“Como é que podemos cobrar as pessoas por não falarem italiano se a Itália não se importa com a sua língua?” A pergunta é da arquiteta Cristina Mioranza, presidente do Comites – Comitato degli Italiani all’Estero do Rio Grande do Sul, no bojo de uma campanha que reivindica a instalação de um ‘Istituto di Cultura Italiana’ no Estado considerado a oitava Província Vêneta e que reúne um público de origem italiana calculado em mais de quatro milhões de pessoas.
A campanha, levantada pelo Comites ao lado de outras entidades ítalo-brasileiras e do próprio Consulado Geral da Itália em Porto Alegre, inclui também a nomeação de uma Diretora de Educação junto ao Consulado, a exemplo do que existe em São Paulo e Rio de Janeiro, sede dos dois institutos que operam no Brasil. No mundo inteiro existem atualmente 84 institutos do gênero, definidos como “locais de encontro e diálogo para intelectuais e artistas, para italianos no exterior e para quem deseja cultivar uma relação com o nosso país”, segundo definição do próprio governo italiano.
Segundo Cristina, o Rio Grande do Sul, com a expressão que tem no âmbito da cultura italiana, não pode continuar no esquecimento, ou como um mero apêndice de São Paulo ou Rio de Janeiro. Ela explica isso numa entrevista exclusiva que concedeu, domingo pela manhã (17/12) à revista Insieme, na qual informa que o Comites do RS já responde em novo e confortável endereço, agora sem vinculação a qualquer outra associação “para evitar ciumeira”.
Antes funcionando junto à Massolin di Fiori Società Italiana (“à qual agradecemos imensamente”) a nova sede está estabelecida no Carlos Gomes Center, um prédio corporativo que tem por endereço a Av. Soledade, 550, esquina com a Avenida Carlos Gomes, em Porto Alegre.
Na entrevista, Cristina Mioranza fala sobre as atividades do Comites em perfeita sintonia com o Consulado Geral que, sob o comando do cônsul Valerio Caruso, imprimiu novo ritmo aos serviços consulares, com atendimento à “fila da cidadania”, incluindo também maior celeridade na entrega de passaportes. De cerca de 300 passaportes por mês antes entregues, informa ela, agora estão sendo expedidos em torno de 1.700.
A presidente do Comites RS comenta também sobre a opção do RS pelo agendamento através de e-mail, sem o Prenot@mi, por muitos considerado como uma barreira eletrônica a dificultar o contato dos cidadãos com os consulados de sua jurisdição. Um serviço telefônico terceirizado (“mas com gente que conhece os assuntos por ter já trabalhado no próprio consulado) está à disposição dos cidadãos ítalo-gaúchos.
Mioranza não quis antecipar uma “grande novidade” que deverá acontecer ano que vem, “após uma assembléia de todas as associações italianas do Estado”, já com vistas às comemorações dos 150 anos da imigração italian no Brasil. Embora o RS vá festejar a data nacional, marcada para 2024, particularmente, o Estado comemorará o 150º aniversário do início da imigração italiana no Rio Grande do Sul somente em 2025.
Confira a entrevista de Cristina Mioranza, que anuncia tambem o início de aulas de Talian na Universidade de Caxias do Sul.