CURITIBA – PR – O problema das longas “filas da cidadania” à espera de atendimento diante dos consulados italianos que operam no Brasil foi levado, em tom de “denúncia contra a administração pública italiana”, à Assembléia do CGIE – Conselho Geral dos Italianos no Exterior que se encerra hoje, sexta-feira (07.12.2012) na Farnesina, sede do Ministério das Relações Exteriores do governo italiano, em Roma.

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Falando da tribuna, e ostentando a capa da edição de outubro da revista Insieme (“Noi, i pagliacci?”), o conselheiro Walter Petruzziello, um dos quatro brasileiros no Conselho, denunciou a liegalidade das filas que em alguns casos se alongam por mais de dez anos, pedindo providência às autoridades italianas. Segundo o próprio Petruzziello, suas palavras foram secundadas pelo deputado Fabio Porta que também falou do problema na sequência. “Entreguei a revista à Diretora Geral dos Italianos no Exterior , que me prometeu estudar o assunto e dar uma resposta”, escreveu o conselheiro no grupo virtual “Brava Gente”.

Duas imagens da plenária do CGIE, que se desenvolve na Farnesina, em Roma (Fotos Walter Petruzziello via iPhone)

O mesmo tema foi tratado na Comissão da América Latina, segundo informa Petruzziello à redação de Insieme: “Disse que o que eu estava falando não era uma explanação, mas uma denúncia contra a administração pública italiana”. Os integrantes da Comissão, segundo Petruzziello, “considerou um absurdo”. Igualmente, o assunto foi levado à Comissão III – sobre direitos civis, politica e participação.

Segundo Petruzziello, “não sei se dará resultado, mas acho que estamos fazendo bastante barulho para que escutem nossa voz”: Na presença de representantes do governo italiano, políticos e conselheiros de todo o mundo “denunciei a situação das filas no Brasil e sua ilegalidade citando leis e decretos. Utilizei, como prometido, a revista Insieme e também os apontos da Antonini”, completou Walter Petruzziello.

Para sessão de encerramento, nesta sexta-feira, Petruzziello prepara uma moção que deverá ser apresentada à votação da plenária final. A Assembléia do CGIE foi iniciada na segunda-feira e está tratando de assuntos gerais como política italiana, situação dos consulados italianos, língua e cultura italiana no mundo, além de problemas ligados ao futuro da própria entidade e dos Comites. Num breve relato, Petruzziello expôs algumas de suas ações: “Na plenária, fui o primeiro a usar a palavra após o relatório de governo, de um senador e de um deputado. Usei a tribuna, pois normalmente falo de meu lugar sentado. Levantei a voz. Disse que o que acontecia no Brasil era ilegal e imoral. Para não cumprir a lei, inventou-se a fila e a situação está se tornando insuportável . Mostrei a revista Insieme da tribuna e depois distribui, inclusive aos parlamentares e à Ministra Ravaglio, nova Diretora dos Italianos no Exterior. Ela ficou de verificar a situação e dar alguma posição. Vejo na plenária muitos conselheiros e parlamentares folheando a revista. Devo disser que a matéria foi muito importante para ilustrar minha fala. Muitas vezes levantei os problemas no CGIE, mas dessa vez levantei a voz e disse que eu não estava usando a palavra para falar sobre um problema mas para fazer uma denúncia. Denúncia contras a administração publica que não respeita a lei. Ninguém acreditava que tem que esperar 10 anos para ser chamado”.

Em outro trecho de seu relato, Petruzziello afirma ter lembrado que o reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue deve ser feita no prazo máximo de 240 dias, mas “como a administração pública não respeita a lei, criou uma imoral fila de espera. Quando alguém pede que a lei seja respeitada, encontra-se a desculpa que está na lista de espera e que, portanto, deve esperar para ser chamado. E essa espera pode durar também dez anos”. Então – senhores conselheiros – a administração pública deve tomar uma medida para resolver essa ilegalidade ou caminharemos para um confronto entre a pública administração e as comunidades italianas no Brasil e isso seguramente não fará bem a ninguém. Esta manifestação da revista Insieme deixa claro que a situação está fugindo de qualquer normalidade”.