“SEM SOMBRA DE DÚVIDAS, A CIDADANIA, PROBLEMA CRÔNICO DO BRASIL. EU FUI O PRIMEIRO A DAR A IDÉIA, A FALAR E LUTAR PELA CONSTITUIÇÃO DA TASK FORCE”

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CURITIBA – PR – Nascido em 1949, João Claudio Pieroni (foto – arquivo revista Insieme) é figura conhecida nos ambientes italianos, principalmente de São Paulo, onde reside. Foi presidente do Comites – Comitato degli Italiani all’Estero, da Fecibesp – Federação das Entidades Culturais Italo Brasileiras do Estado de São Paulo e, entre outras coisas, desde 2004, um dos quatro conselheiros do Brasil junto ao CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero que, juntamente com os Comites, teve suas eleições três vezes postergadas. Nas últimas eleições políticas italianas, ele concorreu a uma vaga de deputado pela Aisa – Associacioni Italiane in Sud America, contabilizando 9.566 votos.

Agora ele repete a candidatura pelo Maie – Movimento Associativo Italiani all’Estero, liderado pelo ítalo-argentino Ricardo Merlo, ao lado de Natalina Berto, também de São Paulo, e Luís Molossi, de Curitiba. Diz que seu lema sempre foi e continua sendo “dedicação e trabalho”, marca que gostaria de imprimir na sua forma de agir, caso alcance o objetivo de ser eleito eleições em curso para a renovação da política italiana.

Confira suas propostas e conceitos nessa entrevista concedida à versão on-line da revista Insieme, onde ele reivindica o fato de ter sido “o primeiro” a propor a task force como solução para o problema das filas da cidadania italiana diante dos consulados italianos que operam no Brasil.

Como Claudio Pieroni define Claudio Pieroni?

Creio que o meu lema foi sempre “Dedicação e Trabalho” e, assim, posso me considerar. Há quase 30 anos me dedico ao associativismo italiano, isto é, desde que iniciei meu trabalho na Associação Luchese, em 1980, com muita força, disposição e amor pela nossa Itália, me dedico até hoje aos italianos e ítalo-brasileiros.

Que motivações o levaram candidatar-se?

Como já dito, minha dedicação e trabalho vêm de longe. Primeiro com os luccheses, depois com a Toscana, a comunidade de São Paulo, como presidente do Comites e, finalmente, os italianos em geral do Brasil e da América do Sul, como conselheiro no CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero. Portanto, creio que posso ser útil e mais produtivo se puder trabalhar na Câmara dos Deputados, em Roma, pela nossa comunidade, no caso, a da America Latina. Creio posso usar toda experiência que adquiri com dedicação e trabalho a favor da nossa comunidade. Foi isto me motivou à candidatura.

Por qual razão escolheu o Maie?

Justamente por ter nascido esta minha atividade dentro das associações, pois são mais de 30 anos de dedicação e trabalho nas associações italianas. Nada mais lógico estar num movimento, ou partido das associações (Movimento Associativo degli Italiani all’Estero), já que é muito verdadeiro e de acordo com meu sentimento associativo e meus ideais.

Como analisa o desempenho dos parlamentares eleitos pela Circunscrição Eleitoral do Exterior até aqui?

Existem casos de deputados que trabalharam com boa vontade, procurando realizar algo. Porém, poucos produziram de prático em um órgão máximo que pode levar ao governo nossas necessidades e anseios. E, mais, existem deputados que nem isto fizeram. Por questões éticas prefiro não pontuar nomes e situações, mas nossa comunidade sabe perfeitamente separar os que têm vontade e aqueles que nada fizeram.

Que problemas entende específicos da comunidade ítalo-brasileira?

Inicialmente, sem sombra de dúvidas, a cidadania, problema crônico do Brasil. Eu fui o primeiro a dar a idéia, a falar e lutar pela constituição da task force. Reconheço que não foi o que pedimos nem o que queríamos, que não resolveu o problema. De qualquer forma, deve-se constatar que ajudou bastante, caso contrário estaríamos em situação bem pior. Temos que dar um fim aos entraves que provocam as filas, a espera e, infelizmente, os famosos casos de tráfico de cidadanias….

Em seguida, a língua e a cultura que foram praticamente abandonadas pelos diversos governos, seja de esquerda ou de direita. Entende-se que há uma crise econômica, mas não é a divulgação da língua e da cultura italiana a grande vilã das despesas. Os cortes nesta área foram absurdos, apesar da nossa incansável luta no CGIE. Temos que novamente lutar por verbas compatíveis que não façam desaparecer um dos maiores, senão o maior, de todos os patrimônios da Itália – a língua e a nossa fantástica cultura no mundo.

Temos tambem a questão dos nossos idosos que merecem mais atenção, mais verbas, mais assistência… enfim, mais reconhecimento pelo que fizeram pela nossa Itália. Os idosos não podem ser abandonados só por existirem problemas econômicos no país, mas por que sempre nós, italiani all’ estero, ficamos com o maior fardo? 

Outro assunto importante são os jovens. Hoje temos que preparar nossos jovens na língua italiana, fundamental para que eles sejam os operadores econômicos responsáveis por incrementar nossas relações comerciais, além de desenvolver a integração nas bolsas de estudo que elevem o nível dos jovens italianos no Brasil e na própria Itália.

Estes são apenas alguns dos diversos pontos que merecem atenção e que iremos defender na Câmara dos Deputados, havendo diversas outras questões que receberão tratamento prioritário na defesa dos interesses da comunidade.

Como imagina sua atuação no Parlamento Italiano?

Como explicado anteriormente, trabalhar dentro deste programa, lutando, e muito, para conseguirmos com que o governo italiano reconheça que existe uma Itália fora da Itália espalhada pelo mundo, que deve ser exaltada e objeto de investimentos, para crescer também junto com a própria Itália, o que será possível, evidentemente, apenas com muita, muita, dedicação e trabalho.

Outras considerações que queira fazer:

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a todos pelo apoio. Gostaria, ainda, de destacar que é de suma importância elegermos um ítalo-brasileiro com profundo sentimento italiano, ligado com a cultura e com as tradições da comunidade, para podermos resolver os nossos problemas crônicos, lutar com afinco e determinação, tudo visando o bem de todos nós, italianos residentes no exterior ou na Itália.