“PRECISAMOS REVERTER ESSA TENDÊNCIA DE TRANSFERIRMOS A CULPA PELAS ADVERSIDADES BUROCRÁTICAS SOMENTE AOS ORGANISMOS CONSULARES”

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CURITIBA – PR – Secretário do Partido Socialista Italiano no Brasil, Fausto Guilherme Longo é candidato ao Senado nas próximas eleições italianas na coligação do PD – Partido Democrático, fazendo dobradinha com os candidatos à Câmara, Fabio Porta e Claudia Antonini. Para ele, é necessário reverter “essa tendência de transferirmos a culpa pelas adversidades burocráticas somente aos organismos consulares”, pois, segundo diz, “o desrespeito aos nossos direitos nasce do desrespeito de sucessivos governos à própria constituição italiana”.

Para Longo, que é “Cavaliere” da República Italiana, “é preciso sensibilizar e conscientizar os ítalo-descendentes quanto à importância do exercício de seus direitos, de sua cidadania”, mas isso só seria possível quando tivermos o “sentimento claro de sermos um só povo”.

Arquiteto e urbanista, Longo é mestre em Habitação e desempenha a função de gerente de Ação Regional na Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, onde presidiu também a Associação dos Funcionários. O candidato já foi, entre inúmeras outras funções públicas exercidas no Brasil, secretário de Turismo de Piracicaba, delegado da Embratur para a Região Sul e presidente do Conselho do Instituto Paulista de Vitivinicultura. Teve atuação na área de comunicação social de diversos órgãos públicos, inclusive federais. Sua vida política foi iniciada em 1982 como candidato a Vereador, pelo PMDB de Piracicaba. Nascido em 1952, em 2008 ele participou, como candidato a deputado pelo PSI, nas eleições italianas, obtendo 1.337 votos.

Confirma a entrevista que Fausto Longo concedeu ao editor da revista Insieme:

Quais motivações o levaram a candidatar-se?

Primeiro, o comprometimento com meu partido, o PSI – Partido Socialista Italiano e com a Aliança de Centro Esquerda liderada pelo PD – Partido Democrático. Enquanto Secretário do PSI no Brasil, entendemos esse desafio como uma oportunidade e uma missão: respectivamente, podermos contribuir para resgatar o orgulho e a esperança de um povo na reconstrução de sua própria dignidade e no fortalecimento de suas instituições, bem como para fazer valer os sonhos, os anseios e os princípios que ideologicamente defendemos e professamos.

Segundo, a possibilidade real de participarmos da elaboração e aprovação de leis que proporcionem a adoção de políticas públicas voltadas à superação das injustiças em busca de uma sociedade mais generosa.

Em terceiro e último, O Brasil já tem uma representação parlamentar e creio que precisamos lutar por sua consolidação. O PD é o único partido efetivamente estruturado e capaz de eleger representantes na Câmara dos Deputados e no Senado, aliás, fato já demonstrado nos processos eleitorais de 2006 e 2008.

Por qual razão escolheu o PD?

A principal delas baseou-se na articulação das principais lideranças e dirigentes partidários, Bersani do PD, Nencini do PSI e Vendola do SEL, eticamente comprometidos com um novo projeto para a Itália e preocupados em reestabelecer um ambiente favorável ao desenvolvimento social e econômico sustentável, que resultou na organização de uma forte aliança de centro-esquerda, democrática, plural, séria e consequente que poderá, de forma ousada promover o resgate de nossa dignidade.

Aqui na América do Sul, também assumimos a decisão de caminharmos juntos, no mesmo sentido, com a mesma intenção de fazer reverberar os mesmos pensamentos, os mesmos ideais, a mesma vontade de lutar pelos direitos e pelo respeito que cada cidadão italiano, nato ou descendente, tanto espera e, quem sabe, dar-lhes razão para sentir, ainda, mais orgulho de suas próprias origens. O PSI – Partido Socialista e o PD – Partido Democrático conquistaram a soma de aproximadamente 75 mil votos nas últimas eleições, número que garantiria, já em 2008, uma vaga para cada uma das casas legislativas, um deputado e um senador. Das correntes reformistas o eleito foi o Deputado Fábio Porta. Agora, em 2013, temos a alternativa de caminharmos unidos, inclusive com o SEL, para garantir uma representação mais significativa e comprometida com as causas que realmente interessam aos ítalo-sul-americanos.

Como analisa o desempenho dos parlamentares eleitos pela circunscrição exterior até agora?

A Itália atravessou um período bastante delicado em função da severa crise econômica que se alastrou por vários países da comunidade europeia. Pior que isso, foi vítima de uma grave crise política, da ausência de um projeto consistente para seu futuro, uma aguda falta de sintonia entre a sociedade e um governo eticamente frágil que perdeu rapidamente a legitimidade necessária para conduzir o país.

Com certeza toda essa conjuntura comprometeu severamente a atuação da maioria dos parlamentares, simplesmente porque a atenção dos mesmos ficou concentrada na busca por soluções que permitissem superar ambas as crises. Com isso, muitas de suas intenções e algumas promessas, manifestadas em suas respectivas campanhas, ficaram prejudicadas, frustrando algumas das expectativas de seus eleitores.

Cabe ressaltar a atuação exemplar do Deputado Fábio Porta, que, mesmo tendo uma presença ativa na dinâmica rotina do Parlamento, ao contrário de outros, não se desviou da busca de soluções para os problemas que nos afetam enquanto ítalo-descendentes.

Que problemas você entende como específicos da comunidade ítalo-brasileira?

Primeiro e único – A ausência de um sentimento claro de sermos um só povo! Todos os outros problemas são importantes, mas, só serão efetivamente resolvidos, se esse sentimento primeiro estiver na alma de cada ítalo-descendente.

Somente tendo consciência de sermos um só povo, saberemos fazer valer nossos direitos. É preciso sensibilizar e conscientizar os ítalo-descendentes quanto à importância do exercício de seus direitos, de sua cidadania. Precisamos reverter essa tendência de transferirmos a culpa pelas adversidades burocráticas somente aos organismos consulares, afinal, o desrespeito aos nossos direitos nasce do desrespeito de sucessivos governos à própria constituição italiana. A única forma de revertermos essa situação será adotarmos uma postura de unidade e organização, bem como, contarmos com representantes que sejam efetivamente porta-vozes de nossos anseios.

Como imagina será sua atuação no Parlamento Italiano?

Atuação responsável e comprometida. Máximo empenho para compreender e apropriar os mecanismos e instrumentos legais que permitam avançar nas questões que entendemos importantes para a construção de um futuro digno para toda a humanidade e, em particular, para a comunidade ítalo-descendente da América do Sul. O desafio é grande. A vontade e pré-disposição para vencê-lo, maior ainda!