O italiano que está em você – ins38

u In calcistica si dice: Ogni tifoso è un allenatore in potenziale. In Italianistica si può dire: Ogni italiano è l’unico italiano.

Se c’è qualche italiano che non piange nemmeno di rabbia, non lo so. Ma è sicuro che ogni italiano sa ridere al momento giusto, in modo unico e particolare. Genitori ridono dei figli, figli, dei genitori; amici, degli amici; nemici, dei nemici; avversari, degli avversari; anticlericali, dei clericali; peccatori, dei devoti; vergini, dei loro sogni e speranze; vedove, delle loro lacrime e nostalgie…
Il ridere è di tutti i popoli. Ma l’italiano è l’italiano. Come lui, solo lui. Il ridere, sorridere, beffare, espandere, arrabbiarsi, imprecare, benedire, stimolare e salvare italiani sono diversi dagli altri popoli.
L’italiano più ride che ammira i suoi simili. Non sempre, però si dà il diritto di ridere degli altri, per la paura che ridano di lui stesso. Come non c’è nessuno sempre triste, non c’è neanche nessuno sempre allegro. E qui c’è la differenza dell’italiano: trasformare in risate i momenti tristi, di sventura, di tragicità… che il destino ha deviato della sua rotta.
Essere italiano è saper ridere di se stesso. Ogni italiano è la miglior risata del mondo. Tutti possono ridere di me, basta che ridano di me perché sono italiano, che io rido con loro.
Floriano Molon, di Porto Alegre, quando gli hanno servito in una festa un piatto di chicchi d’uva con un cucchiaino, ha riso fragorosamente: Se me nono el me vedesse a magnar ua col cuciareto, el diria che son drio deventar mato!
Una volta,  Pelegrino Baldo, molti anni fa campanaro a Ipê-RS,  tirava la campana, quando è caduto il battaglio, infilandosi nel suolo. Non ascoltando suono e sentendo la corda leggera, si  è accorto dell’accaduto e ha esclamato, ridendo e raccontando a tutti: Se no fusse stà sguelto, el me garia copà!
A Veranópolis, la Picada del Gobo fa un omaggio al sarto dello stesso soprannome. Brutto e gobbo. Un giorno, guardandosi allo specchio, accigliato, si è beffato: Al manco ti, bruto can, te sì pi bruto de mi!
Alla fine di una processione per chiedere pioggia, racconta Pe. Antônio Lorenzatto,  quando è precipitata una pioggia abbondante, i coloni si sono fermati, sono andati in bottega e hanno detto: Adesso non c’è più bisogno di pregare. Hanno mangiato, bevuto, si sono ubriacati, e si sono diressi verso casa, lasciando la croce. Strada facendo, qualcuno se n’è ricordato. Doveva tornare a prenderla. Assolutamente, dice il vecchio Lorenzatto: Ciuchi come semo, chi che porta sto demònio de crose!
Una madre ha avuto una lunga infermità ed esigeva la costante presenza del suo unico  figlio, responsabile della famiglia. Il giorno in cui è stata sepolta, il figlio, mentre riceveva le condoglianze da un suo compare, si è confortato: Gràssia a Dio, ghemo fato anca questa! Al manco desso posso laorar volentiera.
Infine, l’italiano, sia esasperato o cordiale, triste o allegro, serio o buffo, tragico o comico… tutti sanno, in tutti i conti, fare la prova del nove positivo della vita. Questo è dimostrato dallo scrittore Antônio Martellini, immigrante nel Rio Grande do Sul, da pochi mesi a San Paolo, che ci ha inviato questo autoritratto: Antonio Martellini, Romano e Abruzzese di origine, Italiano, Talian (abruzzese) e Brasiliano di parlata, e tutto insieme di cuore, mi descrivo in Talian, come ho imparato nel Rio Grande do Sul.
El me ritrato el ze come dei altri, belesse spessiale no ghenò, a no esser i mostaci longhi, par colar i moscheti del vin!  // Forsa de caratere? – Manco ancora. // Coraio e abnegassion? – Un poco soto zero. // Amor al pròssimo? – Come l’aqua tèpida. // Come persona? – Me credo na persona normale de core e de testa. // In tel mondo? – A cucagna a me ga smacà fora del me cùcio. La me ga introdà tele strade del mondo, sensa domandarme… // Passion? – La ùnica ze el paeselo dei noni, dove me son slevà!
Questa ze la me Arcàdia, dove me scondo, sempre che sento bisogno de forsa interior par infrentar le dificoltà e contraman dea stòria.
No me credo esser stà un bon studente, parché sempre scarso de passiensa e perseveransa. // De un tempo inquà, me go messo in testa che el pi importante ze viver, pensar, dir e scriver quel che penso… // Risultato económico de quel che scrivo? – Gnanca un. Son fin disposto a pagar quei che i ze disposti a leder quel che scrivo, al manco par saver tuti i impropèrii che i me dise su. // Le me qualità? – Una sola: quela de esser pontilioso. Par questo, son vivo e ve scrivo!
Ecco il ritratto di un italiano, cittadino del mondo, perché proibito di essere cittadino del suo paese.
Non sono state importanti le difficoltà, nostalgie, lacrime, perché l’ostinazione gli ha dato forza per sognare e fare la cuccagna, con la libertà di vivere, ridere, cantare, infuriarsi… per continuare essendo il più legittimo italiano del mondo, il santo dell’irreverenza.
Martellini, ultimamente, ha speso fortune per rimanere vivo, per questo non può pagare molto a chi lo legge, e offre una delle sue opere (‘Clonagem, apocalipse e outras fábulas”,  il bilingue ‘O café esfriou”), a quelli che invieranno un testo all’indirizzo di Rovilio Costa, dicendo il suo modo di essere italiano.
(Trad. Jussara de Fátima Mainardes)

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u Em futebolística se diz: Cada torcedor é um treinador em potencial. Em Italianística pode-se dizer: Cada italiano é o único italiano.

Se existe algum italiano que não chore nem de raiva, não sei. Mas é certo que todo o italiano sabe rir na hora certa, de forma única e diferente.
Pais riem dos filhos; filhos, dos pais; amigos, dos amigos; inimigos dos inimigos; adversários, dos adversários; anticlericais, dos clericais; pecadores, dos beatos; virgens, de seus sonhos e esperanças; viúvas, de suas lágrimas e saudades…
O rir é de todos os povos. Mas, italiano é italiano. Como ele, só ele. O rir, sorrir, debochar, expandir, irar, raivar, praguejar, abençoar, animar e salvar italianos são diferentes dos demais povos.
O italiano mais ri do que admira, os semelhantes. Nem sempre, porém se dá o direito de rir dos outros, com medo que riam dele próprio. Como não existe alguém sempre triste, também não existe alguém sempre alegre. E aqui está o diferente do italiano: Transformar em risos momentos tristes, de desventura, de tragicidade… que o destino desviou de sua rota.
Ser italiano é saber rir de si mesmo. Cada italiano é a melhor risada do mundo. Todos podem rir de mim, basta que riam de mim por ser italiano, que eu rio com eles.
Floriano Molon, de Porto Alegre, ao lhe servirem numa festa um prato de grãos de uva com colherinha, gargalhou: Se meu avô me visse comer uva com uma colherinha, ele diria que fiquei louco!
Pelegrino Baldo, há anos sineiro em Ipê-RS, certa vez, ao puxar o sino, caiu o badalo, enfiando-se palmos no solo. Não percebendo som, e sentindo leve a corda, reparou o acontecido e exclamou, rindo e contando a todos: Se não estivesse atento, ele me teria matado!
Em Veranópolis, a Picada del Gobo homenageia o alfaiate do mesmo apelido. Feio e corcunda. Um dia, vendo-se no espelho, de carranca, satirizou-se: Suma da frente, bruto cão, tu és mais feio que eu!
Ao final de uma procissão para pedir chuva, conta Pe. Antônio Lorenzatto, ao desabar chuva abundante, os colonos pararam, foram à bodega e disseram: Agora não precisa mais rezar. Comeram, beberam, embebedaram-se e partiram para casa, esquecendo a cruz. Mas alguém, no meio do caminho de volta, se recordou. Precisava voltar, para buscá-la.
Em absoluto, diz o velho Lorenzatto: Bêbados como estamos, quem carrega esse diabo de cruz!
Uma mãe teve longa enfermidade, exigindo constante presença de seu único filho, responsável da família. No dia em que foi sepultada, o filho, ao receber os pêsames de um seu compadre, consolou-se: Graças a Deus, passamos também por esta! Ao menos agora posso trabalhar em paz.
Enfim, o italiano, seja brabo ou cordato, triste ou alegre, sério ou palhaço, trágico ou cômico… todos sabem, em todas as contas, tirar os noves-fora positivos da vida.
Isso o atesta o escritor Antônio Martellini, imigrante no Rio Grande do Sul, há poucos meses vivendo em São Paulo, que enviou este auto-retrato: Antonio Martellini, Romano e Abruzzese de origem; Italiano, Talian (abruzzese) e Brasileiro de fala, e tudo junto de coração, me descrevo em Talian, como aprendi no Rio Grande do Sul:
A minha imagem é como a dos outros, belezas especiais não tenho, a não ser os bigodes longos, para coar os mosquitinhos do vinho! // Força de caráter? – ainda menos. // Coragem e abnegação? Um pouco abaixo de zero. // Amor ao próximo? Como água morna. // Como pessoa? – Creio-me uma pessoa normal de coração e cabeça. // No mundo? // A sorte me tirou fora da cama. Ela me me colocou nas estradas do mundo sem me perguntar… // Paixão? – A única é o lugarejo de meus avós, de onde vim.
Esta é a minha Arcádia, onde me recolho, sempre que sinto necessidade de força interior para enfrentar as dificuldades e contrariedades da vida.
Não creio ter sido um bom estudante, porque sempre com pouca paciência e perseverança. // De uns tempos para cá, tenho em mente que o mais importante de tudo é viver, pensar, dizer e escrever aquilo que penso… // Resultado econômico daquilo que escrevo? – Nenhum. Estou até disposto a pagar aqueles que estiverem dispostos a ler o que escrevo, ao menos para saber todos os impropérios que me atiram. // Minhas qualidades? – Uma apenas: aquela de ser teimoso. Por isso estou vivo e vos escrevo!
Eis o retrato de um italiano, cidadão do mundo, porque impedido de ser cidadão de seu país. Não importaram dificuldades, nostalgias, lágrimas, porque a teimosia lhe deu força de sonhar e fazer a cucanha, com a liberdade de viver, rir, cantar, esbravejar… para continuar sendo o mais legítimo italiano do mundo, o santo da irreverência.
Martellini, ultimamente, gastou fortunas para estar vivo, por isso não pode pagar muito a quem o lê, e oferece uma de suas obras (“Clonagem, apocalipse e outras fábulas”, ou o bilìngüe “O café esfriou”), a quem enviar um texto dizendo o seu modo de ser italiano para o endereço de Rovílio Costa.