Doze pessoas naturalizadas italianas por matrimônio de Santa Catarina compareceram no consulado honorário de Florianópolis, no final da semana que passou, para prestar juramento à Constituição Italiana de forma completamente diferente: através de vídeo-conferência realizada um por um, elas juraram diante do cônsul geral Salvatore Di Venezia que estava em Curitiba, na outra ponta da linha. Depois, juntamente com o cônsul honorário Attilio Colitti, responsável pela organização do evento, e devidamente mascarados, tiraram uma fotografia de grupo.

“Sempre mais, vamos aproveitar dos meios tecnológicos para oferecer melhores serviços aos italianos, sejam do Paraná ou de Santa Catarina”, disse hoje Di Venezia a Insieme, durante entrevista concedida em seu gabinete. E admitiu que essa formula, que conta com a aprovação de seus superiores, em Roma, poderá ser estendida a outros serviços. Antes do evento em Florianópolis, foi realizado um teste que, segundo Colitti, “deu certo”, evitando assim o deslocamento dos interessados até Curitiba.

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Fato semelhante está ocorrendo também com a emissão de passaportes: recentemente, o Consulado distribuiu cerca de 700 nomes que aguardavam na fila, em Curitiba, para suas agências em Joinville, Florianópolis e Londrina, já equipadas com serviço especial para a digitalização de dados (biometria), para que o documento fosse expedido de forma descentralizada. O documento continua a ser impresso na sede consular , mas os interessados não precisam realizar o deslocamento até a capital do Paraná; basta comparecer no vice-consulado honorário ou agência consular onde foi feita a biometria para retirar o documento.

Novos cidadãos italianos por matrimônio prestaram (20/05) juramento à Constituição Italiana de forma on-line, em Florianópolis, na sede do consulado honorário. (Foto cedida por Attilio Colliti)

“Pode demorar um pouco mais – diz o cônsul Di Venezia – mas evita-se o deslocamento desnecessário das pessoas e isso também desafoga em parte os trabalhos em Curitiba”. Segundo Di Venezia, sua intenção é solicitar equipamentos para a coleta de dados biométricos para outras localidades, como Criciúma, no sul de Santa Catarina, e também Foz do Iguaçu.

Durante a entrevista, Di Venezia revelou uma situação inusitada: o segundo maior consulado do Brasil, hoje com cerca de 120 mil inscritos (Curitiba só perde para São Paulo, que tem cerca de 250 mil inscritos), está sendo tocado por apenas três funcionários de carreira, incluindo o próprio cônsul. Na semana passada, ele encaminhou um relatório da situação a Roma que – também segundo ele – se declarou supresa e prometeu solução. O problema, entretanto, segundo o próprio Di Venezia, não é de ordem financeira.

Essa situação decorre da “falta de candidaturas”, segundo explica o cônsul: as vagas aqui existentes já foram publicadas por duas vezes mas, também por duas vezes, nenhum candidato se apresentou. Os motivos disso, Di Venezia explica no vídeo. Em decorrência da pandemia, alguns funcionários locais também foram afastados do trabalho. Di Venezia recorda de sua gestão anterior que terminou em 2013, quando existiam sete funcionários de carreira e mais 15 contratados estáveis, além de funcionários temporários. Ele considera que, para Curitiba, hoje, o ideal seria pelo menos a metade dos 50 funcionários que trabalham no Consulado de São Paulo.

Di Venezia explica que, apesar da situação atual em termos de pessoal, dará o melhor de si para melhorar os serviços consulares, incluindo o atendimento da “fila da cidadania”, hoje situada para além de 50 mil interessados já inscritos. Todos os meses entram cerca de mil novos pedidos que são enviados pelo correio, fora o grande número de novos cidadãos já reconhecidos. No último mês, informa ele, cerca de 700 novos italianos se inscreveram no Consulado de Curitiba, maioria formada por pessoas que obtiveram o reconhecimento da cidadania na Itália ou em outras jurisdições no Brasil. “Isso também aumenta a demanda por serviços” em todas as áreas. “Estou tentando melhorar as coisas e espero alcançar bons números também para o futuro”, diz.

Na entrevista o cônsul Di Venezia fala também dos reflexos que a pandemia têm gerado em outros setores, como o empresarial, que bloqueou pessoas e negócios, o isolamento imposto aos cidadãos italianos de passaporte em relação à Itália (na semana passada, segundo ele, o embaixador Francesco Azzarello encaminhou novo documento a Roma) e imagina um cenário pós-pandemia, quando a demanda por passaportes e outros serviços explodir. Por fim, faz um convite: “visitem o site de MiaCara para acompanhar a programação on-line” que – desde ontem até o dia 6 de junho próximo leva a Itália até a casa de cada um.