Rita Blasioli Costa (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

 

Rita Blasioli, ex-presidente do Comites de SP, assina ao lado de Andrea Lanzi (RJ) e Cesare Villoni (CE) a declaração de candidatura conjunta para o CGIE.

PATROCINANDO SUA LEITURA

Dizendo ser uma “iniciativa política apartidária”, Rita Blasioli Costa, Andrea Lanzi e Cesare Villone (de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, respectivamente) estão difundindo um documento chamado de “declaração conjunta de candidatura como membros do CGIE no Brasil”. Como se sabe, as eleições indiretas dos representantes de cerca de 30 milhões de ítalo-brasileiros para o Conselho Geral dos Italianos no Exterior acontece na tarde deste sábado (26), na sede da Embaixada da Itália, em Brasília.

São eleitores todos os conselheiros dos Comites – Comitati degli Italiani all’Estero, mais os representantes de 51 associações, patronatos e círculos escolhidos e convocados pela Embaixada da Itália no Brasil. Cada eleitor pode votar em dois candidatos.

Os três candidatos – e três apenas são as vagas do Brasil no Conselho – apresentam-se como “fruto da candidatura às recentes eleições dos Comites” – órgãos de primeira instância na representação da comunidade italiana que, no Brasil, tem sede em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília. Rita Blasioli é ex-presidente do Comites de SP e responsável pelo Patronato Acli; Andrea Lanzi é do Patronato Inca, da Associação Aniota e Giuseppe Garivaldi do Rio de Janeiro e secretário do PD no Brasil, Cesare Villoni é, por sua vez, presidente da Câmara de Comércio Italo-Brasileira com sede em Fortaleza, Ceará, é vice-cônsul honorário em Fortaleza, representante consular para o Estado do Piauí e responsável pelo Patronato Ital para a região nordeste do Brasil.

Pelas regras em vigor, qualquer membro dos Comites pode candidatar-se até momentos antes do processo eleitoral, enquanto outros ítalo-brasileiros tinham prazo para apresentar previamente suas candidaturas o que, ao que consta, não ocorreu.

Além dos três que assinam a declaração conjunta, já se sabe que são candidatos declarados a presidente do Comites de BH, Silvia Alciati, que lançou seu nome esta semana pelas redes sociais, descontente, segundo as indiscrições, com o caráter “fechado” do acordo selado no âmbito do Partido Democrático italiano. Silvia é natural de Torino e desde pequena vive na capital mineira, tendo sido uma das fundadoras da Acibra – Associação Cultural Ítalo-Brasileira de Minas Gerais. Outro candidato declarado é Walter Petruzziello, que na última eleição do Comites obteve expressiva votação mas enfrenta o argumento da continuidade (que o candidato traduz por experiência), já que está no CGIE há dois mandatos. De Porto Alegre é também candidata declarada Claudia Antonini, mas, embora também tenha ligações com o PD, tanto ela quanto os demais candidatos fora do eixo São Paulo-Rio-Recife enfrentam as mesmas dificuldades: como bater as três candidaturas conjuntas que, vitoriosas, deixariam todo o Sul do Brasil (onde se concentra a maior densidade de ítalo-brasileiros) “sem representação”?

INGERÊNCIAS – A temporada de conchavos, acertos, acordos e, naturalmente, algumas traições, promete. Embora os três signatários do documento conjunto insistam em descolar suas candidaturas do Partido Democrático, desde as eleições para os Comites o assunto volta à baila com insistência. Há ainda a sensação desconfortável que pretende colocar em debate um pseudo-enfrentamento norte-sul.  Contra eles também vão argumentos que já causaram muita polêmica no passado: são envolvidos com patronatos, que alguns querem distantes das disputas eleitorais alegando motivações baseadas em normas não muito claras. Na própria nota, Rita, Lanzi e Villone defendem sua posição, ao afirmar que “nossas candidaturas querem representar sobretudo a continuidade de um método de trabalho participativo, uma vez que somos originários do mundo dos Patronatos, portanto, de prestação de serviço aos concidadãos”.

Por outro lado, outras correntes também tentam envolver o seleto grupo de eleitores que se reune em Brasília. Pela internet, deu-se conhecimento do texto de um e-mail dirigido por uma assessora da deputada Renata Bueno, em que a parlamentar anuncia que estará em Brasília já no dia anterior (nesta sexta, portanto) ao da eleição e que “gostaria de aproveitar esta oportunidade única, onde todos os representantes da comunidade italiana estarão reunidos, para organizar um encontro informal na noite anterior à votação”. O objetivo principal do encontro – ainda segundo o convite emitido aos conselheiros dos Comites,  “seria aproveitar a ocasião para se apresentarem, trocarem ideia e opiniões, em suma, para ter uma bate-papo informal”.

Andrea Lanzi, conselheiro do Comites do Rio de Janeiro (na condição de secretário do PD no Brasil ele já teve confronto sério com Bueno) recebeu o convite e reagiu imediatamente, dizendo que após o convite tinha também recebido sinais de que após a tal reunião haveria uma janta. “Eu queria assinalar – respondeu Lanzi à assessora da deputada Renata Bueno – que além das intenções,  um encontro antes da abertura do processo eleitoral representa uma ingerência sobre o mesmo”.

Lanzi escreve mais: “Pedirei à nossa Embaixada de chamar sua atenção para esse elementar conceito. Seria oportuno e digno de agradecimento se a deputada Bueno – depois da eleição – estivesse disponível para se reunir com os presentes – conselheiros dos Comites e representantes das associações – juntamente com outros parlamentares eventualmente presentes”.

Veja a seguir, em italiano, a declaração conjunta dos três candidatos:

“DICHIARAZIONE CONGIUNTA DI CANDIDATURA A MEMBRI CGIE BRASILE

I sottoscritti Rita Blasioli Costa, Andrea Lanzi e Cesare Villone presentano la loro candidatura congiunta all’elezione dei membri Brasile del Comitato Generale degli Italiani all’Estero.

La nostra candidatura è il frutto della presentazione, alle recenti elezioni dei Comites, di liste collegate nelle circoscrizioni consolari di San Paolo, Rio de Janeiro, Recife e Brasília. Tali liste – denominate “Italiani in Brasile – Democratici nel Mondo”- sono state la principale novità del rinnovo dei Comitati da noi rivendicato da anni, quale espressione di democrazia e partecipazione.

Ogni iniziativa di partito è anche un atto politico; le iniziative politiche non necessariamente hanno carattere di partito. La presentazione delle liste “Italiani in Brasile – Democratici nel Mondo” è una iniziativa politica apartitica tendente a migliorare sostanzialmente le condizioni della comunità italo-brasiliana in raccordo e in alleanza con le comunità italiane del nostro continente. Per evitare che le nostre liste fossero intese come di un partito, abbiamo preferito mettere in primo piano gli Italiani in Brasile inseriti in una rete globale di Democratici nel Mondo. Tenendo presente che tutto il nostro lavoro dovrà avere come priorità la difesa degli interessi della collettività italo-brasiliana.

Le nostre candidature vogliono rappresentare soprattutto la continuità di un metodo di lavoro già condiviso, visto che proveniamo dal mondo dei Patronati, quindi di servizio ai connazionali e pertanto profonda conoscenza di tutte le problematiche legata alla vita fuori Patria, oltre ad ampie esperienze tanto nel campo associativo come di Comites.

Il nostro principale obiettivo, se eletti, sarà quello di creare un forte coordinamento fra tutti i Comites, attraverso la Conferenza dei Presidenti (Intercomites), i membri CGIE e le associazioni e costruire insieme delle piattaforme che possano rimettere in discussione e proporre soluzioni tanto su questioni annose, come cittadinanza, previdenza e assistenza, lingua e cultura così come affrontarne altre che rispecchiano più direttamente la nuova collettività italo brasiliana, formata soprattutto da discendenti.

Questa nostra dichiarazione congiunta a tutti voi, cari elettori, vuole rappresentare un esempio di trasparenza, coerenza e serietà, i principi sui quali fonderemo il nostro operato.”