O gênio italiano no Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo

Andar a pé ou de carro de pela cidade de São Paulo é cruzar com inúmeras esculturas cravadas sobretudo em praças e parques. Insieme dá início a uma série especial, resgatando a importância do DNA Itália nesse verdadeiro museu ao ar livre na maior cidade brasileira. São bustos, monumentos, estátuas concebidos por geniais talentos italianos e ítalo-brasileiros. Alguns ganharam fama internacional. Outros brilharam localmente.

A Galeria ( ou ‘Galleria’, em italiano)  presta tributo a esses artistas de sangue italiano nas veias, destacando o perfil do homem e o valor da obra. E ás vésperas do feriado nacional de 7 de Setembro, relembramos a genialidade do siciliano Ettore Ximenes, escultor, e do piacentino Manfredo Manfredi, arquiteto, que conceberam e realizaram o Monumento à Independência por ocasião do centenário da libertação política do Brasil.

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Situado no Riacho Ipiranga, dentro do Parque da Independência, no bairro Ipiranga, local onde Dom Pedro I proclamou a emancipação do Brasil de Portugal, o Monumento à Independência do Brasil é um conjunto escultórico em granito e bronze realizado pelo italiano Ettore Ximenes. A obra foi inaugurada dia 7 de setembro de 1922, mas concluída quatro anos depois. Em 1953, uma cripta foi construída no interior do monumento para abrigar os restos mortais de Dom Pedro I e de suas duas esposas, as imperatrizes Dona Leopoldina de Habsburgo e Dona Amélia de Leuchtenberg.

Ettore Ximenes, em imagem da Divisão de Gravuras e Fotografias da Bibliteca do Congresso dos EUA. (Foto: Wikipedia)

Os artistas – Ettore Ximenes, nasceu em Palermo em 11 de abril de 1855. Sua carreira como escultor teve início em 1869, aos 14 anos na Academia de Belas Artes de Palermo. Os estudos inicias ainda contemplam uma temporada da Academia de Belas Artes de Nápoles entre 1872-1874. No seu regresso a Palermo, Ximenes concorre a uma bolsa de estudos em Florença. Vencedor do concurso, estuda por lá durante 10 anos e alcança sucesso profissional ao expor em salões europeus , onde vê premidas algumas obras como L’Equilibrio” (1878), “Achille ed Ettore” (1887), e “Rinascita” (1895), posteriormente adquiridas pelo Estado Italiano. Em 1884, se parte para Urbino onde atende a encomendas da aristocracia e clero local, esculpindo um série de bustos.

Entre 1878 e 1881, participa de concursos para construção de monumentos equestres em homenagem ao rei Vittorio Emanuele. Porém não é bem sucedido. No entanto, consegue ser o vencedor de um concurso para escultura do rei Vittorio Emanuele em Roma. A partir daí percorre várias cidades italianas e vence importantes concursos deixando obras impactantes, como o Monumento a Giuseppe Garibaldi, na cidade de Pesaro.

Em 1896, Ximenes seguiu para Buenos Aires onde fez sucesso com o Mausoléu a Manuel Belgrano, um general que lutou nas guerras de independência argentina. Essa obra é o ponto de partida da carreira internacional do artista .

Após um novo período de trabalho na Itália,(Roma), Ximenes desembarca em Nova York em 1908. Em 1908 vai para Nova York, onde concebeu o monumento a Giovanni da Verrazzano, um dos primeiros navegantes a explorar a costa Norte Americana. Em 1912, parte para Kiev, na Rússia, realiza do monumento do Czar Alexandre II.

Ettore Ximenes chega ao Brasil em 1919 e fixa residência em São Paulo onde ficaria até 1926. Além da concepção do projeto para realizar o Monumento à Independência, esculpe obras em homenagem a personagens da elite brasileira. O artista deixou obras nas cidades de Campinas (monumento a Ruy Barbosa) e Belo Horizonte.

Em 1926 regressa à Itália onde executa a obra Marcha sobre Roma. Chegou a ser contratado para voltar ao Brasil onde se encarregaria do Monumento à República no Rio de Janeiro, mas faleceu no final daquele ano em Roma. (Fonte Enciclopédia Itaú Cultural)

Manfredo Mandredi, por volta de 1928 (Foto de Mario Nunes Vais, Vikipedia)

Já Mandredo Manfredi, natural de Piacenza, onde nasceu em 16 de abril de 1889 e ali morreu em 13 de outubro de 1927, foi também arquiteto que começou seus estudos na Accademia di Belle Arti di Roma (Academia de Belas Artes de Roma) em 1880. Em 1884 ficou em segundo lugar no concurso de arquitetura para o monumento agora conhecido como o Altar da Pátria, em honra de Vittorio Emanuele. Quando o arquiteto vencedor Giuseppe Sacconi morreu em 1905, Manfredi, Gaetano Koch e Pio Piacentini foram nomeados para supervisionar a conclusão do monumento. No Brasil, tornou-se conhecido pela idealização do Monumento à Independência do Brasil, conjuntamente com o também italiano Ettore Ximenes.

Manfredi ajudou a fundar a ‘Scuola Superiore di Architettura’ em Roma, tendo sido seu diretor de 1908 a 1920. Ele também esteve envolvido na política, sendo eleito membro do Parlamento da Itália entre 1909 e 1919. (Fonte Vikipedia))

Monumento à Independência do Brasil, no Parque da Independência, em São Paulo-SP (Foto de Igor Rando / Wikipedia)

O Monumento à Independência – Em 1917, o Governo do Estado de São Paulo organizou um concurso, aberto à participação de artistas brasileiros e estrangeiros que apresentaram projetos e maquetes. O conjunto de maquetes foi exposto no Palácio das Indústrias. O projeto vencedor foi o do artista italiano Ettore Ximenes (1855 – 1926), cuja aprovação não teve a unanimidade da comissão, que estranhou a ausência de elementos mais representativos do fato histórico brasileiro a ser perpetuado. O projeto de Ximenes foi então alterado, com a inclusão de episódios e personalidades vinculados ao processo da independência, tais como: a Inconfidência Mineira (1789), a Revolução Pernambucana (1817), e as figuras de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763 – 1838), Hipólito da Costa, Diogo Antonio Feijó e Joaquim Gonçalves Ledo, principais articuladores do movimento. O monumento, embora não concluído, foi inaugurado em 7 de setembro de 1922, ficando completamente pronto somente quatro anos depois.

Ao longo do tempo, o monumento sofreu vários acréscimos. Em 1953, começou a ser construída em seu interior a Cripta Imperial (ainda referida como capela), onde seriam depositados os despojos da Imperatriz Leopoldina, em 1954. Em 1972, consolidou-se a sua sacralização com a vinda dos despojos de D. Pedro I e, posteriormente, em 1984, dos restos mortais de Dona Amélia, segunda Imperatriz do Brasil.

No ano 2000 foi criado um novo espaço em seu interior, concebido pelo Departamento do Patrimônio Histórico, possibilitando acesso público às entranhas desta escultura comemorativa, bem como realização de exposições museológicas alusivas ao tema histórico. (Fonte: Governo SP).

Parque da Independência em São Paulo-SP (Foto wikipedia)