Em campanha para arrecadar fundos que viabilize a sua participação no IX Festepe – IX Festival de Teatro y Performance Internacional de Chancay, Lima, no Perú, no início de fevereiro, o Grupo Arte da Comédia de Curitiba levará ao Teatro do Museu Oscar Niemeyer, domingo próximo (15/01), a apresentação de “A loucura de Isabella”. A apresentação começará às 18 horas e cada ingresso a 20 reais será uma ajuda à viagem do integrantes do grupo que foi convidado, entre centenas de espetáculos, para representar o Paraná e o Brasil no festival peruano.
Segundo explica o italiano Roberto Innocente, diretor e fundador do grupo, “sair para o exterior, para um grupo brasileiro, é uma grande oportunidade de dar visibilidade e valor ao próprio trabalho”. Por isso, para viabilizar a viagem, o grupo lançou mão também de uma campanha de doações pela internet, através do Catarse, onde cada um pode doar o quanto quiser. “Se você puder e quiser nos ajudar, ficará para sempre em nossos corações”, diz Innocente.
Segundo ele explica, o estilo do grupo é inspirado na ‘Commedia dell’Arte’ italiana, “que eu conheço bem e pratico desde minha adolescência na Itália, com a ideia de criar uma ‘Comédia dell’Arte Brasil’, que chamamos de ‘Art Brazilian Comedy’, onde nossa finalidade é difundir, seja a grande cultura italiana, que é minha cultura, e, ao mesmo tempo, a cultura brasileira, que me adotou”.
O objetivo do momento é reunir pelo menos 18 mil reais para custear as passagens de dez atores mais o próprio diretor Innocente. O festival acontecerá de 1 a 4 de fevereiro e, segundo ele, outros projetos estão em andamento: “Além do Peru, estamos esperando resposta da Almagro, na Espanha, e de alguns festivais na Itália, onde tenho vários contatos”.
O grupo Arte da Comédia foi criado em 2005 e tem como foco o teatro popular de ruas. Segundo seu criador, ‘A loucura de Isabella’ surge com a finalidade de “fortalecer a identidade do grupo e levar para as ruas um espetáculo de qualidade artística acessível a todos. O projeto contemplou a formação e produção de um dos mais tradicionais espetáculos de ‘Commedia dell’arte’ italiana baseado no ‘canovaccio’ de Flaminio Scala. O período de preparação para a montagem do espetáculo dividiu-se entre uma intensiva oficina para formação e seleção dos atores e a criação do texto, máscaras, cenário, figurino, totalizando quatro meses de muito trabalho, amor e entrega”.
Um público de mais de 4 mil viu “A loucura de Isabella” em suas 20 apresentações gratuitas que aconteceram na Praça Santos Andrade, em Curitiba, ano passado. “Tivemos a honra de apresentar nosso trabalho para senhoras, senhores, crianças, adolescentes, donas de casa, trabalhadores do comércio local, universitários, moradores de rua que gentilmente abriram a porta de suas casas para que pudéssemos entrar e mostrar nosso trabalho, espectadores fieis que carinhosamente nos acolhiam em seus corações durante aquele breve período de 70 minutos – conta Innocente – “porque acreditamos que o teatro é isso! Doar toda uma vida por um breve instante. E assim, em meio a toda essa generosidade (que superou nossas expectativas) veio a grande notícia do convite para o Festepe”.
Ainda sobre o grupo, Innocente explica que ele tem a sua origem num projeto de pesquisa sobre a ‘Commedia dell’Arte’ italiana aplicada ao Brasil. Ao longo destes anos esta pesquisa foi-se aprofundando nos dois pontos principais já presentes em origem: 1) A busca por uma linguagem popular, que a partir da forma tradicional de teatro chamada ‘commedia dell’Arte’, pretende se comunicar com um público diversificado, independente do preparo acadêmico, condição social ou etnia. Para isso a escolha de trabalhar com máscaras (arquétipo) , privilegiar a linguagem corporal por meio de acrobacias, gags, jogos de cena facilmente reconhecíveis, sem contudo deixar de abordar temáticas complexas com riqueza e profundidade; 2) A busca por um teatro que aborde o Brasil e a idiossincrasia dos brasileiros como tema principal.”
O diretor acredita que “o teatro é um espaço importante para a construção da identidade cultural de um povo”. Assim, “a opção por um teatro que fale do Brasil, sua história e sua cultura por meio de uma linguagem popular, ilustra o pensamento que baseia o grupo em sua filosofia estética e social. Pelo fato de ser um trabalho de rua e de cunho popular, acreditamos que os nossos espetáculos possam trazer ao espectador mais elementos de reflexão, cumprindo, dessa forma, o papel original do teatro: o de ser um estímulo para o amadurecimento civil da sociedade”.