Imagem atual de José Carlos Radin. (Foto Cedida)

Doutor e mestre em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), José Carlos Radin vê sua pesquisa acadêmica de 2018 sobre as origens da chegadas dos pioneiros italianos no Paraná e Santa Catarina ser transformada em livro, editado neste ano pela Universidade Federal da Fronteira Sul.
“Imigração italiana em Santa Catarina e no Paraná : fontes diplomáticas italianas (1875-1927)”, obra disponível na internet, é fruto de um minucioso trabalho de Radin, incluindo estágio de pós-doutorado na Universidade de Pádova (Itália). São três capítulos situando Santa Catarina e Paraná no cenário nacional e regional – território fronteiriço, representado pela intelectualidade e estafes governamentais da época como “escassamente povoado”.

O autor evidencia que o cenário vivido pela Itália e as políticas públicas de governos brasileiros, em muito contribuíram para a criação de condições propícias à emigração, em alguns períodos, em massa. Destaca um conjunto de situações que favoreceram o acesso à propriedade da terra, articuladas numa espécie de “engenharia social”, que fixou definitivamente a grande maioria dos imigrantes às terras, a partir de assentamentos, experiência que se diferencia do tradicional modelo agrário brasileiro, amplamente dominado pelo latifúndio.

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Isso teve implicações na vida tanto de imigrantes quanto de grupos já estabelecidos, notadamente as populações indígenas e caboclas. Por fim, Radin se vale de conjunto de fontes diplomáticas publicado sobretudo nas revistas do Ministério das Relações Exteriores: “Bollettino Consolare” (1861-1887), “Bollettino del Ministero degli Esteri” (a partir de 1888) e “Bollettino dell’Emigrazione” (após 1902).

O prefácio da obra é de Gianpaolo Romanato, professor de História Contemporânea da Universidade de Pádova que destaca: “a imigração de trabalhadores europeus e italianos não foi, em suma, apenas uma importação de mão de obra para substituir escravos ou para cultivar os imensos territórios do país, abandonados ou incultos (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm o dobro da superfície total da Itália). Mas foi o resultado de um projeto que visava repensar a organização social do Brasil a partir de suas fundações, deslocando o eixo para o Sul, criando propriedades de pequeno e médio porte, transformando-o em um país moderno e competitivo. As consequências desse grande plano de reforma – do qual os relatórios reproduzidos (no livro) descrevem a fase inicial – são plenamente visíveis apenas hoje, um século e meio distante de quando foi concebido”.