CURITIBA – PR – “Retiramos nosso embaixador e este é um ato grave, que em mais de meio século de história republicana foi adotado apenas outras seis vezes”.
A declaração é do subsecretário Alfredo Mantica, com delegação para os italianos no mundo ao comentar a decisão do governo italiano em consequência da deliberação do governo brasileiro brasileiro de conceder asilo político ao ex-terrorista Cesare Battisti, preso em 2007 quando se encontrava em situação clandestina no Brasil. Battisti foi condenado pela Justiça italiana à pena perpétua por quatro assassinatos e sua extradição se encontra sob análise do Supremo Tribunal Federal, depois que o presidente Lula deu o caso por encerrado na esfera administrativa.
Ele (Battisti) “é um criminoso comum – disse Mantica, segundo relato da Agência italiana 9Colonne -, pássaro silvestre que vive em fuga permanente encontrando estranhas solidariedades”. A retirada de um embaixador é uma demonstração formal de desagrado e geralmente antecede o rompimento de relações diplomáticas entre dois países.
O embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise, desenvolvia intensas conversações no sentido da obtenção da extradição de Battisti, solicitada pelo governo de Romano Prodi, de orientação esquerdista.
Segundo entrevista concedida com exclusividade à revista brasileira “Isto é”, o ex-terrorista afirma que ele nunca matou ninguém e que “a Itália mente”. “O governo italiano – diz ele textualmente – está mentindo. A mídia italiana, em sua maioria, pertence ao Berlusconi (que ele chama de “o grande mafioso” – NR). Estão todos mentindo. Pessoas estão manipulando, ou estão deixando manipular”. Ele assegura também que “nunca” foi ouvido pela Justiça italiana sobre os quatro homicídios. E Pergunta: “Estaria disposta a Justiça italiana hoje a me ouvir pela primeira vez sobre esses quatro homicídios, antes de me enterrar vivo?”
Nas mesma entrevista, Battisti afirma que sua fuga para o Brasil foi idéia de um membro do serviço secreto francês e a esta afirmação imediatamente reagiu o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, para quem, “se isso fosse verdadeiro, ninguém jamais haverá de provar”. A entrevista foi publicada exatamente quando o Supremo Tribunal Federal inicia os procedimentos para análise dos procedimentos adotados pelo governo brasileiro, tendo concedido cinco dias de prazo para pronunciamento da Justiça italiana. O ex-guerrilheiro, entretanto, manifesta-se esperançoso na decisão da Justiça brasileira, baseando-se em jurisprudência anterior.

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