Luis Roberto Lorenzato, coordenador da coligação centro-direita na América do Sul. (Foto Divulgação)

Reconhecimento automático da cidadania italiana “iure sanguinis” aos ítalo-descendentes e distribuição dos recursos da “taxa da cidadania” aos consulados honorários e agências consulares, para a descentralização dos serviços consulares. São duas propostas que o empresário e advogado Luis Roberto Lorenzato, de São Paulo, está colocando em debate nesta campanha para a renovação do Parlamento Italiano.

Ele é candidato à Câmara pela coligação de centro-direita, sob o comando de Salvini (Lega Nord), Berlusconi (Forza Italia) e Meloni (Fratelli d’Italia), em dobradinha com os também brasileiros Cesare Villone (Câmara) e Luiz Osvaldo Pastore e Andrea Dorini (Senado). Seus nomes apareceram no cenário eleitoral em curso bem pouco antes do encerramento do prazo final para as candidaturas.

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Lorenzato, que é coordenador da coligação em toda a América do Sul, é um antigo conhecido dos telespectadores brasileiros, principalmente de São Paulo, pois durante cerca de dois anos apresentou programa voltado especificamente ao público ítalo-brasileiro. Ele rebate veementemente as informações disseminadas ultimamente segundo as quais sua corrente política seria contra os direitos dos ítalo-descendentes. O direito de voto – argumenta ele – aos italianos no mundo foi iniciativa e luta de Mirko Tremaglia, de direita, que chegou a ser o único Ministro Para os Italianos no Mundo durante o governo de Berlusconi.

As eleições italianas acontecem na Itália dia 4 de março, mas no exterior, como o voto é por correspondência, o processo se inicia já após o carnaval. Os votos, para serem computados, precisam estar de volta nos consulados até as 16 horas do dia primeiro de março. Veja a seguir, na íntegra, a entrevista exclusiva de Lorenzado ao portal Insieme:

Quem é Lorenzato?

É o candidato da Lega [Nord] na coalizão de centro direita, porque acredita que a verdadeira riqueza da Itália são os 60 milhões de italianos por direito de sangue “jus sanguinis” que vivem particularmente no Brasil são bem qualificados na classe média brasileira e podem criar um verdadeiro relacionamento com a patria mãe nossa Itália investindo, realizando negócios e até o sonho de ter a “prima casa” na Itália e assim garantir a identidade cultural e histórica do povo italiano.

Lorenzato é um dos principais promotores da Itália no Brasil, já organizou vários eventos para a promoção econômica e social dos dois países. Ao longo dos últimos cinco anos, ele trouxe mais de 500 empresários para a Itália buscando parcerias. Ele promoveu a cultura, a economia e a língua italiana no Brasil através da TV: durante dois anos foi apresentador de um programa de televisão chamado Conexão Italia na Band Canal 21 e na Rede Record TV Mulher para estimular as relações culturais e sociais entre o Brasil, a Itália e os países onde a comunidade italiana está presente na América do Sul.

Seu nome completo é Luis Roberto de San Martino-Lorenzato da Ivrea, nascido em 03.05.1971, em Orlandia-SP, transcrito na cidade de Roma, Itália (por “jus sanguinis” é italiano e por “jus soli”, brasileiro). É advogado, empresário e apresentador de televisão, casado com a Michelle Toscano Lorenzato na cidade de Montagnana, província de Pádova, na Itália. É formado em ciências jurídicas e sociais na Universidade de Ribeirão Preto-SP, membro da OAB com registro nas seções de São Paulo e Minas Gerais. Residente de Villa Lorenze, Riberão Preto-SP. Foi membro do Conselho Superior de Responsabilidade Responsabilidade Social – Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Pauo) e do Conselho de Relações Internacionais da OAB-SP. Preside o Conselho de Administração da Fundação Lorenzato e a Vinícola Marhese di Ivrea. Foi condecorado com a Medalha de reconhecimento do Ministério dos Italianos no Mundo no Ministério das Relações Exteriores da Itália. É Comendador da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém – Vaticano, e Cavaleiro da Ordem Soberana Militar de Malta – Roma; recebeu a Medalha de Reconhecimento da Universidade de Pádua, Itália; a Medalha de prata da Câmara de Comércio e Indústria da Província de Pádua; e a Bênção apostólica concedida por Sua Santidade o Papa João Paulo II, além da Moeda de Euro e Prata concedida por sua Santidade o Papa Franciesco. Tem Placa de reconhecimento do município de Pádova.

Que o motiva a candidatar-se ao Parlamento Italiano?

A gota d’água foi a tentativa insana do último governo da Itália, do PD (esquerda), que tentou, na calada da noite, enfiar uma emenda constitucional que mudaria a lei da cidadania baseada hoje no princípio do “jus sanguinis”. Isso é um absurdo e somente por isso me candidatei. Se for eleito, não deixarei que essa mudança que é “projeto de governo da esquerda” prosperar!

Por qual razão escolheu a coligação de centro-direita e por que isso ocorre praticamente à última hora?

Pela clara identificação que as ideologias de esquerda não funcionaram em lugar algum. Vejamos na Argentina e no Chile, que votaram pelo centro-direita e pela triste situação social que a esquerda causou nos milhões de famílias italianas (2,5 milhões de pessoas) que vivem na pobreza e a clara preferência pelos extra comunitários “ilegais e até clandestinos” que recebem maior proteção do Estado do que é oferecido aos italianos! Primeiro os italianos!

Algumas correntes políticas dizem por aí que Salvini e Berlusconi são contra os italianos no exterior, que com eles perderíamos “direitos”. Que diz disso?
Isso é mentira ou, melhor, desespero. Pois foi no governo de Berlusconi (direita) que o Ministro para os Italianos no Mundo Mirko Tremaglia (direita) aprovou exatamente a Lei Tremaglia que nos deu representação no Senado e na Câmara dos Deputados! Quem tem projeto e plano de governo para prejudicar os italianos no mundo é a esquerda, visto que de forma insana um senador italiano nascido na Suíça, assim como nós nascidos fora da Itália, tentou de forma subrepticia enfiar uma emenda constitucional para mudar a Lei da cidadania e ai, sim, impor restrição aos direitos dos cidadãos italianos no exterior.
Esse mesmo governo que considera os imigrantes ilegais e clandestinos uma verdadeira riqueza da Itália, assim cospe na cara dos milhões de italianos no mundo que compram o ‘Made in Italy’, que fazem turismo na pátria mãe, que amam a Itália e não são ouvisos e nem atendidos com digninidade no quesito das cidadanias italianas. Nós nascemos italianos, e quem tem que provar que não somos italianos são os consulados, apresentando as eventuais renúncias e até interrupção da nacionalidade pela naturalização de um ancestral.

Com que argumentos está pedindo a confiança dos eleitores?

Para definitivamente fazer valer nossos direitos, os consulados que provem que não somos italianos e, não conseguindo, então que concedam nossos passaportes Italianos e nos deixem exercer nossos direitos e obrigações!

Qual sua visão sobre a comunidade ítalo brasileira em seus diversos aspectos (social, cultural, econômico, etc)?

A comunidade ítalo brasileira é o resumo do há de melhor na vida social, cultural com grande nomes das artes sem a necessidade de citar nomes e os mega-empresários de origem italiana que poderiam fomentar as relações bilaterais em pé de igualdade e com as mesmas condições aplicadas na Itália. Somos uma potência italiana fora da Itália!

Quais são nossos principais problemas, a seu ver?
Falta de valorização dos ítalos descendentes por parte das autoridades; a fragilidade dos sistemas consulares que foram, de propósito, centralizados para criar dificuldades. Nós temos vários vice-consulados fundados desde o final do século 19 e agências consulares que poderiam funcionar efetivamente em todo o território brasileiro e, assim, ficar perto do cidadão, mas que hoje são meramente honorários.

Quais suas propostas de trabalho e compromissos?

1 – Impedir a mudança da lei de cidadania pelo direito de sangue, “jus sanguinis”; 2 – garantir os benefícios que brasileiros com a cidadania italiana têm direito, entre eles: cursar universidades na Itália, de graça e sem vestibular; contribuir com a previdência italiana e se aposentar num prazo de quatro anos; importar produtos e máquinas com juros especiais de um banco de desenvolvimento italiano; comprar a “ prima casa” na Itália com juros subsidiados de 0,8 a 1,0% ao ano; contar com atendimento gratuito nos melhores hospitais italianos do país; 3 – Obter [o reconhecimento da] cidadania italiana de forma automática, uma vez que não exista a interrupção por renúncia desde o bisavô até os requerentes; 4 – Criar uma ouvidoria para atender reclamações e sugestões sobre os serviços que devem ser prestados pelos Consulados italianos. 5 – Promover um canal de comunicação entre nós, representantes no Parlamento italiano, e vocês, eleitores da comunidade ítalo-brasileira. 6 – Estabelecer um acordo de cooperação entre hospitais públicos italianos e brasileiros para atendimento da população e para a troca de tecnologias e formação de profissionais de saúde.

Que pensa especificamente sobre as chamadas “filas da cidadania” e sobre a “taxa da cidadania”, cobrada por um direito de sangue?

As taxas só seriam justificadas se contratassem funcionários oficiais, cidadãos ítalo-brasileiros, para atender nos vice-consulados e nas agências consulares em todo o Brasil, ou seja para aumentar a rede de atendimento e para que as pessoas declaradas carentes tivessem total isenção de todas as taxas e, ainda, o pagamento das traduções e legalizações com os valores desse fundo!

Para quem já é cidadão italiano reconhecido, agora existem também as filas para o passaporte. Que diz disso?

Um vergonha, pois foi a centralização pelos consulados gerais e falta de digitalização dos processo que criaram esse monstro e esse caos!

Entende que um parlamentar poderia influir positivamente inclusive na nomeação de cônsules e embaixadores mais sensíveis a nossos problemas?

Obviamente. Como a Itália tem o sistema parlamentarista, é necessário ter um corpo diplomático alinhado com as diretrizes do governo. Se não está bem a prestação de serviços diplomáticos no Brasil, essa é portanto a política do último governo de esquerda que dita as diretrizes!

Números atestam que a alegada deficiência da estrutura consular na América Latina não decorre da falta de dinheiro. Os consulados se auto financiavam já antes da taxa da cidadania. Onde está a falha?

Na centralicação [dos serviços] nos consulados gerais, não deixando os vice- consulados e agências consulares operarem!

Afirma-se que na área cultural e da difusão da língua italiana também andamos de ré nos últimos anos. Concorda com isso?

Sim. Ninguém que passou pela Câmara ou Senado fez alguma coisa!