CURITIBA – PR – “Sem ter que enfrentar nenhuma fila, você poderá depositar diretamente na urna o seu envelope com as cédulas e os de seus familiares”. A recomendação é do candidato ao Senado italiano Edoardo Pollastri, no final da tarde de 01.04.2008, através de sua assessoria de imprensa. Pollastri foi o primeiro a se demonstrar preocupado com as conseqüências da greve dos carteiros deflagrada em boa parte do território nacional. Como se sabe, os italianos residentes no exterior participam das eleições italianas através do mecanismo do voto por correspondência. A greve acontece exatamente no meio desse processo, e exatamente no período em que os eleitores devem devolver os envelopes pré-selados aos consulados.

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“Não usar absolutamente as caixas de correio que se encontram nas ruas, pois seu voto será perdido”, admoestava ainda a assessoria do senador Pollastri. “È necessário entregas os envelopes com as cédulas diretamente na agência de correios mais próxima de sua casa”, era a outra recomendação. Entretanto, informações dos Correios não eram conclusivas sobre a continuidade da greve, decretada, a princípio, “para dar um susto no governo”.

O assunto preocupa a muitos, inclusive aos partidos italianos, diretamente envolvidos nas eleições, alguns deles com o apoio de integrantes do governo brasileiro, a quem os Correios de certa forma estão subordinados.

O jornal eletrônico L´Italiano, editado em Roma, na edição desse 02.04.2008, traz como manchete o “alarme voto”, nos seguintes termos: “Gravemente comprometido o voto no Brasil devido à greve dos correios”. Um artigo de Gian Luigi Ferretti fala em 200.000 votos em risco.

O problema é a dimensão territorial do Brasil, admitia já pela manhã do dia primeiro de abril a assessoria do sociólogo Fabio Porta, candidato à Câmara dos Deputados. Como fazer para recolher votos no interior do Mato Grosso, ou nos extremos do Rio Grande do Sul?

Os envelopes pré-selados contendo o voto dos cidadãos italianos regularmente inscritos nos serviços eleitorais italianos devem chegar aos consulados até as 16 horas do próximo dia 10. Os que chegarem após este horário não podem ser computados. O processo de distribuição do material para o voto foi realizado entre 26 e 30 de março e neste período em que é deflagrada a greve dos carteiros já acontecia a devolução do material eleitoral. Juntamente com o problema decorrente da greve, cresce também a preocupação com o problema de fraudes.

Todo o material eleitoral italiano no Brasil está utilizando o serviço Sedex dos Correios, que, a princípio não estava interrompido no início da greve. O problema, segundo Insieme conseguiu apurar, é que se perdurar o movimento grevista, o acúmulo de correspondências será muito grande, e prejudicará também o serviço básico que, por determinação legal e judicial, os carteiros terão que manter sob pena de imposição de penalidades. No caso das eleições italianas, entretanto, há um horário limite a ser cumprido e este é um problema com que se defrontam todos os candidatos, partidos e consulados (e também a Embaixada da Itália no Brasil) diretamente envolvidos no processo.