O conteúdo abaixo transcrito é parte do material a respeito publicado na edição de março da Revista Insieme

CURITIBA – PR – O clima em Curitiba é de “moderado otimismo”, segundo resume o cônsul Riccardo Battisti. Desde que foram reabertos os serviços de recebimento de novos pedidos de reconhecimento de cidadania, no início de junho de 2007, foram processados cerca de 7.000 requerimentos individuais.
No mesmo período, entretanto, novos 6.500 pedidos deram entrada, restando um saldo positivo de cerca de 500 processos.
Para Battisti, este é o nó da questão: com o início dos trabalhos da “task force” no começo de março, este ritmo deverá aumentar bastante, talvez sete mil ou oito mil, ou até 10 mil processos atendidos por ano. Mas se o número das novas demandas for muito elevado, a tendência é o problema das filas continuar indefinidamente. Uma coisa é certa: a fila inicial de mais de 80 mil interessados já não mete mais tanto medo.
Segundo o cônsul Battisti, hoje já é possível ter uma idéia de que apenas cerca de 40% dos que estão (ou estavam) na fila continuam de fato interessados na cidadania. Muitos desistiram, alguns até morreram, outros já resolveram o problema realizando o processo na própria Itália.
Há também a questão da estimativa do número de requerentes por núcleo familiar. Assim, aqueles 22 mil processos de núcleos familiares representariam, de fato, aproximadamente 32 mil pedidos individuais. Se com a “task force” forem atendidas dez mil solicitações por ano, ao cabo de três anos a fila estaria liquidada. Não é aquele prazo “muito otimista” anunciado (falou-se em dois anos, ou dois anos e meio (Insieme 113, maio/2008 – entrevista Mario Trampetti), mas, de qualquer forma, há uma luz no fim do tunel.
Tudo, entretanto, vai depender de como se comportar a demanda que, pelo visto, não arrefecerá: em Curitiba, o agendamento de novos processos ocupa o calendário dos próximos dois anos e há algum tempo está bloqueado.
Battisti lembra que neste cômputo não entram os mais de 12 mil pedidos de descendentes de imigrantes trentinos, nem as “legalizações” de documentos enviados pelas prefeituras italianas, que estão sendo atendidos à razão de sete a dez pedidos por dia.
Nas contas do Cônsul Geral está, entretanto, um outro complicador: desde que chegou em Curitiba, o número de cidadãos regularmente inscritos no Consulado pulou, em números redondos, de 30 para 40 mil. Com a “task force” este número aumentará significativamente, aumentando também a demanda por serviços permanetes da parte desses “novos cidadãos” (passaportes, vistos, etc).
Tudo isto remete a uma outra questão ainda não solucionada: a sede do consulado em Curitiba não comporta este aumento de atividades. O pedido de uma nova e mais ampla sede continua pendente em Roma e, devido à crise, provavelmente não será atendido tão logo. Isso fez com que Battisti mudasse de tática: pedir o mínimo necessário para tocar os serviços: recursos para reformar a sede atual e o aluguel de outro conjunto para abrigar a ampliação do quadro de funcionários permanentes (no total, mais 6).
O “moderado otimismo” de Battisti não se dissipa nem mesmo quando admite que este ano está com menor número de digitadores que ano passado, conseqüência dos cortes orçamentários que atingiram praticamente todos os setores do governo italiano.
Segundo Insieme apurou, seis trabalhadores locais, incluindo a recepcionista, foram dispensados no início do ano.
Para o presidente do Comites Pr/SC, Gianluca Cantoni, o principal problema do Consulado de Curitiba, hoje, está ligado à falta de espaço adequado para a “task force”. Ele reforça um argumento do cônsul Battisti: nos últimos 21 meses (a partir de 01/06/2007), foram analisados 7076 processos de cidadania, enquanto as “novas entradas” somaram 6532 no mesmo período. “É claro – assegura Cantoni – que os processos são analisados em ordem cronológica de chegada, isto é, primeiro os mais antigos”. 

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