segundo ele, “é sempre importante” a visita de um ministro do governo italiano ao Brasil, onde vive a maior comunidade itálica do mundo. “Espero – disse ele que ele venha com o dinheiro que estamos esperando”, que existe mas está travado pela burocracia. Segundo Porta, “se esse dinheiro chegar agora ou mesmo após as eleições até seria melhor, para evitar exploração política”. “Mesmo assim – assegurou Porta – vou exercer a minha função de parlamentar e vou cobrar. É um absurdo que uma lei aprovada no final de 2016 até hoje não esteja sendo cumprida”.

Para Porta, é possível também que Alfano acabe tratando com autoridades brasileiras sobre um velho e recorrente tema: a extradição de Cesare Battisti, condenado pela Justiça italiana e mantido no Brasil por decisão tomada no apagar das luzes do governo Lula. Outro tema que Porta disse que pretende tratar com Alfano durante sua visita ao Brasil é a instalação “já concordada inclusive pelo embaixador Antonio Bernardini”, dos consulados italianos no Espírito Santo e Santa Catarina.

O ministro Alfano, segundo algumas fontes, deverá continuar ministro mesmo após as eleições, durante o período em que a Itália deverá decidir como ficarão no caso de nenhuma das coligações obterem maioria para formar o novo governo. Ele, entretanto, não é candidato a nada nestas eleições em curso e, segundo o ex-deputado Ricardo Merlo, candidato ao Senado pelo Maie – “Movimento Associativo Italiani all’Estero”, neste momento, sua visita tem muito pouco significado.

Veja o debate travado pelos candidatos ao Parlamento Italiano na íntegra.