Mesmo inacabada, Chiesetta Alpina será inaugurada neste sábado, em Jaraguá do Sul, rendendo homenagem à fé dos imigrantes

A “Chiesetta Alpina” em construção no Morro das Antenas, em Jaragguá do Sul-SC (Foto Divulgação)

CURITIBA – PR – Com a presença de uma delegação de italianos da província vêneta de Belluno, autoridades locais, representantes da comunidade italiana e convidados, será inaugurada neste sábado, em Jaraguá do Sul, a Chiesetta Alpina – um monumento erigido à fé dos imigrantes que nunca mais voltaram. A “igrejinha”, inspirada nos modelos alpinos, foi construída em tempo recorde numa área doada pela família Spezia, no Morro das Antenas. Do local se tem vista para a cidade de Jaraguá e para o Vale do Itapocú.

A solenidade de inauguração, conforme informa Iria Tancon, agente consular da Itália para a região, será precedida pela celebração, a partir das 9h30min, de missa especial pelo bispo da Diocese de Blumenau, Dom Giuseppe Negri, que é natural de Milão, Itália. Aos presentes, no final, serão distribuídos pão e vinho, em alegoria às vicissitudes e à fé dos imigrantes. Tanto o altar, em pedra dolomita maciça, quanto os vasos sagrados foram doados por amigos italianos, sob o comando do bispo de Belluno, Dom Giuseppe Andrich. Uma equipe de italianos da região dos Alpes está, há uma semana, em Jaraguá do Sul, trabalhando de sol a sol, junto com mais de 20 trabalhadores locais, para deixar a obra em condições de uso. Eles deixarão sua marca em agradecimento à iniciativa de homenagear os imigrantes, conta Iria Tancon.

Ainda segundo Iria, algo importante fará falta na inauguração: a cúpula e o campanil, também doação italiana que, por estar a caminho, não chegou a tempo. Serão montados num segundo tempo. Também ficou sem data a cerimônia da consagração do templo a Cristo dos Alpes. “Faremos outra festa”, disse Iria, que é parente do Papa João Paulo I, Albino Luciani, nascido em Canale D’Agordo, região vizinha de Vallada, de onde vieram muitos dos imigrantes locais e a quem será dedicada a igreja.

A revista Insieme vem acompanhando o projeto da “Chiesetta Alpina” desde o seu nascimento. Esta foi a capa da edição número 141 (setembro de 2010) quando a obra era apenas uma idéia. O desenho foi executado sob encomenda do editor da revista.

A “Chiesetta Alpina”, inicialmente, é uma idéia do jornalista e historiador Franco Gentili, colaborador da revista Insieme, que mora há cerca de 20 anos em Florianópolis, como forma local de homenagear os 150 anos de unificação da Itália. Toda a coordenação do projeto é do Círculo Italiano de Jaraguá do Sul, ao qual se juntaram outras entidades. A obra foi executada sob a coordenação do empresário Vicente Donini e contou com as doações de inúmeras pessoas e empresas da região. Além de Donini, na Comissão de Construção estão: Almir Roberto Negri, Anselmo Ramos, Jair Alquini, João Barba Neto, e Luiz Antonio Negri. O comitê promotor, que tem Célio Bayer na coordenação, é integrado por: Aclino Feder, Alfredo Fontanive, Flávio José Brugnago, Franco Gentili, Iria Tancon, Irineu Bianchi, Josimar Luiz Mattedi, Luca Luchetta, Nidiana Grazziana Lazzaris, Paulo Ademir Floriani, Verônica Salgado e Vittorio Fenti.

Para a festa de hoje deverá estar presente também o presidente da Associazione Bellunesi nel Mondo, Oscar de Bona, acompanhado de uma equipe de empresários italianos.

A OBRA – O projeto da “Chiesetta” informa que o monumento é erigido com estrutura de concreto armado e vedações de alvenaria, seguindo as mesma s proporções da chiesetta de San Simon, seguindo também os mesmos ângulos da cobertura, composta de telhas de cimento liso. No interior da nave, a exemplo da arte dos imigrantes, que tratavam as estruturas das construções erguidas aqui, a estrutura é de madeira exposta.

A torre, com 27 metros de altura, em concreto e tijolos de barro expostos, segue as mesmas características de sua inspiradora italiana, contando com estrutura de madeira com detalhes de cobre. A cúpula, que vem da Itália e está a caminho, não chegou em tempo para a inauguração.

Segundo os autores do projeto, apesar de inspirado na “Chiesetta Bellunese”, a obra “terá identidade própria, representando a história dramática da imigração européia na região sul do Brasil, através de ornamentos e afrescos”.

A chiesetta, com espaço para 60 pessoas sentadas, faz parte do plano de criação do Parque Ecológico Angelo Spezia, no morro Boa Vista. O monumento será iluminado à noite com iluminação especial, podendo ser visto a partir de boa parte da cidade.

Em seu entorno, o jardim circundante contará com espécies de pinheiros da região alpina, obras de arte, inscrições em homenagem aos patrocinadores, áreas de convívio para os visitantes, estacionamento, instalações sanitárias e vigia. Na área remanescente, será formado um bosque com árvores típicas da região alpina.