Merlo prevê participação “magra” nas eleições dos Comites. Critica a forma adotada pelo governo mas prevê bom resultado eleitoral nas Américas

Devido à “forma errada” adotada pelo governo na chamada “inversão de opção”, a participação dos cidadãos nestas eleições para a renovação dos Comites – ‘Comitati degli Italiani all’Estero’ será “magra”. O prognóstico é do senador Ricardo Merlo, presidente do Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’ que, segundo ele, está inscrevendo listas eleitorais em praticamente todas as circunscrições consulares das três Américas.

Ele lembra que enquanto fazia parte do governo italiano (era subsecretário para os italianos no mundo) pretendia adotar um sistema diverso deste que está sendo seguido atualmente. Pelo sistema em uso, só poderão votar os eleitores já inscritos no Aire – o cadastro geral dos eleitores italianos no exterior – que se manifestarem previamente junto ao consulado, solicitando o envio do envelope eleitoral. Esse prazo termina em 3 de novembro.

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Em entrevista à revista Insieme, o senador disse que no Brasil sua agremiação política está formando e apoiando chapas cívicas, que não ostentam diretamente os símbolos do Maie, seguindo acordo estabelecido com a coordenação do partido em território brasileiro.

Merlo descartou, entretanto, a hipótese de que o não uso dos símbolos do Maie nas chapas concorrentes seja consequência de algum tipo de rejeição dos eleitores italianos no Brasil ao partido que preside. “Fui eu mesmo que sugeri que assim fosse”, disse ele, otimista em relação aos resultados que imagina colher nestas eleições em curso.

Atualmente as diversas correntes políticas dedicam-se à formação de listas ou chapas, dentro de um processo um pouco tumultuado no Brasil, segundo fontes de Insieme. O prazo se encerra no próximo 3 de outubro.

“Já é difícil – disse uma delas – convencer alguém a participar e, quando se consegue, é preciso saber se o cidadão reúne condições  (regularidade de inscrição perante o Aire, por exemplo – NR); aí vem o consulado e, em vez de colaborar, diz: informo apenas depois do pretendente oficializar sua candidatura. Então a gente precisa convencer o candidato a gastar tempo e dinheiro em documentos sem ter a certeza de que poderá concorrer, correndo o risco de receber um não lá na frente… coisa que não faz sentido”.

Segundo a mesma fonte, isso não está ocorrendo em outros lugares, como na Argentina. “É só aqui mesmo, e em Brasília, às barbas da Embaixada da Itália no Brasil”.

Sobre essa e outras questões que envolvem desrespeito às funções dos Comites, Merlo também falou a Insieme, para dizer que muitas vezes tudo depende “também das pessoas do próprio Comites”, que, quando a exigência ou a atitude é ilegal, “deve fazer-se valer diante da outra parte, um funcionário ou quem seja”.

O senador Merlo não considera que o CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’, que era oficialmente contrário à realização das eleições este ano, tenha saído derrotado. Dentro do próprio órgão havia uma corrente que defendia a realização imediata das eleições.