A logomarca da Confsal-Unsa desde 1954. (Reprodução)

Em longa “carta aberta” ao senador Ricardo Merlo, a entidade sindical que congrega boa parte dos funcionários do Ministério das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional que trabalham fora da Itália pedem ao novo “Sottosegretario agli Esteri” com provável delegação para os Italianos no Exterior que ele, entre outras coisas, resolva urgente o problema do “Prenota Online” que classifica como uma “catástrofe”. “Os funcionários da rede consular atuam há anos como pára-quedas, como “bodes expiatórios” diante da ira – muitas vezes justificada – de usuários exasperados”, assinala o documento sindical.

“Estamos cansados – dizem os signatários – de ler entusiasmados anúncios de inovações tecnológicas visando à informatização e à desmaterialização dos serviços consulares”, “passamos do ‘Totem’, do senador Mantica ao Serviço Consular Online – Secoli) até chegar à catástrofe do ‘Prenota Online’”. Observam ainda que, além do fechamento de 37 sedes no exterior com a ‘Spending Review’, “somos poucos, cansados, oprimidos e nem mesmo nós, que todos os dias trabalhamos naquelas sedes estrangeiras sob críticas, conseguimos fazer “nozze con i fichi secchi”.

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Na carta, os subscritores dizem que “está na hora de rever o papel dos cônsules” que devem deixar de promover a enésima “settimana della cucina italiana” ou “serata del libro italiano” ou “pomeriggio della scienza italiana”, pois os cidadãos “têm necessidade de serviços rápidos e eficientes, de proteção e suporte”, pois o resto “pode ser delegado”. “Esses serviços – observam – não são do Estado. A publicidade da massa e dos tomates pelados que volte a ser competência direta de quem massa e tomates pelados produz, e deixemos que a promoção do último livro venha a ser feita por quem livros imprime e vende com legítimo ganho”.

O documento é assinado pela Coordenação do Exterior da ‘Federazione Confsal-Unsa’ (Confsal quer dizer “Confederazione Generale Sindacati Autonomi Lavoratori”; Unsa quer dizer “Unione Nazionale Sindacati Autonomi” – NR), uma organização sindical independente, cujo representante para a América do Sul é Pasquale Matafora, funcionário há 26 anos na Embaixada da Itália em Brasília e que, durante as últimas, eleições foi candidato a deputado pelo Partido Democrático.

A entidade, segundo Matafora, não é ligada a qualquer partido, e agrega funcionários consulares, dos Institutos de Cultura e das Embaixadas que trabalham no exterior. “Nós realmente conhecemos bem a realidade dos consulados – explica ele -, a realidade do dia a dia, nós que é mantemos a luz do fogo do templo acesa; ao contrário dos funcionários e diplomatas que vem e que vão, nós continuamos firme trabalhando e somos vítimas também dos descasos e das dificuldades; somos como aqueles policiais militares do Rio de Janeiro que moram nas favelas e também sofrem com os outros” Veja a íntegra da carta na versão que demos em português:

“Onorevole Sottosegretario”, antes de mais nada, receba as nossas mais vivas felicitações pela sua nomeação ao cargo de ‘Sottosegretario degli Affari Esteri e della Cooperazione Internazionale’.

Achamos oportuno e devido informá-lo, neste novo papel político, sobre algumas nossas reflexões a respeito de assuntos que tocam de perto o futuro humano e profissional dos inscritos no Sindicato Confsal Unsa Esteri.

Pedimos sua compreensão por escolher chegar ao senhor usando uma “carta aberta”, mas consideramos correto envolver em nossas reflexões não apenas os associados de ‘, “Confsal Unsa Esteri’, mas também os numerosos simpatizantes e apoiadores que vivem e trabalham fora da Itália.

Nossa Coordenação tem o maior número de inscritos dentre as siglas sindicais ativas junto ao Maeci.

A maioria de nossos associados trabalha no exterior, junto às nossas Representações Diplomáticas consulares, Institutos Italianos de Cultura e, em grande parte, ali reside permanentemente com uma biografia semelhante àquela de todos os outros italianos que deixaram a Itália por motivo de trabalho.

São as diárias observações e solicitações desses inscritos que fazem de nosso Sindicato um observatório atento e permanentemente atualizado sobre as realidades italianas no exterior, realidades que dizem respeito às situações enfrentadas por fora e por dentro dos balcões dos consulados, das embaixadas e dos institutos de cultura.

Tratam-se de observações não isentas de preocupações, também à luz dos fortes desconfortos a que são submetidos nossos colegas, no quotidiano serviço de uma comunidade italiana no exterior em crescente aumento. Dificuldades que já se arrastam há quase uma década, na verdade a partir de quando, num único gople, foram fechadas exatamente 37 sedes no exterior sob a alegação da “Spending Review”.

Agora não se fala mais de “Spending Review”, mas foi a malfadada gestão e aplicação, até a sua imposição, a fazer amadurecer em nosso País a mudança radical das escolhas eleitorais que levaram à composição de um governo formado por novos grupos políticos.

Há oito anos, exatamente, a Comissão “Spending Review” indicava ao Parlamento que “Ela (leia-se rede consular) deve ser necessariamente reforçada naquelas áreas geográficas onde aumenta a presença de nossos concidadãos e onde aumentam os interesses italianos (de segurança, econômico-comerciais, linguistico-culturais), e moderada nas áreas onde tais interesses e nossa presença diminuem, ou onde estão em ação mecanismos comuns de proteção do cidadão (como a área da União Europeia), ou onde o processo de integração nas realidades locais parece estar maduro”.

Contrariamente a tais indicações, os governos que se sucederam nestes anos enfraqueceram a rede consular. E o fizeram exatamente naquela área UE onde aumenta a presença de nossos concidadãos, como o Reino Unido e a Alemanha, entre os primeiros países de nova emigração.

No que diz respeito à referência de então a “mecanismos comuns de proteção do cidadão” na área da União Europeia, está à bista de todos que era e permaneceu uma ilusão. Também as previsões da integração dos novos emigrados nas sociedades de recepção acabou por ser apenas uma quimera que que pretendia tornar supérfluas nossa presneça consular.

De fato, integrado ou não, cada um de nossos concidadãos, no interior da UE, deve obrigatoriamente dirigir-se a seu consulado para obter um documento de reconhecimento, para o exercício do direito de voto ativo e passivo, para casar, para registrar seu matriônio ou o nascimento de um filho.

Mas, com certeza, não seremos nós a obstacularizar um necessário enxugamento de nossas estruturas no exterior. E não seremos nós a dificultar a modernização de nossa rede consular, também graças ao emprego de novas e mais eficientes tecnologias.

Estamos, entretanto, cansados de ler entusiasmados anúncios de inovações tecnológicas visando à informatização e à desmaterialização dos serviços consulares. Com ênfase periódica passamos do “Totem”, do senador Mantica, imediatamente descartado nos armários do Mae, ao Serviço Consular Online – Secoli, até chegar à catástrofe do “Prenota Online”.

Anúncios que impressionaram a opinião pública, mas que ficaram sem monitoramento concreto com a incerteza sobre as formas de aplicação e, sobretudo, falsas uma vez que conjugadas com o contínuo diminuir dos recursos (sejam humanos ou financeiros) com os quais os consulados poderiam ter sido verdadeiramente re-modernizados.

As queixas dos concidadãos sobre as deficiências nos serviços consulares são justificadas (veja-se a página Facebook de Londres). A relação entre funcionários e usuários é claramente em detrimento de um serviço tranquilo e contínuo. Em palavras simples: somos poucos, cansados, oprimidos e nem ao menos nós, que todos os dias trabalhamos naquelas sedes estrangeiras sob críticas, conseguimos fazer “nozze con i fichi secchi” (literalmente “casamento com figos secos”, isto é, realizar algo com extrema economia – NR).

Os funcionários da rede consular atuam há anos como pára-quedas, como “bodes expiatórios” diante da ira – muitas vezes justificada – de usuários exasperados.

Há poucos dias, em nossa carta de congratulações ao novo ministro Moavero Milanesi, assegurávamos que a reorganização da rede consular é imperiosa e que há anos reivindicamos a criação de unidades periféricas, próximas às nossas comunidades no exterior, unidades realizáveis a custo zero com o auxílio das Autoridades locais, principalmente na área da UE.

Os novos fluxos migratórios compreendem também concidadãos jovens e altamente qualificados. Bem, também esses jovens que procuram um futuro além das fronteiras da Itália, atuando também como uma válvula de escape de um mercado de trabalho incapaz de absorve-los em casa, não podem submeter-se às portas fechadas de suas Representações consulares e diplomáticas.

Ao senhor, gentil ‘Sottosegretario’, também destacamos a inadequação, já amplamente comprovada, do emprego de Cônsules honorários nos centros de velho e nova imigração.

Pedimos-lhe uma forte intervenção sobre os líderes, chefes de repartições consulares, que em alguns casos mostram pouca sensibilidade em relação ao seus dever de reallização do bem-estar organizacional no local de trabalho, agora mais que nunca necessário em sedes sob assalto de concidadãos com mil necessidades ditadas pela vida de trabalhador no exterior.

Pedimos-lhe para ajudar a mudar a filosofia sobre a existência dos consulados, que deveriam voltar a ser postos de defesa e de proteção das comunidades italianas, com pessoal bem preparado graças a adequada formação, com a finalidade de enfrentar velhas e novas exigências de nossa italianidade no exterior.

Está na hora de rever o papel dos cônsules até agora empenhados principalmente na assim chamada defesa da imagem da Itália sob a forma da enésima “settimana della cucina italiana” ou “serata del libro italiano” ou “pomeriggio della scienza italiana”. Enfim, os concidadãos têm necessidade de serviços rápidos e eficientes, de proteção e suporte, tudo o mais pode ser delegado. Esses serviços não são do Estado. A publicidade da massa e dos tomates pelados que volte a ser competência direta de quem massa e tomates pelados produz, e deixemos que a promoção do último livro venha a ser feita por quem livros imprime e vende com legítimo ganho.

Sobre esses assuntos, seríamos gratos por toda forma de diálogo por nós defendido com veemência.

Desejamos-lhe bom trabalho e uma mão feliz na gestão das necessidades dos italianos no exterior, com a promessa de uma colaboração sindicalconstrutiva e leal.

Por favor, receba nossos melhores cumprimentos

Confsal Unsa – Coordenação do Exterior.”


“Onorevole Sottosegretario,

Le giungano, innanzitutto, le più vive felicitazioni per la Sua nomina a Sottosegretario degli Affari Esteri e della Cooperazione Internazionale.

Riteniamo opportuno e doveroso renderLa partecipe, in questo Suo nuovo ruolo politico, di alcune nostre riflessioni su argomenti che tangono da vicino il futuro umano e professionale degli iscritti al Sindacato Confsal Unsa Esteri.

Chiediamo la Sua comprensione per aver scelto di rivolgerci a Lei usando “una lettera aperta”, ma riteniamo giusto coinvolgere in queste nostre riflessioni non solo gli aderenti alla Confsal Unsa Esteri, bensì anche i numerosissimi simpatizzanti e sostenitori che vivono e lavorano oltre i confini del nostro Paese.

Il nostro Coordinamento conta il maggior numero d’iscritti tra le sigle sindacali attive presso il MAECI.

La maggioranza dei nostri aderenti lavora all’estero presso le nostre Rappresentanze diplomatiche, consolari, Istituti Italiani di cultura e, in gran parte, vi risiede stabilmente con una biografia simile a quella di tutti gli altri italiani che hanno lasciato il Paese per motivi di lavoro.

Sono le quotidiane osservazioni e sollecitazioni di questi iscritti che fanno del nostro Sindacato un osservatorio attento e perennemente aggiornato sulle realtà italiane all’estero, realtà che riguardano le situazioni di fronte e dietro gli sportelli dei consolati, delle ambasciate e degli istituti di cultura.

Si tratta di osservazioni non prive di preoccupazioni, anche alla luce dei gravi disagi cui sono sottoposti i nostri colleghi, al quotidiano servizio di una collettività italiana all’estero in crescente aumento. Disagi che ormai perdurano da quasi un decennio, ovvero da quando, con un colpo di spugna, furono chiuse ben 37 sedi estere sotto il Diktat della Spending Review.

Ora non si parla più di Spending Review, ma fu la sua maldestra gestione e applicazione, fino alla sua imposizione, a fare maturare nel nostro Paese il cambiamento radicale delle scelte elettorali che ha portato alla costituzione di un governo composto da nuove compagini politiche.

Otto anni fa, infatti, la Commissione Spending Review indicava al Parlamento che “Essa (leggasi la rete consolare) va necessariamente rafforzata in quelle aree geografiche dove aumenta la presenza di nostri connazionali e dove aumentano gli interessi italiani (di sicurezza, economico-commerciali, linguistico-culturali) e modulata nelle aree dove tali interessi e la nostra presenza sono in diminuzione, o dove ormai agiscono meccanismi comuni di tutela del cittadino (come nell’area UE), o dove il processo di integrazione nelle realtà locali appare ormai maturo”.

Contrariamente a queste indicazioni, i governi che si sono succeduti in questi anni hanno indebolito la rete consolare. E lo hanno fatto proprio in quell’area UE dove aumenta la presenza dei nostri connazionali, con il Regno Unito e la Germania tra i primi Paesi di nuova emigrazione.

Per quanto concerne il richiamo di allora a “meccanismi comuni di tutela del cittadino” in ambito dell’Unione Europea, è sotto gli occhi di tutti che era ed è rimasto un’illusione. Anche la previsione dell’integrazione dei nuovi emigrati nelle società di accoglimento si è rivelata solo una chimera che voleva rendere superflue le nostre presenze consolari.

Infatti, integrato o non integrato, ogni nostro connazionale, all’interno dell’Unione Europea, deve per forza recarsi al proprio consolato per ottenere un documento di riconoscimento, per esercitare il diritto al voto attivo e passivo, per potersi sposare, per registrare il proprio matrimonio o la nascita di un figlio.

Ma non saremo certo noi a ostacolare un necessario alleggerimento delle nostre strutture all’estero. E non saremo noi a ostacolare l’ammodernamento della nostra rete consolare, anche grazie all’impiego di nuove e più efficienti tecnologie.

Siamo però stanchi di leggere entusiastici annunci d’innovazioni tecnologiche mirate all’informatizzazione e alla dematerializzazione dei servizi consolari. Con periodica enfasi siamo passati dal “Totem” del Senatore Mantica, da subito dismesso nei ripostigli del Mae, al Servizio Consolare Online – SECOLI – fino ad arrivare alla catastrofe del “Prenota Online”.

Annunci che hanno fatto colpo sull’opinione pubblica, ma che sono restati privi di seguiti concreti con l’incertezza sui modi di applicazione e, soprattutto, falsi poiché accompagnati dal continuo assottigliamento delle risorse (sia umane che finanziarie) con le quali i consolati sarebbero potuti essere veramente rimodernati.

Le lamentele dei connazionali sulle mancanze nei servizi consolari sono giustificate (vedi la pagina Facebook su Londra). Il rapporto tra impiegati e utenti è nettamente a sfavore di uno svolgimento dei servizi sereno e fluido. In parole povere: siamo in pochi, stanchi, sopraffatti e nemmeno noi, che ogni giorno in quelle sedi estere oggetto di critiche prendiamo servizio, riusciamo a fare ”nozze con i fichi secchi”.

Gli impiegati della rete consolare fungono ormai da anni da parafulmini, da “capri espiatori”, per le ire – spesso giustificate – di utenti esasperati.

Qualche giorno fa, nella nostra lettera di congratulazioni al neo Ministro Moavero Milanesi, asserivamo che la riorganizzazione della rete consolare è impellente e che da anni chiediamo la creazione di unità periferiche, vicine alle nostre collettività all’estero, unità realizzabili a costo zero con l’ausilio delle Autorità dei Paesi ospitanti, soprattutto in ambito UE.

I nuovi flussi migratori comprendono anche connazionali giovani e altamente qualificati. Ebbene, anche questi giovani, che cercano un futuro oltre i confini dell’Italia, fungendo peraltro da valvola di sfogo di un mercato del lavoro incapace di assorbirli al proprio interno, non possono rischiare di trovarsi davanti alle porte chiuse delle loro Rappresentanze consolari e diplomatiche.

A Lei, gentile Sottosegretario, segnaliamo altresì l’inadeguatezza, ormai ampiamente comprovata, dell’impiego di Consoli onorari nei centri di vecchia e nuova emigrazione.

Le chiediamo un intervento forte sui dirigenti, capi di uffici consolari, che in taluni casi mostrano scarsa sensibilità verso il loro dovere di realizzazione del benessere organizzativo sul posto di lavoro, ora più che mai necessario in sedi sotto assalto di connazionali assillati da mille bisogni dettati dalla vita di lavoratore all’estero.

Le chiediamo di contribuire a cambiare la filosofia dell’esistenza dei consolati, che dovrebbero tornare ad essere postazioni di difesa e di tutela delle collettività italiane, con personale ben preparato grazie ad adeguate misure formative, al fine di fare fronte alle vecchie e alle nuove esigenze della nostra italianità all’estero.

E’ ora di rivedere il ruolo di consoli fino ad ora impegnati prevalentemente nella cosiddetta difesa dell’immagine del Paese sotto forma dell’ennesima “ settimana della cucina italiana” o “serata del libro italiano” o “pomeriggio della scienza italiana”. Insomma, i connazionali hanno bisogno all’estero di servizi veloci ed efficienti, di tutela e di sostegno, tutto il resto è delegabile. I servizi dello Stato non lo sono. La pubblicità della pasta e dei pomodori pelati torni ad essere competenza diretta di chi pasta e pomodori pelati produce, e lasciamo che la promozione dell’ultimo libro venga effettuata da chi i libri li stampa e li vende con legittimo guadagno.

Su questi argomenti Le saremmo grati per ogni forma di dialogo da noi fortemente auspicato.

Le auguriamo buon lavoro e una mano felice nella difficile gestione delle esigenze degli italiani all’estero, con la promessa di una collaborazione sindacale costruttiva e leale.

Voglia ricevere i nostri migliori saluti,

CONFSAL UNSA COORDINAMENTO ESTERI”