u PORTO ALEGRE – RS – A exposição temporária “RS: Um olhar para a imigração italiana”, no Museu Julio de Castilhos, em Porto Alegre, enfoca a imigração italiana, especialmente pela ótica da economia, a fim de delinear a contribuição dos primeiros imigrantes ao desenvolvimento econômico do Estado. Também são abordados aspectos ligados à religiosidade e à arquitetura no campo e na cidade.

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Ao todo, são doze painéis, de 140x95cm, com texto e reproduções de fotografias que traçam um panorama da imigração italiana, da criação das primeiras colônias até o fortalecimento de setores como a metalurgia e o metal mecânico. Ainda compõem o acervo exposto, folhetos de propaganda e objetos do cotidiano da época da imigração. A exposição foi concebida com o objetivo de favorecer o público jovem e, neste sentido, busca ser informativa e didática, transmitindo, de maneira clara, o papel do imigrante italiano na constituição da sociedade gaúcha.
 
A historiógrafa Márcia Eckert Miranda, uma das responsáveis pela pesquisa da exposição, aponta algumas peculiaridades no desenvolvimento da economia dos imigrantes italianos. Uma delas é o fato de a transição da agricultura familiar para o comércio e a indústria ter sido mais rápida do que a dos alemães, por exemplo. Outra característica refere-se ao modo como os imigrantes italianos se concentraram em alguns setores, ao invés de se dedicarem a um grande número de atividades econômicas. 
 
– Quando os italianos chegaram, na década de 70, bem depois dos alemães, a economia já estava um pouco mais complexa. O Rio Grande tornara-se exportador de alimentos. Assim, a possibilidade de se estabelecer como agricultores voltados para o mercado era bem mais real. Então, eles tenderam a se concentrar mais em alguns setores, como a produção de farinha, do vinho, de móveis, a metalurgia, ou seja, em atividades mais específicas, explica a pesquisadora.  
 
A respeito da situação econômica dos imigrantes na chegada ao Rio Grande do Sul, nem todos vinham sem nenhum recurso. Algumas pessoas traziam, da Europa, conhecimento e algum capital. Isso era requisito para o imigrante se estabelecer como produtor em vários setores. “O artesão que vai trabalhando e poupando até alcançar êxito é pouco representativo no desenvolvimento econômico da região”, salienta Márcia.  
 
As associações de auxílio mútuo, cujo objetivo era socorrer os recém chegados, contradizem, segundo Liana Bach Martins, historiógrafa, também responsável pela pesquisa da exposição, a tese do total abandono sofrido pelos primeiros imigrantes italianos. A primeira a surgir no Estado foi em Bagé, em 1871, a Societá italiana di Soccorso Mutuo e Beneficenza, voltada a atender os sócios nas doenças, a propagar o conhecimento da língua italiana e a estreitar os laços de fraternidade entre os italianos residentes no município.  Estas propostas foram seguidas pelas demais que se criaram por todo o Rio Grande do Sul.
 
 – A partir disso, outros tipos de associações surgiram em diversas áreas, como cooperativas, entidades profissionais de classe, clubes recreativos, irmandades religiosas, associações mantenedoras de escolas, entre outras, destaca Liana.
 
A exposição “RS: Um Olhar para a Imigração Italiana” é realizada em parceria com o Arquivo Histórico Municipal João Spadori Adami e o Museu Municipal de Caxias do Sul. A mostra, a partir de março de 2006, deverá itinerar pelos municípios do interior do Estado.
 
Os interessados em conferir a exposição podem visitar o Museu Julio de Castilhos (Rua Duque de Caxias, 1.205 – Centro – Porto Alegre), de terças a sextas, das 12h às 18h. A entrada é gratuita. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3221.3959 ou pelo e-mail museujulio.Castilhos@terra.com.br