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Com o falecimento de José Campestrini, anunciado há poucas horas através das redes sociais, a comunidade ítalo-catarinense perde uma das principais referências da italianidade na região de Blumenau e toda a área do baixo e médio Vale do Itajaí no correr dos últimos quase 30 anos. Além de um dos fundadores e ex-presidente do Lira-Círculo Italiano de Blumenau, Campestrini foi, durante muito tempo, agente consular da Itália para a região.
O anúncio da morte de Campestrini foi feito por sua esposa, Odete Maria Poffo Campestrini. Inicialmente, num comunicado lacônico, ela informava o falecimento, anexando uma foto do marido com olhar perdido no horizonte, empunhando um acordão ‘Universal’ com fole semi-aberto. Em seguida, ela postou que “José Campestrini (professor Zeca), com 76 anos, faleceu na manhã do dia 20 de fevereiro de 2022”. Era natural de Benedito Novo-SC.
Segundo Odete, Campestrini foi “professor do colégio Pedro II, Sagrada Família, colégio Santo Antônio, FURB [Universidade Regional de Blumenau – NR], agente consular da Itália, sempre envolvido nas tradições e causas italianas, um dos fundadores do Circolo Italiano de Blumenau e de Balneário Camboriú, e sempre presente em causas sociais. Foi empresário na empresa Vivenda Cortinas e Decorações. Parte deixando a família e muitos amigos”.
Nada foi dito sobre as causas do falecimento. O velório acontece na capela mortuária do Cemitério São José, em Blumenau e amanhã o corpo deve seguir para Balneário Camboriú onde, à tarde, será enterrado ao lado do filho Johnny André Poffo Campestrini, tragicamente falecido em 08/03/2012. Na sua juventude, Campestrini foi seminarista.
Campestrini teve atuação forte em muitos eventos importante da comunidade italiana na região, incluindo as edições de Festitália desde o início, e a famosa reunião de descendentes de ítalo-trentinos, em meados de julho de 2005, quando cerca de três mil pessoas de toda a região fizeram o “juramento” e inscreveram pedido de reconhecimento da cidadania italiana, lotando os pavilhões da Proeb.
Defensor inigualável do ‘ius sanguinis’, naquela oportunidade, Campestrini, na condição de agente consular, disse estar falando “em nome daquela mãe (a Itália) que havia renegado seus filhos durante muitos anos”, mas que agora havia percebido que “esses filhos precisavam ser e pertencer a seu coração. A nossa mãe-pátria, origem do sangue que corre em nossas veias…” (no vídeo, início minuto 1:53)
Apaixonado pela própria história familiar e pelas excelências italianas ao receber a edição 264 da Revista Insieme, ele assim se manifestou: “Parabéns, especial e querido arauto das maravilhas culturais de um povo escolhido para ser “top” em quase tudo!… Saúde, muita inspiração, sabedoria, paz e sonhos realizados com missão cumprida!” Ele era referência para muita gente em suas pesquisa e, conhecendo bem a comunidade da área, frequentemente servia de canal de informação privilegiada para Insieme. A última disse respeito à origem italiana de dois ex-combatentes na II Guerra Mundial em campos italianos.
Ficou acertado, então, para futuro, uma entrevista com o próprio ex-agente consular, que se dispunha a contar sua história. Devido a problemas graves de saúde, Campestrini chegou a se afastar temporariamente das funções de agente consular.
Uma das últimas realizações de Campestrini foi a contribuição que ele deu na formação do Círcolo Italiano di Camboriú, que ele preferia se chamasse “Círculo Italiano da Juventude Avançada”, organizado em 2018 para – segundo ele diz no vídeo abaixo – “dar oportunidade às pessoas na fase da vida em que elas têm mais tempo disponível para vivenciar a sua cultura”. Cultura italiana e ítalo-brasileira, naturalmente. Incluindo curso de língua italiana.
Por volta das 20 horas, o site da Prefeitura Municipal de Blumenau publicou informação segundo a qual o prefeito Mário Hildebrandt “decretou luto oficial pelo falecimento falecimento de José Campestrini”, acrescentando que ele deixa a esposa Odete, além de um filho, nora e três netos.
