Diego Mezzogiorno organiza a criação de uma Fundação Nacional paras os italianos no Brasil (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

Uma nova entidade para representar e unir os ítalo brasileiros em todos os setores, mas com abrangência nacional, está sendo articulada pelo conselheiro da Câmara Italiana de Comércio e Indústria de Santa Catarina, Diego Mezzogiorno. Será um instituto com características de Fundação, e se espelhará na norte-americana “The National Italian American Fondation – Niaf”, com sede em Washington.

Mezzogiorno está, também, à frente da campanha pela instalação de consulados italianos para os Estados de Santa Catarina e Espírito Santo e, segundo informa, em sua última reunião na sede da Embaixada da Itália em Brasília, semana que passou, quando esteve com o embaixador Antonio Bernardini e com o conselheiro científico Roberto Bruno, além do apoio à instalação da nova entidade, ouviu das autoridades italianas a intenção de dotar os dois Estados de um serviço consular de segunda categoria, com estrutura e pessoal para melhor atendimento às duas comunidades.

PATROCINANDO SUA LEITURA

Será na sede da Embaixada da Itália, em data ainda por ser confirmada, a primeira reunião para tratar da instalação da nova entidade, que já tem a adesão – segundo Mezzogiorno – de importantes figuras do mundo político e empresarial ítalo brasileiro como representantes das famílias Bertolazzi, Scarpa, Tripoli, Matarazzo, Gentili, Lorenzetti, Bauduco, entre outras; na área política, ele afirma que há apoio de sobrenomes como Chinaglia, Molon, Furlan, Doria, incluindo o ministro Aloysio Nunes, “que é neto de italianos”. Até o empresário de comunicação Carlos Roberto Massa (Ratinho) “gostou da iniciativa”, garante Mezzogiorno.

O primeiro ato em direção à constituição do novo ente deverá ser uma viagem aos Estados Unidos, para participar, dia 13 de novembro próximo, como convidado especial, do grande baile em comemoração ao 42º aniversário de fundação da Niaf, cuja diretoria já se comprometeu a emprestar apoio à congênere brasileira, na condição de sócios-fundadores.

Depois de obter o apoio dos norte americanos, Mezzogiorno explica que foi atrás de apoio no Brasil e obteve imediata receptividade em Estados como o Espírito Santo, Bahia e muitos setores de São Paulo. Assim, a reunião prevista para a sede da Embaixada, a ser puxada “provavelmente pelo Tripoli” [deputado Ricardo Tripoli (PSDB)], que “topou organizar a bancada ítalo brasileira no Congresso”, haverá também a participação de parlamentares, governadores e grandes apoiadores em geral. A diretoria nacional seria em São Paulo, com uma sub sede em Brasília, mas a presidência seria exercida através de um sistema de revezamento anual “para não haver briga de poder”.

“O negócio vai ser grande”, garante Mezzogiorno, ao explicar ainda que os objetivos gerais serão “trabalhar a imagem do ítalo brasileiro, estreitar mais os laços do Brasil com a Itália” e produzir “poder político nacional, reunindo parlamentares e representantes”, a partir dos 110 deputados e 19 senadores com origem italiana e da constatação de que as cinco mais importantes cidades brasileiras são atualmente governadas por ítalo brasileiros.

Essa fundação, no pensar de Mezzogiorno, tratará de questões de cidadania, genealogia, bolsas de estudo, artes e tudo o mais. “Vamos ser temáticos, explica, com diretorias específicas para cada assunto. “Em termos de genealogia, queremos um banco de dados nacional integrado com a Biblioteca Nacional e com outros acervos que estão em dificuldade para se manterem”. Na questão do ensino da língua italiana, a pretensão é “gerar um padrão de ensino para todo o Brasil”, em comum acordo com a Embaixada, nos termos da Aliança Francesa, “coisa que não existe no Brasil. “Nosso projeto – aduz – será bem abrangente e a nova entidade será também um ‘guarda-chuvas’ em apoio a círculos e associações italianas locais e regionais, com assessoria jurídica para a regularização das que se encontram irregulares e para a abertura de novas”.

Mezzogiorno diz que sua iniciativa teve partida ao perceber “as dificuldades de trabalhar a nível local e regional”, devido a “disputas bobas entre grupos”, tipo vênetos em Santa Catarina, “onde você não consegue mobilização política… descobri isso no dia-a-dia das discussões sobre a instalação de um consulado em SC, porque tem briguinhas, egos, coisas muito pequenas dentro de uma coisa que eu queria fazer que era grande. Essas dificuldades me levaram a buscar soluções maiores, inclusive fora do Brasil, e essa dos ítalo norte americanos é a maior delas”.