Foi sepultado agora há pouco no Cemitério Parque Iguaçu, em Curitiba, o ex-combatente alpino e também ex-‘partigiano’ Giovanni Luigi Corso, nascido em 24 de julho de 1927 e que, desde o início da década de 1950, vivia no Brasil. “Faleceu tranquilo, dormindo” segundo transmitiu a Insieme a neta Luiza Parolin, no final da tarde de ontem.

Durante muito tempo, Corso foi uma das personalidades italianas de Curitiba mais proeminentes, sempre crítico em relação à política italiana da atualidade. Há algum tempo, ele deixou de frequentar eventos e reuniões com amigos italianos devido a uma cirurgia na coluna, sendo assistido em casa pela esposa Marlene.

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Na memória de Corso restava intocável a imagem de Fonzaso, “comuna” vêneta da Província de Belluno, sua terra natal. “Vivo no Brasil com o corpo, mas com o espírito estou sempre nas minhas montanhas, nas minhas dolomitas, nos meus pré-alpes”, declarou ele numa entrevista por ocasião do lançamento de seu livro de memórias, lançado em abril de 2015.

Giovanni Luigi Corso deixa a esposa Marlene Laffite Moro Corso, os filhos Fabiano Corso e Daniela Corso Parolin, e os netos Gabriel Corso, Luca Parolin, Luiza Parolin e Bruna Parolin.

O ex-combatente falou pela última vez com Insieme no final do ano passado, durante uma longa entrevista concedida em sua residência em que repassou fatos e conceitos que nortearam sua vida inteira. “Aprendi tudo e nada aprendi”, disse o sobrevivente de duas frentes na II Guerra Mundial.

Na guerra e na guerrilha, Corso afirmava que nunca matou alguém, mas viu muita gente morrer. “Ou se matava, ou se morria”. Era, segundo dizia, o único sobrevivente ainda vivo do Batalhão Gherlenda. Nenhum de seus ex-companheiros de guerrilha, na resistência contra o nazismo e o fascismo, estão mais vivos. Juntos ou não, eles viram tombar, segundo contou, perto de 60 mil homens.

“Meus últimos anos de vida são tranquilos, especialmente porque tenho uma família maravilhosa”, declarava Corso na mesma entrevista. Olhando para o passado, sentenciava:  “Aqueles que fizeram o mal seguiram o seu caminho, a maioria já morreu… não sei porque Deus me deixou aqui ainda para relembrar, de vez em quando… e rezar pelos amigos e pelos inimigos”. Segundo ele, “a maior vingança é o perdão”, e a paz interior só é alcançada através do perdão, por isso, perdoou a todos.

No vídeo abaixo, sobre as comemorações do 70º aniversário da tomada de Monte Castelo, na Itália, Corso agradece os “pracinhas” brasileiros que lutaram pela “liberação de minha pátria”. O ex-combatente nunca se naturalizou brasileiro.

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