“A proposta [da taxa da cidadania] era linda. Mas desde que ela fosse colocada em prática”. E até agora não foi, apesar das reiteradas promessas. Assim a deputada Renata Bueno fala sobre a cobrança dos 300 euros para cada pedido de reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue, em execução desde o dia 8 de julho de 2014, e que teve a aprovação dos três representantes ítalo brasileiros no Parlamento Italiano.

Na mesma entrevista a parlamentar repete denúncia segundo a qual o sistema ‘prenota online’ para passaportes não é seguro porque permite que agências despachantes derrubem o portal do Ministério do Exterior, preencham as vagas e depois as revendam a interessados.

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A deputada reconhece que faltou empenho do governo italiano para resolver o problema das filas e, também, para agilizar o fornecimento de passaportes – o “grande nó dos consulados” atualmente, referindo-se ao sistema ‘prenota online’ que não funciona. “Curitiba – enfatizou – é um dos piores do Brasil”.

“É uma barbaridade” alguém que já é cidadão italiano reconhecido não poder ser atendido porque não existe nem fila, não consegue sequer acessar o sistema. “O problema é que nosso sistema precisa ter mais segurança – raciocina a parlamentar -, ele não é um sistema seguro”.

Segundo ela, “as agências de despachantes entram no sistema, derrubam o portal e preenchem as vagas. Depois revendem essas vagas” (matéria sobre isso já foi motivo de capa da edição de abril de 2017 da revista Insieme). “E essas vagas – continua – muitas vezes não são preenchidas, as pessoas não se apresentam”.

Renata Bueno diz que já comunicou isso “ao Cônsul” pedindo que sejam abertas listas de espera para que no lugar dessas vagas que não sejam preenchidas as pessoas na fila sejam chamadas. Por outro lado, informou que “estamos promovendo uma denúncia junto ao Ministério Público aqui no Brasil” para que a Delegacia de Crimes Informáticos detectem esse problema. “Estamos acionando uma rede de pessoas especializadas da Delegacia e do Ministério Público para que possam investigar qual é o fator criminoso que gera todo esse problema”.

No começo da entrevista Renata Bueno conta que a instituição da “taxa da cidadania” foi defendida, “cada um à sua maneira”, pelos três parlamentares ítalo brasileiros, pois “a gente precisava arrumar um fundo para os consulados”. As ações, disse ela na entrevista que concedeu dia 27 ao editor da Revista Insieme, “não foram unidas, mas se uniram para o resultado, e é nesse sentido que eu acho que a gente venceu junto. A ideia não foi minha, mas eu sou franca no dizer isso: a ideia foi compartilhada entre todos nós”.

Edição de abril de 2016 da Revista Insieme que aborda o problema do “prenota on line” (Reprodução)

A “prática” referida pela parlamentar, seria a devolução grande parte desse dinheiro para o fortalecimento dos consulados. Embaraçada pela pergunta, Renata Bueno assegura que “nós cobramos muito isso” e “quero que vocês entendam: eu sempre apoiei o governo naquilo que interessava aos italianos no exterior.”

Renata disse, entretanto, que é independente: “a tudo aquilo que eu não favorecia os italianos no exterior, eu sempre fui contrária. E, me manifesto inclusive contrária quando necessário”.

“Então é assim: nós entramos nessa luta juntos achando que resolveria o grande problema, que são as estruturas consulares. Mas, infelizmente, essa promessa não foi cumprida”, aduziu, relembrando que ela esteve recentemente com o ministro Angelino Alfano, das Relações Exteriores, para levar uma série de pedidos e reivindicações.

“Estamos chegando no final de uma legislatura e várias promessas não foram cumpridas”, reconheceu ainda Renata Bueno, acrescentando que “a gente não precisa esconder isso de ninguém”, pois “eu não sou do governo, eu não sou do Partido Democrático para tentar maquiar qualquer coisa, pelo contrário. A gente tem que dizer o que não foi cumprido, e essa é uma promessa que não foi cumprida”. Sorrindo, ela acrescenta: “Esperemos ainda que seja, porque eles dizem que está pra sair, está pra sair…”.