CURITIBA -PR – Quando Silvio Berlusconi deixou a Presidência do Conselho de  Ministros, muita gente pensava que finalmente a Itália tinha se liberado de um político que, de certo modo, lançou a Itália  no populismo e que não tinha mais condições morais e políticas para conduzir o país. Política pela perda de apoio, inclusive de seus próprios aliados e  moral pelos constantes escândalos pessoais que interferiram na vida pública do então Presidente do Conselho de Ministros.

Em seu lugar assumiu Monti, considerado um governo técnico, pelo menos para tentar levar o país até o fim da atual legislatura e colocar o país no rumo econômico e político , diante de uma crise internacional da qual a Itália tinha que estar atenta. Se Monti não salvou o país deu-lhe uma certa credibilidade e recuperou, pelo menos em parte, a imagem internacional da Itália, deixando de ser citada pelos famosos “bunga-bunga”.

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Berlusconi anuncia a sua retirada da vida pública, pelo menos enquanto candidato a governar o país. Muita gente fez festa e as forças de centro-direita tentavam achar um novo rumo e um novo líder. Tudo parecia correr nesta direção. 

Mas, eis que de repente, com tamanha irresponsabilidade, Berlusconi reaparece no cenário político, faz cair o Governo Monti e consegue, em principio, antecipar as eleições parlamentares.

Porque será que Berlusconi, utilizando toda essa irresponsabilidade, ainda tem pretensões políticas, quando as pesquisas de opinião lhe dão perto de 13% dos votos?  Porque isso significaria eleger cerca de 70 a 80 deputados e pelo sistema italiano é o partido quem escolhe os candidatos, colocando-os em ordem de preferência em uma lista. O eleitor não pode escolher seu próprio candidato, mas somente o partido. Isso significa que Berlusconi colocará seus fiéis escudeiros e defensores e com 80 deputados poderá fazer muito barulho no Parlamento, impedindo que sejam votadas leis que  possam prejudicá-lo e, quem sabe, impedir a formação de um governo estável.

Não bastasse tudo isso as eleições serão feitas as pressas sem modificações nas regras e com os mesmos problemas que tivemos anteriormente, inclusive com o voto no exterior, aliás, mais uma vez,  os italianos no exterior serão os mais prejudicados. Vocês já imaginaram, na América do Sul,  fazer campanha política e votar em pleno janeiro e fevereiro? 

A Itália não merecia isso, mas para quem festejou o fim da era Berlusconi  não o conhecia de verdade. Eu nunca acreditei nas suas palavras  e no seu fim, afinal sua volta era uma tragédia anunciada.

Que Deus ajude a Itália.