CURITIBA – PR – No Brasil inteiro celebra-se neste 21 de fevereiro, por força de lei, o “Dia Nacional do Imigrante Italiano”. A data lembra a chegada da primeira leva (380 famílias) de imigrantes italianos no Brasil, ocorrida em 21 de fevereiro de 1874, a bordo do Vapor Sofia. A lei que estabeleceu a data foi sancionada pelo vice-presidente José Alencar Gomes da Silva, no Exercício da Presidência, em 2 de junho de 2008, depois da aprovação, pelo Congresso Nacional, de projeto apresentado pelo então senador Gerson Camata.
Apesar da grande comunidade ítalo-brasileira, calculada entre 30 e 35 milhões de descendentes, a efeméride não vem merecendo grande atenção. Exceto no Consulado Geral do Recife, que anunciou para dia 23 a abertura de uma exposição de obras artísticas em homenagem à mulher imigrante e uma entrevista coletiva à imprensa seguida de almoço com o cônsul Francesco Piccione, em outras regiões do País nada foi oficialmente agendado ou anunciado, quer pelas autoridades italianas, quer pelas lideranças ítalo-brasileiras ou associações. Em muitos municípios, outras datas concorrem para as mesmas comemorações.
Os imigrantes italianos – assim como imigrantes de outras nacionalidades – contribuíram para a formação e para o desenvolvimento do Brasil em todos os setores da sociedade. Aqui chegaram a partir da abolição da escravidão, primeiro para substituir a mão escrava principalmente nas plantações de café, nas regiões do Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais; depois, ao Sul, como elemento decisivo na tática de ocupação geográfica – uma característica que em tempos recentes e mesmo atuais ainda ocorre ao longo da face oeste do território brasileiro.
Hoje, uma das reivindicações mais debatidas no seio da comunidade ítalo-brasileira – considerada a maior comunidade itálica do mundo – diz respeito à legislação que dá direito ao reconhecimento da nacionalidade italiana por direito de sangue, a chamada dupla cidadania. Uma enorme fila de ítalo-descendentes aguarda diante dos consulados italianos que operam no Brasil o lento atendimento de seus requerimentos. Recentemente, o governo italiano iniciou uma operação concentrada que chamou de “task force”, com o objetivo de resolver o enorme acúmulo de solicitações. Mas nesse meio tempo registrou-se um aumento de novos pedidos, principalmente nos Estados do Sul, onde é maior a concentração de descendentes italianos. Nos grupos de debate que se formaram na Internet, este é um tema que preocupa e suscita acaloradas discussões e talvez esteja aí um dos motivos pelos quais o “Dia do Imigrante Italiano” deixa de ter importância como data a ser comemorada. Nem mesmo os Comites – órgãos políticos de representação, cujos cargos são eletivos – se pronunciaram formalmente sobre a data de hoje.

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