CURITIBA – PR – A interpelação sobre a situação das “filas da cidadania italiana”, feita pelo Intercomites à Embaixada da Itália no Brasil em meados de junho último, ainda não foi respondida e, para, discutir sobre o que está sendo considerada uma falta de consideração (“Mancanza di considerazione”) é que os presidentes dos Comites que operam no Brasil marcaram reunião, dia 24 próximo, no Rio de Janeiro. O encontro, segundo se apurou, deverá ocorrer na sede do Comites do RJ, com início já na parte da manhã.

Além do silêncio do governo italiano sobre as famigeradas “filas da cidadania” (calcula-se que mais de 500 mil pedidos de reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue entopem as gavetas dos consulados), o encontro servirá para discutir outros assuntos, entre eles o recente adiamento das eleições para a renovação dos Comites e o conseqüente “esticamento” dos mandatos dos conselheiros, eleitos para um período que terminou em 2009.

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Segundo o atual presidente do Intercomites, Gianluca Cantoni, que preside o Comites do Paraná e Santa Catarina, o encontro servirá também para análise da grave situação pela qual atravessam os próprios Comites, principalmente os do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Ainda conforme Cantoni, “estamos descontentes, mas não podemos nada fazer; não se pode pensar em demissões, pois, do contrário, seria nomeado um interventor (“comissario”)”. Espera-se – aduz Cantoni – que com o novo diretor do DGIEPM (o setor do MAE – Ministério das Relações Exteriores que se ocupa das políticas migratórias) as coisas venham a mudar.

Na interpelação ao embaixador Gherardo La Francesca, feita através de carta aberta, o Intercomites pedia informações sobre a Task Force, baseado na promessa do governo italiano, inicialmente cumprida, de fornecer trimestralmente um relatório sobre o andamento dos trabalhos. Um  trecho da carta dizia: “Solicitamos uma informação atualizada e detalhada relativamente ao andamento e às perspectivas do esforço no sentido de processamento do pesado acúmulo de processos de cidadania por direito de sangue no Brasil” (Sollecitiamo una informazione aggiornata e dettagliata relativa all’andamento e alle prospettive dell’impegno volto a smaltire il pesante accumulo dei processi di cittadinanza ‘ius sanguinis’ in Brasile”. O documento, com cópia encaminhada também ao deputado Fabio Porta, pedia formalmente uma reunião com o embaixador e, entre outras coisas, a adoção de procedimentos homogêneos pelos consulados da Itália que operam no Brasil no que se refere ao reconhecimento da cidadania por direito de sangue.

Até agora, tudo resta sem a mínima resposta. Não houve, segundo Insieme apurou, sequer acusação de recebimento da carta assinada pelo presidente do Intercomites.

Fonte que prefere não ser identificada entende que o silêncio da Embaixada aos pedidos do Intercomites (entidade que, institucionalmente, representa toda a comunidade ítalo-brasileira composta por cerca de 30 milhões de pessoas), apenas confirma a “falta de respeito e consideração que a burocracia italiana destina a essa imensa comunidade, espalhada mundo a fora”. Uma falta de respeito que “se inicia com a supressão da democracia, suspendendo eleições e prorrogando mandatos, ante simples alegação de crise; e termina com o pouco caso à representação político-institucional de nossas comunidades, a ponto de sequer fornecer resposta a seus reclamos e pedidos”.