Foto Desiderio Peron / Arquivo Insieme

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Antonio Laspro, do CGIE, em foto de 2008: a enésima bofetada contra os italianos que residem no exterior.

CURITIBA – PR – “Tenho a impressão de que se trata de uma verdadeira armadilha”. Assim reagiu o conselheiro pelo Brasil no CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, Antonio Laspro, de São Paulo, sobre a nova modalidade imposta para as eleições dos Comites – Comitati degli Italiani all’Estero, que deverão ser realizadas ainda este ano.

A “armadilha” referida por Laspro é a exigência de prévia inscrição, até 50 dias antes da data do pleito, dos eleitores que pretendem exercer o direito de voto, mediante o envio ao consulado italiano de formulário contendo informações pessoais e endereço completo. Assim, somente poderão exercer o direito de voto os que solicitarem com antecedência o envio do material, ao contrário do que acontecia até aqui.

Os eleitores italianos que vivem fora da Itália já são inscritos no Aire – o cadastro oficial de eleitores que vivem fora da Península. Em todas as eleições – sendo o voto italiano facultativo – o material era enviado por correio a todos os inscritos, após campanha de atualização de endereço. Votava, naturalmente, quem queria, por motivação própria ou por motivação causada pela campanha dos candidatos inscritos.

“Não acredito – disse Laspro – que se trate de uma novidade brilhante, pelo contrário, acredito que criará muitos problemas para a operação das votações”. A maior delas, seguramente será o mais baixo índice de participação nas eleições até aqui realizadas entre as comunidades italianas ao redor do mundo. Isso, segundo Laspro – que é também vice-presidente do Comites de São Paulo – “ofereceria de bandeja o flanco aos detratores de sempre; a eles será fácil, uma vez comprovado o insucesso das eleições, gritar aos quatro ventos: onde estão os quatro milhões de italianos no exterior?”

Como os demais membros dos Comites e do CGIE, Antonio Laspro foi eleito em 2004 com mandato certo até 2009. As eleições foram, entretanto, adiadas e os mandatos prorrogados diversas vezes, primeiro ante o argumento de que era preciso realizar uma reformulação na legislação que regula aqueles órgãos de representação; depois, com a crise, porque era necessário economizar.

Nenhuma mudança foi realizada na legislação durante todo esse tempo  e “ainda uma vez, é evidente – segundo Laspro – a falta de seriedade política e institucional em relação aos italianos no exterior. Mais uma vez, somos tratados como cidadãos de série B e, também, uma vez mais, dão a enésima bofetada nos ‘embaixadores italianos’ no exterior, nós que elevamos o nome de nosso País no mundo inteiro”.

Mesmo já na proximidade da data eleitoral, Laspro não decidiu se haverá de se candidatar. Até porque o DL do Conselho de Ministros precisa ser aprovado, antes, no Parlamento, onde já sofre emendas, a começar pela redução do prazo para a “inscrição” prévia dos eleitores junto aos consulados. O Comites de São Paulo envolve também os territórios do Mato Gross, Mato Grosso do Sul, Acre e Rondônia.

Enquanto isso, conforme a redação de Insieme descobriu, o CGIE – cujo destino depois da instituição da Circunscrição Eleitoral do Exterior ninguém sabe dizer – perdeu o seu domínio na internet. Embora não se saiba exatamente o motivo (geralmente isso ocorre por perda de prazo ou desinteresse na renovação), o fato é que alguém se apoderou do domínio e agora o está oferecendo à venda, enquanto os serviços oficiais, como o MAE – Ministero degli Affari Esteri, apontam para o link da página inexistente e à venda.

É nesse clima que, após as eleições dos Comites, deveriam normalmente se realizar as eleições (são de forma indireta) dos conselheiros para o CGIE – também eles com mandatos prorrogados desde 2009. Mas até agora ninguém falou nelas. Na verdade, não há um consenso de como funcionará – e se continuará a existir – o CGIE. Uma das teses é que seus novos conselheiros deverão ser os presidentes dos diversos Comites em funcionamento em todo o mundo.