ABVCheque contesta dados da Serasa Experian

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Segundo estudos da ABVCheque, distorções na divulgação do percentual de inadimplência pelo sistema bancário levam mercado a ter uma leitura equivocada sobre o “maior instrumento de pagamentos depois da moeda”

 

u Estudos realizados pela equipe de estatísticas da ABVCheque – Associação Brasileira para Valorização do Cheque, os recentes dados divulgados pela Serasa Experian sobre a inadimplência com cheques no País não são condizentes com a realidade. “Não se trata de conceito estatístico, mas sim de falta de critério e conhecimento sobre a matéria”, afirma Carlos Pastor, presidente da ABVCheque.

 

Segundo ele, um dos principais motivos da criação desta entidade, é o de acabar com as distorções das informações estatísticas repassadas à mídia, “pela Serasa e outras instituições mal preparadas para avaliar esse meio de pagamento”. O presidente da associação afirma que o instrumento cheque necessita ser tratado com respeito, do mesmo tamanho de sua representatividade no cenário nacional, ou seja, cresceu R$ 130 bilhões em 2008, totalizando R$ 2,3 trilhões movimentados, contra o crescimento de aproximadamente R$ 40 bi dos cartões de crédito no mesmo ano. “É preciso acabar com esse paradigma de que o cheque é um produto ruim. Ele é a mais segura opção para o consumidor e para o comércio”, destaca.

 

Para Pastor, a ABVCheque surgiu para recuperar a imagem do instrumento cheque no Brasil, que vem sendo alvo de informações, no mínimo, mal avaliadas e mal estudadas com o necessário rigor. “Não se sabe com quais objetivos: se para atrair novos negócios para consultorias financeiras, se para criar inseguranças e favorecer outros meios de pagamento, ou se para ambas as situações”, denuncia.

 

Ele esclarece também que não se pode deixar de lado a informação fundamental de que 40% dos cheques devolvidos por falta de fundos dos consumidores, geralmente, são liquidados por interesse e iniciativa do próprio emitente, o que coloca esse importante meio de pagamento e crédito direto ao consumo, em um patamar privilegiado ante ao mercado varejista.

 

Pastor enfatiza que é necessário restabelecer a verdade sobre os números que vêm sendo divulgados quanto à devolução, por falta de fundos, sobre o volume de cheques trocados no País. “O fato é que os cheques devolvidos são tabulados e publicados na sua totalidade, mas os cheques trocados, não”, diz. “Isto porque o Banco Central do Brasil não divulga mensalmente os cheques trocados na liquidação ‘intrabancária’, isto é, cheques de um banco depositados em outra agência do mesmo banco em qualquer lugar do País. São divulgados mensalmente somente os volumes de cheques liquidados pela COMPE – Centralizadora da Compensação de Cheques e Outros Papéis, que tem como executante o Banco do Brasil S/A. Isto significa cheques de um determinado banco depositados em outro banco, ainda que de agências vizinhas, instaladas na mesma rua”, prossegue.

 

Desde 1997, quando se verificaram as ocorrências de fusões e aquisições entre as instituições financeiras, aumentou o volume compensado na chamada Liquidação Interna, ou seja, depósitos entre agências do mesmo conglomerado, reduzindo assim o real volume de cheques divulgados mensalmente pelo BACEN, trocados na COMPE.

 

“Os mal informados baseiam-se no publicado, que não é o total”, destaca Pastor. De acordo com ele, “para se ter uma idéia do absurdo, em 2006, 2007 e 2008 foram trocados pela COMPE um volume de cheques que totalizaram R$ 984,4 bilhões, R$ 989,8 bilhões e R$ 1.056,9 trilhão respectivamente. Somando-se aos cheques liquidados internamente pelas instituições financeiras (liquidação Intrabancária), tem-se: R$ 2.081 trilhões e R$ 2.192 trilhões, respectivamente, em 2006 e 2007 conforme já publicado pelo BACEN”.

 

A estimativa ABVCheque para 2008 é chegar a um volume contabilizado de cheques emitidos, no País, em torno de R$ 2.320 trilhões – o que representa o mesmo valor do PIB brasileiro. “Mais que o dobro do publicado mensalmente”, ressalta Pastor. Já em quantidade de cheques, foram divulgados mensalmente pelo BACEN os números de liquidações no biênio 2006/2007: 1,7 bilhão e  1,5 bilhão, respectivamente. Segundo a ABVCheque, os números reais foram 2,2 bilhões em 2006 e 1,9 bilhão em 2007. Para 2008, a associação prevê um fechamento de 2,1 bilhões.

 

Pastor afirma que toda essa maquiagem dos números precisa ser denunciada e está na hora de acabar. “É obrigação do Banco Central do Brasil publicar, mensalmente, o volume e valores liquidados fora da COMPE, a fim de orientar corretamente os estatísticos, alguns dos quais “de plantão”, que se utilizam do mais importante meio de pagamento após a moeda no Brasil para ganhar visibilidade na mídia”, ressalta.

 

O presidente da ABVCheque reafirma que os números recentemente divulgados pela SERASA Experian – devolução de 22,9 cheques sem fundos para cada mil compensados – é um grande equívoco. “Esse dado supõe uma inadimplência, no Brasil, de 2,3%, considerando apenas a devolução dos cheques trocados na COMPE. Não levar em conta os cheques liquidados internamente pelos bancos (liquidação intrabancária) é, no mínimo, uma falta de respeito ao cidadão e ao comércio varejista”, completa Pastor.

 

Segundo estudos da ABVCheque esse percentual deve ficar próximo de 1,5%, pois foram 2,4 milhões de cheques devolvidos sem fundos, contra aproximadamente 150 milhões trocados em todo o País em Janeiro de 2009. “Isto sem considerar que, em até 60 dias, 40% dos devolvidos já estarão liquidados pelos correntistas – o que faz do cheque, o meio de pagamento mais seguro após a moeda, queiram ou não queiram seus desafetos”, finaliza Pastor.