Uma nova sede para o Consulado Geral da Itália em Porto Alegre é o “grande sonho” do cônsul Valerio Caruso, que encerra o ano contabilizando a simpatia da comunidade ítalo-gaúcha pouco mais de um ano após sua chegada. Esse objetivo, ao lado de outros como a reivindicação de um ‘Istituto di Cultura Italiana’ para uma comunidade de 4 milhões de ítalo-descendentes, ele coloca claramente numa entrevista exclusiva concedida à revista Insieme na manhã do último dia 10, em sua residência, ao lado da conselheira do CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, Stephania Puton.

“O ano de 2024 será uma marca para a comunidade e para o consulado”, vaticina Caruso, ao se referir a atividades que estão previstas a partir do ano que se avizinha, com as comemorações relativas aos 150 anos da grande imigração italiana no Brasil e, no ano seguinte, os 150 anos do início da imigração italiana no Rio Grande do Sul.

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Segundo Caruso, esse primeiro tempo de sua gestão serviu para “arrumar a casa” e, com a colaboração de funcionários, rede consular honorária, Comites (Comitato degli Italiani all’Estero) e associações, mudar a imagem do consulado, então muito “afastado da comunidade”.

No novo ritmo de trabalho, as emissões de passaporte passaram, de uma média de 500 mensais, para mais de 1.500, reduzindo drasticamente os tempos de espera. “Tenho muito orgulho do serviço que prestamos à comunidade”, diz ele. Em pouco mais de um ano ele aprendeu a falar português, conforme se pode conferir na entrevista.

Um novo ritmo foi imprimido também no atendimento da “fila da cidadania”, que o próprio Caruso calcula em torno de 70 mil. Entretanto, “por enquanto”, Porto Alegre não aderiu ao agendamento através do Prenot@mi, tido por alguns como uma espécie de “barreira eletrônica” em outros consulados.

O atendimento da fila (hoje em torno do número 15.000), assim como no agendamento para passaportes, é feito através de e-mail. Um serviço de “call center” (atendimento via telefone) terceirizado ajuda nas informações aos usuários.

Sobre a sede consular, Caruso diz que a atual, além de problemas relacionados a questões de segurança, não suporta mais o volume de trabalho. Ela servia muito bem para uma clientela de 40 mil usuários que, hoje, está na casa dos 120 mil. E o volume do público usuário cresce, segundo ele, em média 7% ao ano.

O cônsul Caruso se diz muito feliz à frente de sua missão. Ele mudou conceitos sobre o Brasil e o Estado em que se encontra, vê na comunidade ítalo-descendente um recurso e não um problema, acompanha com curiosidade e valoriza o “movimento talian”, e confessa a “boa inveja” dos que, diferentemente dele, “têm a sorte de possuir a cidadania dos dois países mais lindos do mundo” – a Itália e o Brasil.

No vídeo que acompanha esta matéria, o cônsul Caruso, que será matéria especial na próxima edição da revista Insieme, evita comentar temas políticos e, inclusive, propostas de mudanças sobre a lei da cidadania iure sanguinis. É, como diz, um funcionário do Estado Italiano a quem cabe cumprir a lei em vigor.