u CURITIBA – PR – “Independentemente de obtermos ou não a vaga, o ‘Movimento Associativo Italiani All’Estero’ certamente sairá vencedor desta eleição”, disse o candidato a deputado nestas eleições italianas, Luis Molossi, de Curitiba-Pr. Ele respondeu a algumas perguntas colocadas pelo editor da Revista Insieme, jornalista Desiderio Peron, aos candidatos concorrentes pela Circunscrição Eleitoral do Exterior e residentes no Brasil. Molossi, que concorre na chapa encabeçada pelo ítalo-argentino Ricardo Merlo, constata que um dos problemas mais debatidos nesta campanha diz respeito ao atendimento nos consulados italianos da América do Sul que, apenas no Brasil, contabilizam uma fila superior a 500 mil pedidos de reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue. Confira a entrevista concedida por Molossi:

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n  Com que disposição está chegando ao fim da campanha eleitoral? 

 

LUIS MOLOSSI – Com a mesma que tivemos, junto com nossa equipe de trabalho, desde o início da campanha. Estamos concluindo um trabalho extenuante, mas de muita alegria pelos inúmeros contatos com gente boa que fizemos em todo o Brasil e na América do Sul e que certamente serão duradouros.  

 

n  A seu ver, quais foram os temas mais importantes debatidos nestas eleições de interesse da comunidade italiana no exterior? 

 

LUIS MOLOSSI – Praticamente todos os candidatos e, mesmo as chapas, com algumas pequenas variações, defendem as mesmas propostas e dizem ter condições de resolver os problemas mais graves, se eleitos. Se formos listar, temos, pela ordem, o problema de atendimento nos consulados que foi o mais recorrente, a questão da manutenção e difusão da língua e cultura italianas, a assistência social aos ítalo-sulamericanos mais necessitados e propostas para intercâmbio e estudo aos jovens. No nosso caso, do Movimento Associativo, um tema sempre esteve presente: a revitalização verdadeira das associações.   

 

n  Como analisa o comportamento geral dos candidatos em campanha e que sinais importantes obteve dos eleitores? 

 

LUIS MOLOSSI – Salvo alguma polêmica aqui ou ali, acredito que a preocupação da maioria dos candidatos foi de apresentar propostas e chegar mais perto do eleitor. Alguns candidatos se colocam como únicos baluartes da comunidade italiana, sendo que, todos sabem que têm apenas interesses pessoais e não representam ninguém, exceto eles mesmos. Da nossa parte, a resposta dos eleitores foi bastante positiva, pois não temos o perfil de segregar, mas sim de construir um caminho de diálogo e entendimento para o bem da comunidade italiana residente no exterior. 

 

n  Caso não alcance a eleição, pretende continuar atuando politicamente dentro da comunidade italiana e de que forma? 

 

LUIS MOLOSSI – Independentemente de obtermos ou não a vaga, o ‘Movimento Associativo Italiani All’Estero’ certamente sairá vencedor desta eleição e, como foi divulgado em nossas propostas durante a campanha, faremos um trabalho a longo prazo no sentido de integrar e garantir os direitos dos nossos irmãos italianos aqui residentes, fortalecendo as associações e seus participantes, bem como criando oportunidades aos jovens e assistindo os menos favorecidos.  

 

n  Poderia avaliar de alguma forma objetiva a influência da greve dos carteiros brasileiros, deflagrada no meio do processo eleitoral? 

 

LUIS MOLOSSI – As informações não são precisas, mas certamente algum impacto negativo trará. Talvez a abstenção possa fazer uma cortina de fumaça e nunca saibamos exatamente qual foi o número de votos que deixaram de chegar por conta da greve. Mais uma vez seremos prejudicados em relação à Argentina, por exemplo, devido a proporção de votantes, mas acredito que, com o tempo, os ítalo-brasileiros saberão fazer a sua parte, participando mais ativamente e nós temos um papel fundamental em convencê-los a isso. 

 

n  Entende que o processo eleitoral na Circunscrição Eleitoral do Exterior, da forma como está configurado, merece reparos, e onde? 

 

LUIS MOLOSSI – Considerando que esta é a segunda eleição parlamentar com votos no exterior, acredito que obtivemos avanços nesta oportunidade. Muita coisa ainda pode melhorar:

a) termos uma lista de eleitores correspondente ao ‘anagrafe’ pois muitos cidadãos não são chamados a votar;

b) corrigir as distorções nos endereços, pois encontramos inúmeros erros neste sentido nas listas de eleitores;

c) independente da questão legal nos obrigar a uma eleição inesperada, um prazo maior para a campanha é fundamental diante da falta de informações dos eleitores;

d) no mais, não devemos esquecer que nenhum sistema eleitoral é perfeito e que o fato de podermos participar é um diferencial que somente a Itália proporciona e devemos nos orgulhar disso.

 

n  Que prognósticos faz sobre o resultado eleitoral, no Exterior e na Itália? 

 

LUIS MOLOSSI – O Movimento Associativo Italiani All’Estero se apresenta para estas eleições com a bandeira da independência em relação ao nefasto bipolarismo mesquinho que existe na Itália. Nossa plataforma é a defesa dos interesses do imigrado seja a matéria de iniciativa da esquerda ou da direita. Nosso eleitor acredita nisso e certamente nos dará uma expressiva votação de modo a elegermos nossos representantes. Já a formação do novo Parlamento e Governo terá as mesmas dificuldades que o anterior recém dissolvido devido à lei eleitoral que certamente será modificada, esperamos que para melhor.  

 

n  Outras considerações sobre o tema que queira fazer 

 

LUIS MOLOSSI – Primeiro quero enfatizar que podemos fazer política sem ataques a adversários, sem mesquinharias, respeitando e discutindo apenas idéias e propostas. Nem sempre isso é possível pois existem candidatos que movimentam um verdadeiro exército e muitos recursos que não se sabe de onde vem em favor de suas próprias vaidades ou interesses pessoais, tratando os eleitores como meros atores de suas pretensões. Da minha parte, com os inúmeros contatos que fizemos durante a campanha, reuniões com dirigentes e pessoas ligadas aos movimentos associativos e muitos que vivenciam o universo cultural e social do italiano residente no exterior, temos a convicção que estamos no caminho certo e que os eleitores saberão escolher aqueles que melhor os representará no Parlamento Italiano. A estes eu quero agradecer de coração o apoio e a simpatia que sempre recebemos. O fácil todo mundo faz. O difícil é o que queremos fazer. 

 Molossi.