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A logo da chapa unitária, na inspiração de Walter Petruzziello: diversas tendências numa só equipe.

CURITIBA – PR – O exíguo prazo para a apresentação de listas eleitorais, que devem ser apoiadas por um número expressivo de subscritores em condições regulares, está forçando as diversas correntes dentro das comunidades italianas do Brasil à busca de um entendimento na formação de chapas únicas com vistas às eleições dos Comites – Comitati degli Italiani all’Estero, previstas para o dia 19 de dezembro próximo. Às vésperas do início do prazo (que começa amanhã, 09/10, e vai até o dia 19) para o registro das candidaturas, essa é a tendência que se verifica em Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife.

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Pela norma em vigor, cada chapa, para ter seu registro válido, tem que ser apoiada por, no mínimo, 100 subscritores nos Comites cuja jurisdição consular apresentarem até 50 mil eleitores, e por 200 subscritores naqueles em que o número de eleitores seja maior que 50 mil. As subscrições, para serem válidas, devem ser tomadas diante da autoridade consular italiana ou precisam apresentar firma reconhecida em cartório. Qualquer anormalidade nas subscrições pode tirar a chapa da contenda.

“Duzentas assinaturas com firma reconhecida desanima qualquer um… Fossem 50, todos fariam listas”, desabafa o advogado Luis Molossi, um dos candidatos já definidos em Curitiba. Coordenador do Movimento Associativo Italiani all’Estero – Maie, no Brasil, Molossi surpreendeu a todos com a adesão à chapa que está sendo montada sob a liderança de seu colega advogado Walter Antonio Petruzziello, atualmente um dos quatro representantes do Brasil no CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero. Como Molossi, aderiram à ideia também o atual presidente do Comites PR/SC, Gianluca Cantoni, que até poucos dias pretendia liderar uma chapa formada essencialmente por jovens, a quem prometia renunciar logo após as eleições. Até mesmo a tendência liderada pela deputada Renata Bueno, embora até agora não tenha se pronunciado formalmente sobre o tema, tem representante dentro da chapa que Petruzziello está “costurando”, sob o sugestivo nome “Tutti Insieme”.

A questão das subscrições foi um duro golpe imposto pelo Parlamento Italiano aos que pretendiam a partidarização dos Comites: a proposta que diminuía pela metade a exigência de subscritores estava vinculada àquela que desobrigava das subscrições as chapas que fossem formadas ou apoiadas por partidos ou movimentos políticos. Também por isso, deputada Renata Bueno chegou a fundar o movimento “Passione Italia”, numa espécie de contraponto ao Movimento do ítlo-argentino Ricardo Merlo. Como a emenda não passou, está em vigência a norma anterior.

 

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Capa da revista Insieme, edição de setembro.

Mas a questão das subscrições não é o único complicador dessas eleições para a renovação dos Comites, cujos conselheiros vinham tendo seus mandatos prorrogados desde 2009: todo eleitor italiano, mesmo inscrito no Aire – o serviço de registro oficial dos eleitores que residem no exterior – devem solicitar aos Consulados, até 30 dias antes das eleições (portanto, até o dia 19 de novembro) o envio do material eleitoral por correio. E esta solicitação deve ser realizada mediante o preenchimento de um extenso formulário, a ser acompanhado de cópia de documento de identidade.  Tal exigência poderá baixar o nível de participação dos eleitores a índices sem precedentes até aqui. O sistema escolhido eliminou a possibilidade de alguém comparecer pessoalmente nos consulados (ou diante de urnas em outros lugares estratégicos) e, ali, exercer o seu direito de voto, conforme previam algumas sugestões.

“Ficamos tanto tempo sem eleições e agora o governo impôs uma eleição em tempos muito estreitos, complicando tudo”,  observa o conselheiro Walter Petruzziello. “Por que – pergunta ele – não convocaram essas eleições ainda em julho… ou, por outra, por que não convocaram para março do ano que vem, dando tempo de, tranquilamente, todos se organizarem melhor?”. As dificuldades criadas pela democracia italiana constituem matéria de capa da revista Insieme do mês de setembro, em circulação.

Antevendo a possibilidade de uma muito fraca participação eleitoral, os consulados italianos e os próprios Comites estão sendo orientados a fomentar o assunto no seio das comunidades italianas. Mas, fora do restrito círculo dos diretamente interessados em alguma candidatura, a apatia ainda não foi quebrada. Em Recife, por exemplo, segundo o presidente do Comites atual, Salvador Scalia, que continua a informar não ser candidato, não existe sequer sinal de candidaturas até agora. Seria de imaginar que interesse uma eleição assim terá entre os eleitores.