Fornecer um olhar antropológico e estético sobre o cotidiano e os profissionais contemporâneos do comércio italiano, este é o objeto da exposição fotográfica aberta ontem (07/02) na “Piccola Galleria”, da Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte-MG. As obras expostas são do artista visual mineiro Daniel Pinho, 31 anos, graduado em Comunicação Social com foco em Publicidade, e foram colhidas na cidade italiana de Bologna, onde ele viveu entre 2011 e 2014.
A mostra “Ritratti di Commercianti”, segundo divulgou a galeria, é constituída de 16 peças, tem entrada franca, e ficará aberta ao público até o dia 12 de março próximo. Nessa “espécie de catalogação de profissões” através de câmera digital, o artista retratou comerciantes de sapatos artesanais, gráficas, quitandas, bolsas acessórios, roupas, tecidos, produtos de limpeza, açougue, funerárias, padarias e bares. Oss promotores da exposição explicam para a escolha dos personagens a serem fotografados, “o artista se lançava sem rumo pela cidade e entrava nas lojas que mais lhe chamavam a atenção”.
Daniel conta que, “raros comerciantes se recusaram a participar da série; pelo contrário, a maioria gostava da proposta e sentia orgulho do próprio ofício. Eu caminhava levando câmera e tripé, entrava nos estabelecimentos, conversava com as pessoas e explicava o projeto”. Na constrtrução do que chama de “uma espécie de arqueologia humana”, Daniel acredita que comerciantes são figuras que espelham o que é sociedade, pois “uma loja de comerciantes chinesa, por exemplo, diz muito dos fluxos de imigração, do consumismo da nossa sociedade, da produção de objetos de 1,99, etc”. “Ritratti di Commercianti”, para ele, “reforça o papel da fotografia como instrumento de documentação e de construção de uma memória coletiva”.
Quem é Daniel Pinho – Nascido em Belo Horizonte, o artista visual Daniel Pinho, com 31 anos, cresceu imerso na cultura italiana, país de onde provém sua bisavó paterna, e optou pelo Curso Técnico em Administração na Escola Internacional da Fundação Torino. Em 2009, graduou-se em Comunicação Social, com foco em Publicidade, e trabalhou por cinco anos como diretor de arte em agências de publicidade de Belo Horizonte. A formação o proveu de conhecimentos em Sociologia e em questões práticas de design e de criação, úteis para sua carreira como artista visual.
Desde criança, por influência da mãe, Daniel Pinho já dava seus primeiros cliques. A fotografia sempre esteve presente em sua vida pessoal e profissional, ao registrar exaustivamente a família e as viagens que fazia. Após o término do curso de Comunicação iniciou a criação de diversas séries fotográficas, sempre com inspiração na arte cotidiana. O interesse pela fotografia levou-o a realizar um Mestrado em Fotografia Autoral na Academia de Belas Artes de Bologna, na Itália, entre 2011 e 2014. Em 2013 realizou ainda um curso de Especialização em Técnicas de Fotografia na Faculdade de Artes Aplicadas de Düsseldorf, na Alemanha.
Em 2013, realizou a residência artística “Open your mountains”, nos Alpes Italianos. Em toda a Itália são selecionados 10 artistas por ano nas Academias de Belas Artes para participar da residência, que se conclui com uma mostra coletiva. Desde 2013, já realizou diversas mostras individuais e coletivas de fotografias e outras linguagens artísticas no Brasil e na Itália.
Casa Fiat de Cultura – Em seus 10 anos de funcionamento, a Casa Fiat de Cultura realizou em Belo Horizonte 30 importantes exposições, de renomados artistas brasileiros e internacionais. A grande arte de Caravaggio, Chagall, De Chirico, Rodin, Tarsila do Amaral e outros pôde ser apreciada e discutida de forma gratuita ao longo dos anos, por todos os públicos, de todas as idades e classes sociais.
Sempre com mostras inéditas, a instituição é mantida pelas empresas do Grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e CNH Industrial. Cerca de 2 milhões de pessoas já visitaram a Casa Fiat de Cultura e mais de 300 mil pessoas participaram das atividades educativas. A “Piccola Galleria” é um pequeno recinto no Hall Principal da Casa Fiat de Cultura, bem ao lado do painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari. Destina-se a exposições de curta duração, mas com toda a visibilidade que a instituição enseja. No novo espaço, serão realizados dois tipos de mostras: aquelas programadas pela própria Casa Fiat e aquelas destinadas a artistas que inscrevam seus trabalhos por meio de um processo de seleção simples e rápido, a cargo de uma comissão avaliadora convidada pela instituição.