O correspondente consular Denir Daleffe em foto de 2017. (Foto Cedida/Arquivo Insieme)

Dois paranaenses encontram-se detidos na imigração, em Roma, desde domingo, quando entravam na Itália com a disposição de realizar um sonho: o reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue junto ao município de Quarrata, província toscana de Pistóia. Além da documentação, o casal levava uma declaração do correspondente consular da Itália em Campo Mourão, Denir Daleffe.

A informação é do próprio Daleffe, ao procurar a redação de Insieme para relatar que após serem detidos e apresentarem seus documentos, inclusive a declaração, os agentes da imigração italiana entraram em contato com o Cônsul da Itália em Curitiba “para se certificar da veracidade da declaração”.

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“O Cônsul entrou em contato comigo por telefone e confirmei a emissão da declaração”, disse Daleffe, aduzindo que a autoridade consular o censurou por não ser “atribuição minha”. O casal ficou “à mercê da imigração”, disse.

Em sua declaração, o correspondente consular atesta que um senhor (que nomina) e sua prima (que também nomina) estão viajando à Itália para “prendere la doppia cittadinanza nel paese Quarrata (PT), Provincia di Pistoia, Regione Toscana”, e que ficarão na Itália por 45 dias. O documento leva a data de 8 de agosto de 2019.

“Eu, como correspondente consular – escreveu Daleffe a Insieme – aconselho muitos a irem entregar os documentos diretamente na Itália e obterem o reconhecimento aproximadamente dentro de uns 45 dias. Só que a ‘comune’ solicita do Consulado a ‘Mancata non Rinuncia’. Até aí tudo bem. Um casal aqui de nossa Cidade foi até a Itália mas chegando em Roma foram barrados (detidos) no domingo à noite e [estão] até hoje, dia 21 de agosto, sem poderem tomar banho e sendo tratados estupidamente. Eles portavam uma “Declaração” firmada por mim dizendo da finalidade da ida à Itália. O pessoal da emigração (sic) entrou em contato com o Cônsul em Curitiba para certificar da veracidade da Declaração. O Cônsul entrou em contato comigo por telefone e confirmei a emissão da declaração. Disse inicialmente que não é atribuição minha expedir declaração em nome do Consulado. Daí fico indignado da nossa posição de correspondentes consulares”, escreveu Daleffe.

Perguntado se a autoridade consular avalizou sua declaração, Daleffe respondeu: “simplesmente não aceitou e deixou o casal a mercê da emigração”. Consultado sobre o ocorrido, até a publicação desta matéria o Cônsul da Itália em Curitiba não se manifestou. Também não foram bem sucedidas as tentativas de contato com parentes dos dois detidos em Roma.

“Fico indignado – escreveu depois Daleffe – com o tratamento das pessoas (por parte da imigração); seja quem for, deve ter um tratamento humano; ocorre que não são bandidos, traficantes ou corruptos. Os parentes estão super preocupados já me telefonaram inúmeras vezes. A documentação está corretíssima era só se estabelecerem na Província de Pistoia e obterem a cidadania Italiana”.

Ainda segundo Daleffe, a mulher que está detida “me confidenciou que está desde domingo sem tomar banho, só recebem alimentação. O pessoal da imigração não aceita ingerência do consulado. Fato lamentável”.