A digitalização de todos os documentos existentes ainda em papel nos consulados italianos no Brasil é uma das tarefas atuais que visam a melhoria dos serviços consulares, disse em Florianópolis, nesta segunda-feira que passou, o embaixador Antonio Bernardini, após participar de evento que marcou o início oficial dos serviços de coleta de dados biométricos para o encaminhamento de passaportes através do consulado honorário da capital de Santa Catarina.

“Este é um evento importante porque essa pequena inovação facilitará a vida de nossos concidadãos que poderão fornecer seus dados biométricos sem ter que ir a sedes mais distantes como a de Curitiba; eles poderão fazê-lo aqui em Florianópolis”, afirmou Bernardini em entrevista exclusiva a Insieme, durante a qual anunciou para as próximas semanas a inauguração da nova sede consular do Recife.

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Bernardini, que não viu o equipamento funcionar porque, segundo o cônsul honorário Attilio Colitti, houve um problema repentino de conexão segura (resolvido no dia seguinte), frustrando alguns convidados que ali foram especialmente para a coleta de seus dados biométricos, falou também sobre a reivindicação dos Estados de Santa Catarina e do Espírito Santo pela instalação de um consulado italiano: “há um problema de recursos”,  disse o embaixador, acrescentando que “por ora estamos diante de uma tomada de consciência, seja da parte do governo da Itália, seja, naturalmente também da parte das autoridades brasileiras sobre a necessidade de um melhor serviço consular” para essas comunidades.

A solenidade aconteceu num restaurante vizinho ao hotel onde funciona o escritório consular comandado por Colitti, situado à avenida Luiz Boiteux Piazza 2973, em Praia da Cachoeira do Bom Jesus, norte da ilha de Florianópolis. Estavam presentes, além do Embaixador, o cônsul geral Raffaele Festa e todos os agentes e correspondentes consulares do Estado, inclusive alguns já aposentados, como Moacir Bogo, José Campestrini e Sergio Luiz Bortoluzzi.

Após a solenidade de Florianópolis, o embaixador foi a Joinville, onde participou da inauguração da nova sede da agência consular daquela cidade que sai da sede do Círculo Italiano para o sexto andar do Edifício Everest (Rua Dona Francisca 1.113 , sala 602) – centro da cidade. A mudança, segundo o ex-agente consular Moacir Bogo, aconteceu por imposição do cônsul Raffaele Festa, após indispor-se com o conselheiro do Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ do PR/SC, advogado Elton Stolf, que tem escritório de advocacia também dentro do Círculo. Responde pela agência consular, na sucessão de Moarcir Bogo, o advogado João Martinelli.

O advogado João Martinelli e esposa entre o embaixador Antonio Bernardini e o cônsul Raffaele Festa, no corte da fita que deu por inaugurada a nova sede da agência consular irtaliana de Joinville-SC (Foto Desiderio Peron / Revista Insieme)

Segundo anunciou na oportunidade o cônsul Raffaele Festa, a partir de novembro próximo, a agência consular de Joinville voltará a aceitar a documentação relativa a pedidos de reconhecimento da cidadania italiana “iure sanguinis” por parte de descendentes de imigrantes italianos da região. Além de empresários e de agentes consulares de regiões próximas, entre outros outros convidados prestigiou o evento também o prefeito de Joinville, Udo Döhler.

A seguir, transcrevemos a íntegra das palavras do embaixador Antonio Bernardini no vídeo que postamos: “Estamos hoje em Florianópolis para um evento muito significativo. Está sendo inaugurado o serviço de coleta de dados biométricos que funcionará na sede do Consulado Honorário. É um evento importante porque essa pequena inovação facilitará a vida de nossos concidadãos que poderão fornecer seus dados biométricos sem ter que ir a sedes mais distantes  com o aquela de Curitiba. Poderão fazê-lo aqui em Florianópolis.  Isto faz parte de um programa que estamos desenvolvendo para melhorar os serviços consulares. Um idêntico serviço está funcionando em Londrina e também em outras partes do Brasil.

Estamos programando o aumento do uso dos recursos da tecnologia da informática e isto significa para muitos concidadãos poder desenvolver uma serie de atividades diretamente de suas casas, sem ter que se dirigir às sedes consulares. Estamos apenas no início. Há muito, muito trabalho por fazer.

Estamos agora trabalhando para programar a digitalização de todos os arquivos. É uma coisa fundamental passar do papel ao dado informático. É uma passagem necessária. Também isto dentro da lógica de sempre melhorar  os serviços para os concidadãos. Tudo isso será feito nos próximos meses. Tenho o prazer também de anunciar que dentro de poucas semanas será inaugurada a nova sede do Consulado do Recife. Também isto para tornar os serviços mais adequado ao decoro de nosso país, com sedes consulares adequadas. Assim, vamos adiante.

Obviamente o compromisso que temos pela frente é árduo, porque não podemos nunca esquecer que temos uma comunidade com números muito elevados, onde o número de oriundos chega a quase metade da população italiana. Assim, para melhorar até um grau de satisfação, o trabalho por fazer é grande e temos necessidade daquele mix entre novas tecnologias e recursos humanos que nos permita diminuir os problemas que até agora temos enfrentado. Sobre o lado dos recursos humanos, obviamente há ainda muito o que fazer. Precisamos de mais pessoal para poder enfrentar de forma satisfatória as reivindicações da comunidade italiana no Brasil.

Melhorar os serviços consulares significa também colocar as bases para uma melhor atividade na comunidade italiana sobretudo no que diz respeito promoção cultural.

Existe um grande interesse pela cultura italiana, pelo conhecimento da língua e da cultura italiana, que é um patrimônio grande nosso que deve ser defendido e incrementado e também no que diz respeito à promoção das atividades econômicas e comerciais que constituem uma parte sempre ativa e dinâmica no relacionamento entre a Itália e o Brasil. Portanto, grande otimismo para o futuro. Vamos adiante assim, conscientes, porém, que a situação não é fácil.  Não quero absolutamente passar uma mensagem de otimismo injustificado. As dificuldades existem. E não são de soluções fáceis. Boa vontade existe, entretanto,  e não falta de nossa parte nossa para procurar melhorar a situação.

No que diz respeito a Santa Catarina e Espírito Santo, acredito que seja necessário dizer duas palavras sobre um projeto que eu mesmo apoiei e eu mesmo propus, de aumentar a presença e a estrutura consular nesses dois Estados brasileiros que têm  uma comunidade italiana consistente. Creio que a proposta – incluindo Roma  – pela sua validade diante dos números relevantes… porém é obvio que aqui  sempre existe aquele problema dos recursos humanos. Abrir uma estrutura não significa colocar uma placa na porta, mas significa ter pessoal que possa administrar o relacionamento com a comunidade e prestar serviços. Quando esta grande carência de pessoal for resolvida, estou certo que estas duas reivindicações serão consideradas positivamente. Não somente consideradas, poderão ser realizadas, porque consideradas já existe.

O problema é que faltam recursos humanos  para poder realizá-las. Seguramente um dado muito positivo é a disposição das autoridades brasileiras de Santa Catarina e do Espírito Santo que me manifestaram mais vezes seu interesse pela abertura dessas estruturas consulares. Não apenas isso: colocaram à disposição espaços para o funcionamento dessas estruturas. Assim, digamos: aguardamos que esse processo se desenvolva positivamente para o futuro. Por ora estamos diante de uma tomada de consciência, seja da parte do governo da Itália, seja, naturalmente também da parte das autoridades brasileiras sobre a necessidade de um melhor serviço consular para as comunidades italianas  de Santa Catarina e do Espírito Santo.”