CURITIBA – PR – “Na minha opinião deveríamos cancelar imediatamente toda a programação do “Momento Italia-Brasile” em represália à decisão do governo brasileiro de não extraditar o ex-terrorista Cesare Battisti, condenado por crimes comuns na Itália, onde matou quatro pessoas, que entrou no Brasil, fugido da França, de forma clandestina e com documentos falsos”.
Esta é a opinião e a proposta do advogado Walter Petruzziello, um dos quatro representantes do Brasil no CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero.
Segundo Petruzziello “confundiram tudo para justificar a não extradição”, numa verdadeira afronta ao regime democrático que impera na Itália. “A Itália não apenas deve agora recorrer aos tribunais internacionais, como deve também cancelar toda a programação festiva que estava organizando no âmbito do Momento Italia-Brasile”.
O Brasil, segundo ele, alega questão de soberania, “mas não considera a soberania italiana” quando está em jogo a sorte de um assassino comum que entrou para a atividade política depois já de estar na cadeia.
A posição de Petruzzielo, segundo apurou Insieme, é semelhante à posição que está sendo discutida entre as lideranças formais da comunidade ítalo-brasileira (leia-se Comites), que passaram o dia de ontem (10.06) discutindo sobre o texto final de uma nota que deverá ser tornada pública em breve.
O presidente do Intercomites (órgão que reúne os presidentes dos Comites no Brasil), Gianluca Cantoni, admitiu que o texto redigido e em apreciação contém a proposta de suspensão de toda a programação do Momento Italia-Brasile, que deveria envolver a comunidade ítalo-brasileira de outubro próximo a julho do ano que vem, sob a coordenação da Embaixada da Itália no Brasil e dos Consulados italianos.
As reações das autoridades italianas, a partir do presidente da República, Giorgio Napolitano, foram imediatas e incisivas, assim que o Supremo Tribunal Federal do Brasil tomou a decisão final, convalidando a decisão tomada pelo ex-presidente Lula no apagar das luzes de seu governo. Imediatamente familiares das vítimas, na Itália, sugeriram que os italianos boicotassem a Copa Mundial de Futebol de 2014, que será realizada no Brasil.
O site na internet do jornal “Corriere della Sera” realizou enquete e nela cerca de 80% dos italianos se manifestaram favoráveis à proposta. A sugestão de cancelar todos os eventos do Momento Italia-Brasile seria algo paralelo também à retirada do apoio, tanto do governo italiano, quanto das empresas italianas no esforço brasileiro preparatório tanto à Copa Mundial quanto às Olimpíadas.
Segundo Walter Petruzziello, sua proposta não trata de rompimento diplomático, mas simplesmente do cancelamento das festividades. Com a decisão brasileira de apoiar Battisti, que foi julgado em todas as instâncias da justiça italiana e condenado, “não há o menor clima para festas ou comemorações”.
Na Itália, a extradição de Battisti é assunto unânime entre todas as correntes políticas. Também na Comunidade Européia a opinião é contrária à decisão adotada pelo Brasil a partir de um parecer do ex-ministro da Justiça, Tarço Genro, hoje governador do Rio Grande do Sul.

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