Consulados remetem as estatísticas à Embaixada que aguarda aprovação ministerial para divulgá-las. Presidentes de Comites e Conselheiros do CGIE voltaram de Brasília sem os números. Inicia-se movimento para pedir reforço dos recursos ao Brasil

CURITIBA – PR – Alonga-se a novela dos números que dizem respeito ao andamento da “task force” da cidadania – o mutirão financiado pelo governo italiano para colocar fim às longas filas de requerentes interessados no reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue junto aos consulados italianos que operam no Brasil. Um relatório completo da situação, esperado para a reunião dos presidentes de Comites, conselheiros do CGIE e Cônsules  havida na sede da Embaixada, em Brasília, na última sexta-feira (16.04.2010), não aconteceu porque, segundo algumas informações obtidas dentre os participantes, não tinha ainda sido liberado pelo MAE – Ministério das Relações Exteriores. Agora aguarda-se que essas informações sejam fornecidas durante a conferência do CGIE – Conselho Geral dos Italianos no Exterior, marcada para o final do mês, em Roma.
Tanto o deputado Fabio Porta quanto os conselheiros do CGIE solicitaram formalmente as informações que, entretanto, foram enviadas pelos consulados à Embaixada que, por sua vez, remeteu-as ao MAE, em Roma. Ao que consta, isso deve ter ocorrido na semana passada. Inicialmente, era prevista a divulgação dos números atualizados a cada três meses.
Os números do resultado da “task force” no Brasil tornaram-se mais importantes depois que em Buenos Aires o representante do governo italiano local divulgou em tom ufanista o fim das chamadas “filas da cidadania”. Esse comportamento, que contrasta com o verificado no Brasil, onde as filas que se arrastam há longos anos ainda são grandes, esteve na pauta do encontro regional do CGIE, realizado de 8 a 10 últimos na Cidade do México. Sem os números, o assunto foi remetido para a assembléia geral de Roma.
Sabe-se que os cortes orçamentários impostos também aos consulados já está afetando diretamente o mutirão em alguns consulados que tinham, inicialmente, um prazo de dois anos e meio para resolver o problema das filas.
Na verdade, a ideia do mutirão nasceu no Brasil e, inicialmente, dizia respeito apenas à comunidade ítalo-brasileira. Estendido a toda a América do Sul por razões que incluiam fortes ingredientes políticos, o programa acabou beneficiando outros países como a Argentina e o Uruguai, aumentando ainda mais a distância entre a comunidade italiana do Brasil e aquelas comunidades italianas da América do Sul. Na semana que passou, além de um pedido formal de informações dirigido ao Governo Italiano, o deputado Fabio Porta divulgou artigo sob o título: “Acabaram-se as filas em Buenos Aires! E no Brasil?”. Em seu artigo, o parlamentar observa que, dentro de alguns anos, quando as posições do Brasil e da Itália no ranking das nações mais ricas estiverem invertidas, “talvez venhamos a nos arrepender de tanta miopia”.
Na reunião de Brasília começou se formar um novo movimento que pede ao governo italiano o reforço dos recursos (com os cortes impostos, a “task force” praticamente desaparece) para que se faça justiça à grande comunidade itálica, a maior do mundo, que habita no Brasil. Tal comunidade, entretanto, conforme observa o presidente do Comites do Recife, Salvador Scalia, apesar de permanecer na fila esperando por um direito líquido e certo ao longo de dez ou mais anos, parece não estar disposta a lutar contra o que ele define como uma “ilegalidade”.

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