CURITIBA – PR – A América do Sul acaba de ganhar mais uma cadeira no Parlamento Italiano: em vez de três, terá quatro deputados na Câmara, mantendo os três senadores de que já dispunha. A alteração, resultado da atualização dos cálculos em função do número de eleitores formalmente inscritos na Circunscrição do Exterior, fez a Europa perder uma cadeira (tinha seis e agora fica com cinco) e, de acordo com a Gazzetta Ufficiale de 24.12.2012, será válida já para as próximas eleições italianas, previstas para fevereiro.

Na Itália, as eleições serão dias 23 e 24 mas, no exterior, os eleitores, que votam por correspondência, deverão receber o material eleitoral (envelopes com as cédulas) até o dia 6 de fevereiro, para ser devolvido aos respectivos consulados até o dia 21 de fevereiro, isto é, em pleno período de carnaval.

PATROCINANDO SUA LEITURA

Segundo o candidato ao Senado pelo Movimento Associativo Italiani all’Estero – Maie, Walter Petruzziello, a alteração aumenta as chances de o Brasil eleger dois parlamentares, posição também comungada pelo advogado Luis Molossi – um dos coordenadores do movimento no Brasil -, após ser informado nesta manhã da mudança pelo deputado ítalo-argentino Ricardo Merlo.

Com residência em São Paulo, o atual deputado Fabio Porta e candidato à reeleição, por sua vez, considera que a possibilidade de a America do Sul de eleger quatro deputados “não aumenta, em princípio e “por si mesmo”, a possibilidade de eleger mais ‘brasileiros'”.

O deputado que hoje à tarde viajava para passar o Ano Novo com familiares na Sardenha, Itália, considerou ao editor de Insieme que, com relação ao Senado, “não muda nada” e que “talvez serão fortalecidas as duas legendas principais (PD e Maie), porque terão mais dois candidatos na Câmara “puxando” votos para a conquista da vaga ao Senado”.

Ainda segundo Porta, os quatro deputados serão eleitos nas quatro legendas que conseguirem mais votos, ou seja, os mais votados dentro delas. Assim, considerando que as legendas “menores” (aquelas que disputarão a terceira e a quarta vaga) são dominadas ou lideradas (às vezes “construídas”) na Argentina, (como é o caso – por exemplo – da lista Usei/Sangregorio ou da lista “berlusconiana” de Caselli e de Calabrò), “as conseqüências são claramente desfavoráveis aos candidatos italo-brasileiros”.

Para Porta, considerando-se a hipótese de sua re-eleição, “existe somente uma possibilidade que talvez possa ajudar a eleição de mais um ‘brasileiro’ na Câmara”: é o caso do PD ou do Maie conseguir uma segunda vaga na Câmara: neste caso poderia ser possível, por exemplo, a eleição do próprio Porta e da candidata Claudia Antonini, do Rio Grande do Sul; mais difícil, entretanto, segundo observa, seria o caso do Maie, considerando-se que Claudio Pieroni e Natalina Berto dividirão (ou somarão) os votos da mesma região de São Paulo, “com um resultado que acabará prejudicando os dois”.

Dos 12 deputados da Circunscrição Exterior, além dos cinco que ficarão com a Europa e dos quatro que cabem à América do Sul, outros dois tocarão às Américas do Norte e Central e um à área da África, Ásia, Oceania e Antártida. A América do Sul é, assim, a segunda força política do exterior perante o Parlamento.

A legislação eleitoral italiana atribui, obrigatoriamente, uma cadeira a cada uma das quatro áreas da Circunscrição Exterior. A distribuição das demais cadeiras se dá em função dos “quocientes inteiros” e dos “restos”, num intrincado cálculo previsto pela lei 459, de 27/12/2001. Pela tabela oficial considerada no cálculo, o total de 4.208.977 eleitores italianos residentes no Exterior se dividem em: 2.307.683 na área da Europa; 1.283.078 na área da América do Sul; 388.904 na área das Américas Central e do Norte; e 229,312 na quarta área eleitoral.

O aumento do número de eleitores na América do Sul deu-se principalmente em conseqüência da Task Force – o mutirão instituído pelo governo italiano para dar cabo à vergonhosa fila da cidadania italiana, especialmente diante dos consulados italianos que operam no Brasil. Como e sabido, o trabalho que fracassou no Brasil, acabou ajudando a Argentina.