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CURITIBA – PR – A revista Insieme de outubro, que está circulando entre assinantes nesta semana, aborda, como matéria de capa, a situação dos enfileirados: milhares de cidadãos ítalo-brasileiros que buscam, diante dos consulados italianos que operam no Brasil, o reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue. A imagem que ilustra a capa é um mosaico de pequenas fotos de enfileirados que autorizaram a colocação de nariz de palhaço. Eles perguntam: “Noi, i pagliacci?” (nós, palhaços?).

A matéria faz uma análise da situação e compara algumas tabelas contendo números do atendimento consular. Já de partida, encontra números contraditórios sobre o volume de processos que se encontravam nas gavetas à espera de apreciação no final de 2008, logo antes de ter início a “task force cittadinanza”, o mutirão ordenado pelo governo italiano com a pretensão de colocar fim às enormes filas dentro de um prazo de dois anos ou, no máximo, dois anos e meio.

O texto, a certa altura, transcreve impressões do presidente do Comites do Recife, Salvador Scalia, para quem, devido à demora no atendimento e às inúmeras propostas não consideradas pela burocracia italiana, já está havendo uma espécie de “ressentimento” entre os ítalo-brasileiros, exatamente num momento em que a Itália, devido à crise que atravessa, poderia ter um apoio maior desse grande contingente de admiradores que vivem no exterior, em especial, no Brasil.

CIDADANIA:
A TASK FORCE E O MISTÉRIO DOS ENFILEIRADOS

NÚMEROS QUE NÃO BATEM

QUANTOS ERAM, EXATAMENTE, OS ÍTALO-BRASILEIROS NA FILA DA CIDADANIA ITALIANA QUANDO COMEÇOU A TASK FORCE? A DISCREPÂNCIA DOS DADOS OFICIAIS CHEGA A MAIS DE 150 MIL

Números são números e falam por si: no final de junho último, eram 244.330 os processos e/ou pedidos individuais de reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue que dormiam nas gavetas dos consulados italianos que operam no Brasil. Sabendo-se que cada processo pode abrigar muitos interessados de uma mesma família, eles dão uma idéia do tamanho atual das chamadas “filas da cidadania” – o principal problema a preocupar, há muitos anos, a comunidade ítalo-brasileira e para cuja solução a burocracia italiana tem se demonstrado frustrantemente incapaz, apesar dos esforços sempre alegados. Só no desentupimento das gavetas, isto é, sem considerar os novos pedidos que entram todos os dias, tais números projetam um tempo de espera médio superior a cinco anos para uma resposta que a lei e a justiça italiana prevêm tenha que ser dada em, no máximo, 240 dias.

Em 2009, quando teve início a “task force” – o mutirão com recursos orçamentários para colocar fim ao vergonhoso panorama de quase negação do direito constitucional de ítalo-descendentes na América do Sul – as autoridades italianas repetiam alvissareiramente que o problema seria resolvido em dois anos, no máximo dois anos e meio. Mas, quase quatro anos depois, a fila, dependendo de como ela for olhada, é maior que em 31 de dezembro de 2008, quando os processos (plúrimos e/ou individuais ou, como se assinalava, “istanze/richieste individuali di appuntamento giacenti al 31/06/2008”) dos enfileirados somavam 145.704 (na tabela de 31 de março de 2010)…

Ou 245.594 (na tabela de março de 2011)…

Ou 297.064 (na tabela de junho de 2012).

Todos os três números em progressivo, substancial e incompreensível aumento são “verdadeiros” e oficiais, dependendo da tabela consultada dentre as fornecidas ao longo do tempo. É como se aqueles números encontrados nas gavetas em 31 de dezembro de 2008 (os únicos que não poderiam mudar, salvo grave erro no ato da contagem inicial, fato que em momento algum foi explicitado pela burocracia romana sempre relutante em fornecer informações claras sobre o andamento do mutirão) tivessem a transcedental faculdade de se multiplicar.

“ATO DE LEVIANDADE”

– Esse inexplicado desencontro, ou diferença, de exatos 151.360 processos (quantidade maior mesmo que o próprio número inicialmente divulgado de toda a fila existente) que salta aos olhos num trabalho comparativo pode, entretanto, estar a serviço de alguma outra realidade. Alguns a querem a serviço dos sabidos fura-filas (pessoas que tiveram atendimento preferencial em nome dos “altos interesses” italianos, tipo autoridades, personalidades ou, simplesmente, favorecidos), outros a debitam na categoria da desorganização; ou às duas.

É bem verdade que das últimas duas tabelas publicadas pela revista Insieme, os órgãos de imprensa não receberam cópias oficialmente. Mas elas foram obtidas de fontes confiáveis e seguras, frustrando, no caso da atual, a tentativa da proibição oficial de divulgação com a qual estranhamente concordaram os maiores representantes da comunidade ítalo-brasileira – os presidentes de Comites reunidos em assembléia no Rio de Janeiro, dia 10 de setembro, convocados, entre outros assuntos da ordem do dia, exatamente para protestar contra o silêncio da Embaixada da Itália no Brasil em relação a um pedido formal do Intercomites que reclamava informações sobre o andamento da “task force”.

Num país que se orgulha de sua estável democracia como a Itália, quando se trata das filas da cidadania para ítalo-brasileiros, entregar a um periódico uma mera tabela sobre o andamento dos trabalhos da fracassada “task force” pode ser considerado ato de “leviandade”, como classificou à época o embaixador Gherardo La Francesca em pessoa. Ou, como se apurou da última vez, a “omertà” teve como fundamento a inconsistente e quase pueril alegação de que os números são de difícil compreensão, devendo ser explicados, caso a caso, pelos consulados…

“O que não dá para entender – segredou uma fonte a Insieme – é o motivo de tanto mistério acerca da administração de um direito que as pessoas têm, mas que, com ou sem crise, continuam a ser ludibriadas e enganadas de todas as formas, como se fossem palhaços manipulados num picadeiro”. Um comportamento burocrático que, por vezes, parece estar próximo da má-fé, como ocorreu com a instituição das filas eletrônicas, quando os requerentes hipoteticamente inscritos ficaram sem documento algum (protocolo) para exibir perante a Justiça em eventuais reclamações. Foi isso, aliás, que frustrou a avalanche de processos ensaiada por uma entidade italiana que colocou advogados à disposição dos interessados a preços acessíveis. Para caracterizar a falta do serviço público (no caso, a demora excessiva no atendimento), é preciso comprovar que o pedido foi protocolado.

O tema, que há muito inflama o debate de infindáveis grupos de discussão nas redes sociais (Brava Gente, Italiani in America Latina e Dintorni, Trentini in Brasile) tem a ver com direitos fundamentais e, em torno deles, nascem novos argumentos em substituição aos antigos, decorrentes apenas da italianidade e do orgulho italiano. Seus protagonistas falam mais em TAR (Tribunale Amministrativo Regionale) que em “tricolore”… Foi assim que na mesma reunião do Rio de Janeiro, os conselheiros reunidos em torno de Gabriele Annis, da Embaixada, tiveram que ouvir de Claudia Antonini, uma aguerrida conselheira do Comites de Porto Alegre, que também trabalha com encaminhamentos de pedidos de reconhecimento da cidadania italiana (ver artigo dela à frente), duras críticas à atuação dos consulados italianos que operam no Brasil. “Somos prejudicados, humilhados e ofendidos”, disse ela, ao apontar, na farta legislação italiana, os procedimentos que podem ser punidos por desrespeito a normas que subordinam em seus afazeres os funcionários públicos e, conseqüentemente, também os senhores Cônsules, em tudo representantes do governo peninsular.

OBSTACULARIZAR – “O que se observa – disse então Claudia ao site de Insieme – é uma forma de, a todo custo, obstacularizar o reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue”. A extensa compilação de leis, decretos, normas e enunciados que norteiam e disciplinam o serviço público italiano foi uma necessária e oportuna chamada à letra fria das obrigações de fazer e até à lembrança de que recusar ou dificultar aos ítalo-brasileiros a obtenção do direito ao reconhecimento da cidadania italiana “ius sanguinis” (equivalente ao registro de nascimento de uma pessoa) pode dar punição à autoridade italiana responsável pelo setor.

O chamamento às disposições legais ocorre quando as fronteiras das tentativas de cooperação se estreitam e assumem forma de ultimato: se não há recursos, como sempre se alegou, institua-se uma taxa extraordinária para o serviço; os usuários estão dispostos a pagar por ele. A proposta, ventilada inicialmente pelo deputado Fabio Porta (edição 165 de Insieme), foi encampada formalmente pelo Intercomites e provavelmente será um dos temas da próxima reunião do chamado “sistema Itália”, no começo de novembro próximo, na sede da Embaixada, em Brasília. O assunto, entretanto, é velho conhecido: na edição 95, de novembro de 2006, da revista Insieme, o mesmo Intercomites, então presidido coincidentemente pelo mesmo Gianluca Cantoni que atualmente o preside, divulgava documento propondo a “terceirização supervisionada” de alguns serviços, como contribuição no objetivo de dar cabo às filas da cidadania. Talvez estivesse empolgado com a exceção parcialmente aberta pelos consulados aos descendentes de imigrantes trentinos, que têm legislação peculiar e que lograram êxito em algum tipo de colaboração com os trabalhos consulares. Mas embora a proposta do Intercomites fosse considerada boa e razoável, frequentemente reiterada aqui e ali, sequer obteve resposta objetiva da burocracia romana. “Ninguém respondeu”, diz hoje, monossilabicamente, Cantoni.

A matéria, que continua a intrigar muita gente, já passou a ser parte de debates também acadêmicos. O último deles de que se tem conhecimento foi provocado pelo jovem advogado Elton Diego Stolf, em sua recente dissertação de mestrado perante o curso de Pós-Graduação em Direito do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina. Sob o título “A cooperação não-governamental para o reconhecimento da nacionalidade italiana”, Stolf desce fundo na análise do problema e encontra na colaboração parcialmente consentida aos círculos trentinos um exemplo a ser seguido para a solução do problema. “Esta nova perspectiva das atividades da rede consular italiana desenvolvida e concluída pelas entidades trentinas – escreveu Stolf – sugere o início de uma nova era de serviços consulares praticados por associações culturais em benefício dos seus associados, em plena parceria com a Administração pública em funções que até pouco tempo atrás eram exclusivas das repartições consulares”.

TARDE DEMAIS? – Resta saber se a burocracia romana, até aqui assim indiferente a todas as propostas de colaboração, está interessada nessa “nova era”. Talvez – apostam alguns -, em função dos tempos de crise, sim. Afinal, a velha Bota já está dando sinais de que precisará outra vez do Brasil para resolver seus agudos problemas numa Europa atormentada pela crise financeira. Mas também é provável que agora, qualquer sinal neste sentido seja um pouco tarde demais. No dizer do presidente do Comites do Recife, Salvador Scalia, já são bastante evidentes os sinais daquilo que ele chama de “ressentimento”. Quase a mesma coisa que uma certa indiferença, desinteresse.. mais que isso.

Explicando melhor: largas faixas de antes milhares de interessados no reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue cansaram de bater às portas dos consulados, sem obter, nem simpatia, nem resposta objetiva e pronta na longa espera para ver reconhecido um direito constitucional, sim, mas, na grande maioria, ditado apenas pelo coração – um músculo que faz pouca diferença entre amor e ódio. Assim, simplesmente, se desinteressaram ou perderam “aquele orgulho italiano” que os movia naquela direção.

Segundo Scalia, esse desinteresse dos ítalo-brasileiros pode vir a ser muito mais desinteressante para a Itália. Em outras palavras, é o que vem há tempo dizendo, inclusive no Parlamento Italiano, onde ocupa uma cadeira, o deputado Fabio Porta. Para ele, a política italiana, com relação aos ítalo-descendentes esparramados pelo mundo, é vesga e míope quando corta recursos para a difusão da língua e da cultura italiana e não se dispõe a superar seus antigos ranços contra a comunidade ítalo-brasileira enfileirada atrás de um interesse que, antes de qualquer outra coisa, deveria orgulhar a Itália. Não fosse por outros motivos, pelo simples fato de, hoje, constituir a comunidade que disputa com os russos a primeira fila de turistas mais gastões em território peninsular.

O preconceito contra os ítalo-brasileiros – na verdade, a maior comunidade itálica do mundo fora da Itália – seria tão grande a ponto de a literatura consular revolver velhas questões como aquela que evoca o fato de a lei atualmente em vigor ser do início do século passado embora somente agora, cem anos depois, “esses descendentes resolveram reivindicar um direito negligenciado pelos seus ancestrais”. Ora, a história do Brasil, que pode ser lida em qualquer compêndio, está aí para explicar as questões do Estado Novo, do período militar, etc., que desaconselhavam, para falar o menos, qualquer manifestação de amor ao pátrio sangue por parte de italianos, alemães e japoneses, principalmente.

Ademais, se há alguém culpado pela não procura intensiva, antes da década de 80, do reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue, este estaria localizado na própria estrutura consular italiana: ela nunca divulgou tal direito às massas. O passaporte vermelho (agora europeu) sempre constituiu uma espécie de “moeda de troca” muito bem usada pela diplomacia peninsular, incluindo até casos de interesse particularíssimo de cônsules (e, digamos, nem sempre ortodoxos!). Poderíamos, aqui, até lembrar casos de passaportes “indevidamente” concedidos e que foram, assim que explodiram as demandas, rapidamente confiscados.

Por essas e por outras razões, pois, não há como deixar de concordar com observações feitas por Cláudia Antonini, em sua exposição realizada perante o conselho do Intercomites, no Rio de Janeiro, onde ela, vigorosamente, também rechaçou exigências e medidas consulares procrastinatórias, adotadas sem base legal, sob a alegação de genérica acusação de falsificações de documentos ou de eventuais atos de estelionato.

“Atribuir aos oriundos e aos seus antepassados ‘ilegítimo comportamento’ – escreveu ela – e sugerir a falsificação de atos como prática comum, é uma clara demonstração de preconceito e ignorância”. Quem conhece a história da imigração – arremata Antonini – “sabe que o acesso aos serviços consulares era limitado e insuficiente e que não era admitida a prática da dupla cidadania tanto pelo Brasil, quanto pela Itália”.

 


LA TASK FORCE ED IL MISTERO DI QUELLI IN FILA

I NUMERI NON CORRISPONDONO

QUANTI ERANO, ESATTAMENTE, GLI ITALO-BRASILIANI NELLA FILA DELLA CITTADINANZA QUANDO INIZIÒ LA TASK FORCE?

LA DIFFERENZA TRA I DATI UFFICIALI ARRIVA A SUPERARE LE 150.000 UNITÀ

I numeri parlano da soli: alla fine di giugno erano 244.330 i processi/richieste individuali di riconoscimento della cittadinanza italiana per diritto di sangue che si trovavano nei cassetti dei consolati italiani che operano in Brasile. Sapendo che ogni domanda può includere molti interessati della stessa famiglia, danno un’idea dell’attuale dimensione della cosiddetta “fila della cittadinanza” – la più grande preoccupazione, da anni, della comunità italo-brasiliana e per la cui soluzione la burocrazia italiana si è dimostrata così impotente, pur in presenza di supposti sforzi. Solo parlando delle pratiche chiuse nei cassetti, ossia senza considerare le nuove domande che giungono quotidianamente, i numeri ci portano a tempi di attesa medi superiori ai cinque anni, ciò per ottenere una risposta che la legge e la giustizia italiana prevedono sia data in massimo 240 giorni.

Nel 2009, quando iniziò ad operare la task force – quel complesso di risorse messe in campo ad hoc per porre fine al vergognoso panorama di quasi negazione del diritto costituzionale degli italo-discendenti nell’America del Sud – le autorità italiane ripetevano con insistenza che il problema sarebbe stato risolto in due anni, al massimo due anni e mezzo. Ma, quasi quattro anni dopo, la fila, a seconda di come la si guarda, è più grande del 31 dicembre 2008, quando i processi (plurimi e/o individuali o, come si indicava, “istanze/richieste individuali di appuntamento giacenti al 31/06/2008”) di quelli in fila sommavano a 145.704 (nella tabella dl 31 marzo 2010)…

O 245.594 (nella tabella di marzo 2011)…

O 297.064 (nella tabella di giugno 2012).

Tutti e tre numeri in progressiva, sostanziale ed incomprensibile crescita sono “veri” ed ufficiali, visto che sono estratti dalle tabelle fornite nel corso del tempo. Un po’ come se quei numeri trovati nei cassetti il 31 dicembre 2008 (gli unici che non potrebbero cambiare a non essere che ci fosse stato, all’epoca, un clamoroso errore iniziale, cosa mai sostenuta dalla burocrazia romana sempre riluttante al fornireinformazioni chiare sull’andamento dei lavori della task force) avessero la capacità di moltiplicarsi.

“UNA LEGGEREZZA” – Questo inspiegabile disaccordo, o differenza, di 151.360 pratiche (una quantità più grande dello stesso numero inizialmente diffuso di tutta la fila esistente) salta agli occhi se si fa un lavoro di confronto e che può essere giustificato da altre realtà. Certi sospettano a vantaggio di quelli che riescono a saltare la fila (persone che hanno avuto preferenze nell’accoglimento della pratica in nome di “alti interessi” italiani come autorità, personalità o semplicemente favoritismi), altri danno la colpa alla disorganizzazione; forse entrambe.

È anche verità che delle ultime due tabelle pubblicate dalla rivista Insieme, gli organi di stampa non ne hanno ricevuto ufficialmente copia. Esse sono state ottenute da fonti affidabili e sicure, frustrando, nel caso dell’attuale, i tentativi ufficiali di proibirne la diffusione, come stranamente confermato anche dai più importanti rappresentanti della comunità italo-brasiliana – i presidenti dei Comites riuniti in assemblea a Rio de Janeiro il 10 settembre scorso convocati, tra gli altri argomenti all’ordine del giorno, proprio per protestare contro il silenzio dell’ambasciata d’Italia in Brasile a proposito di una formale richiesta dell’Intercomites che chiedeva informazioni sull’andamento della task force.

In un paese come l’Italia che orgogliosamente si dichiara una stabile democrazia, se si tratta di file della cittadinanza di italo-brasiliani, presentare ad un mezzo stampa una semplice tabella sull’andamento dei lavori della inconcludente task force può essere considerato una leggerezza, così come dichiarato dallo stesso ambasciatore Gherardo La Francesca. O, come si è scoperto per l’ultima volta, l’omertà aveva come fondamento l’inconsistente e quasi puerile giustificazione che i numeri sono di non facile comprensione, dovendo essere spiegati caso per caso dai consolati…

“Ciò che non si capisce – dichiarazione di una nostra fonte – è la ragione di tanto mistero sulla gestione di un diritto che le persone hanno ma che, in tempi di crisi, continuano ad essere illuse e ingannate in tutti i modi, come se fossero dei pagliacci da muovere a piacere”. Un comportamento burocratico che quasi può sfociare a far credere nella malafede, come è successo per l’istituzione delle file elettroniche, quando i richiedenti teoricamente iscritti non avevano comunque nessun tipo di ricevuta che comprovasse il loro inserimento nella fila, per eventualmente poter successivamente reclamare. Anzi, è stato proprio questo che ha frustrato la valanga di processi presentati da un’entità italiana che aveva messo a disposizione degli interessati avvocati a prezzi modici. Per poter denunciare la mancanza di un servizio è necessario provare che la richiesta è stata inoltrata e chi era nelle file elettroniche non poteva provare da quanto tempo vi fosse e se vi fosse.

L’argomento, che da molto infiamma il dibattito di interminabili gruppi di discussione sulle reti sociali (Brava Gente, Italiani in America Latina e Dintorni, Trentini in Brasile) ha a che vedere con diritti fondamentali e su questi nascono nuovi argomenti in sostituzione dei più vecchi che erano legati solo all’italianità e all’orgoglio italiano.

I suoi protagonisti parlano più di TAR (Tribunale Amministrativo Regionale) che di “tricolore”…così che nella stessa riunione di Rio de Janeiro, i consiglieri riuniti con Gabriele Annis dell’Ambasciata, hanno dovuto sentire da Claudia Antonini, agguerrita Consigliere del Comites di Porto Alegre che lavora anche con la presentazione di richieste di riconoscimento della cittadinanza italiana (si veda più avanti un suo articolo), dure critiche la modo di lavorare dei vari Consolati italiani in Brasile. “Siamo pregiudicati, umiliati ed offesi”, ha tuonato lei indicando, nella ricca legislazione italiana, i processi che possono essere puniti per mancanza di rispetto delle norme che obbligano ai loro doveri i funzionari pubblici e, quindi, anche i signori Consoli, a pieno titolo rappresentanti del governo della penisola.

PORRE OSTACOLI – “Quello che si nota – ha detto Claudia al sito di Insieme – è una forma, portata all’esasperazione, di ostacolare il riconoscimento della cittadinanza italiana per diritto di sangue”. L’ampia elencazione di leggi, decreti, norme ed enunciati che indicano e disciplinano il servizio pubblico italiano è stata una necessaria forma per fare il punto delle obbligazioni del fare e un avviso a che, rifiutandosi o ostacolando agli italo-brasiliani il diritto al riconoscimento della cittadinanza italiana “ius sanguinis” (un po’ come l’atto di nascita), può causare punizioni alla stessa autorità italiana responsabile del settore.

Il richiamo alla legge è necessario quando le vie della cooperazione si rendono difficili ed assumono una forma di ultimatum: se non ci sono risorse, come da sempre si sostiene, si istituisca una tassa straordinaria per questo servizio; i richiedenti sono disposti a pagarla. La proposta, ventilata inizialmente dal deputato Fabio Porta (Edizione n. 165 di Insieme) è stata presentata ufficialmente dall’Intercomites e probabilmente sarà uno dei prossimi temi della riunione del cosiddetto “sistema Italia”, all’inizio di novembre prossimo, presso l’Ambasciata a Brasilia.

Purtroppo è un argomento vecchio e conosciuto: nell’edizione n. 95, novembre 2006 della rivista Insieme, lo stesso Intercomites, allora presieduto dallo stesso Gianluca Cantoni, ancora oggi nell’incarico, diffondeva un documento proponendo di “affidare a terzi sotto supervisione” determinati servizi, giustamente per porre fine alle file della cittadinanza. Forse all’epoca c’era l’entusiasmo della straordinaria apertura all’accesso alla cittadinanza per la comunità trentina, con una legge speciale e ottenendo buoni risultati di collaborazione neii lavori consolari. Seppur la proposta dell’Intercomites fosse considerata buona e ragionevole, spesso riproposta qui e là, non è mai arrivata una risposta definitiva dalla burocrazia romana. “Nessuno ha risposto”, dice oggi a monosillabi Cantoni.

L’argomento, che continua ad interessare molte persone, è persino divenuto tema di dibattiti accademici. L’ultimo di cui se ne abbia notizia è stato provocato dal giovane avvocato Elton Diego Stolf, nella sua recente dissertazione al Master del corso di Post-Laurea in Diritto del Centro di Scienze Giuridiche dell’Università Federale di Santa Catarina. Dal titolo “La cooperazione non governativa per il riconoscimento della nazionalità italiana”, Stolf va a fondo nell’analisi del problema e trova nella collaborazione dei circoli trentini un modo per risolvere il problema.

“Questa nuova prospettiva delle attività della rete consolare italiana portata avanti e conclusa dalle entità trentine – scrive Stolf – suggerisce l’inizio di una nuova era dei servizi consolari praticati da associazioni culturali a favore dei loro associati, in piena collaborazione con l’Amministrazione Pubblica per funzioni che fino a poco tempo fa erano esclusive dei dipartimenti consolari”.

TROPPO TARDI? – Bisogna ora capire se la burocrazia romana, fino ad oggi indifferente a tutte le proposte di collaborazione, sia interessata a questa “nuova era”. Forse – scommettono alcuni – a causa della crisi sì. In fin dei conti, il Vecchio Stivale già sta dando segnali che avrà di nuovo bisogno del Brasile per risolvere i suoi gravi problemi in un’Europa tormentata dalla crisi finanziaria. Ma è anche probabile che ora, qualunque sia il segnale, sia troppo tardi. Come dice il presidente del Comites di Recife, Salvador Scalia, sono già molti i segnali di ciò che lui definisce “risentimento”. Insomma, indifferenza, disinteresse… e ancor di più.

Ossia: molte delle migliaia di persone che prima erano interessate nel riconoscimento della cittadinanza italiana per dirittto di sangue si sono stancate di bussare alle porte dei consolati, senza ottenere attenzioni, risposte per vedersi riconosciuto un diritto che sì, è costituzionale, ma soprattutto motivato da ragioni del cuore – un muscolo che passa rapidamente dall’amore all’odio. Così se ne disinteressano, perdono quell’”orgoglio italiano” che li muoveva in quella direzione. Secondo Scalia, il disinteresse degli italo-brasiliani potrebbe divenire un boomerang per l’Italia. In altre parole è quello che da tempo dice, anche nel Parlamento Italiano dove ne occupa uno scranno, il deputato Fabio Porta. Secondo lui, la politica italiana, sull’argomento italo-discendenti sparsi per il mondo è cieca e miope nel tagliare risorse alla diffusione della lingua e della cultura italiana, senza cercare di superare antichi dissapori con la comunità italo-brasiliana in fila dietro un interesse che, prima di tutto, dovrebbe rendere l’Italia orgogliosa. Se non altro per essere la comunità che, insieme ai russi, sta divenendo la più spendacciona quando si reca in visita turistica della Penisola.

Il preconcetto contro gli italo-brasiliani – in realtà la più grande comunità italica del mondo fuori dall’italia stessa – è così grande da arrivare al punto che gli ambienti consolari si appellano al fatto che la legge attualmente in vigore è antichissima (inizio secolo scorso) e solo ora, 100 anni dopo, “questi discendenti hanno deciso di rivendicare un diritto del quale i loro avi se ne erano disinteressati”. Ma la storia del Brasile, che si può leggere facilmente grazie ai vari strumenti, è anche fatta di Stato Nuovo, periodo militare, ecc., periodi che sconsigliavano qualsiasi manifestazione di amore per un’altra patria, in particolare se italiani, tedeschi e giapponesi.

Anzi, se bisogna ricercare un colpevole del disinteresse precedente agli anni ’80 per il riconoscimento della cittadinanza italiana per diritto di sangue, questo va cercato nella stessa struttura consolare italiana: la possibilità di questo diritto non era divulgata. Il passaporto rosso (ora europeo), è sempre stato una “moneta di scambio” molto ben usata dalla diplomazia italiana, compresi casi di interessi molto particolari di consoli (e non sempre di maniere ortodosse!). Potremmo anche ricordare di casi di passaporti “ingiustamente” concessi e che, quando le domande esplosero, ritirati.

Per questa e altre ragioni non si può non essere d’accordo con le osservazioni di Claudia Antonini esposte all’assemblea Intercomites a Rio de Janeiro dove lei, con forza, ha contestato provvedimenti consolari adottati senza fondamenti legali, sostenendo solo generiche falsificazioni di documenti o eventuali atti di frode.

“Attribuire agli oriundi ed ai loro avi “illeggittimo comportamento” – ha scritto – e sostenere la falsificazione di atti come pratica comune è una chiara dimostrazione di preconcetto e ignoranza”. Chi conosce la storia dell’immigrazione – aggiunge – “Sa che l’accesso ai servizi consolari era limitato ed insufficiente e che non era ammessa la pratica della doppia cittadinanza, tanto da parte del Brasile come dell’Italia”. (Tradução Claudio Piacentini – Roma)