u CURITIBA – PR – Coisas simples, como a impressão dos nomes dos candidatos nas cédulas eleitorais, poderiam ajudar o eleitor, segundo o candidato a deputado italiano Cláudio Pieroni, de São Paulo, que advoga diversas mudanças na legislação que regula o voto dos italianos no exterior. Com a “sensação do dever cumprido”, ele agradece a todos os que participaram na campanha e os que votaram, independentemente das preferências depositadas nas urnas que, em toda a Circunscrição Eleitoral do Exterior, agora são transportadas para Roma, para a apuração.

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Pieroni entende que os candidatos amadureceram, em confronto com a eleição passada, em 2006, que foi a primeira vez em que os italianos no exterior tiveram o direito de voto por correspondência. A entrevista de Pieroni, que é integrante da diretoria do CGIE – Conselho Geral dos Italianos no Exterior,  foi concedida ao jornalista Desiderio Peron, editor da Revista Insieme, alguns momentos antes de se encerrar o prazo final para o recebimento dos envelopes eleitorais por parte dos consulados – às 16 horas de hoje (10.04.2008). Confira

 

n Com que disposição está chegando ao fim da campanha eleitoral?

 

CLAUDIO PIERONI –  A sensação é de dever cumprido. Independentemente dos resultados, creio que tentamos estimular de todas as formas que nossa comunidade que  votasse, participasse. Infelizmente, como todos sabemos, surgiram problemas alheios á nossa vontade e das autoridades consulares (greve do correio) que muito prejudicou, mas o apoio e o reconhecimento ao meu trabalho pela comunidade foi muito prazeroso.  Sinto-me honrado de ter recebido tantos telefonemas e e-mails e aproveito para agradecer a todos o carinho que tiveram com a minha pessoa, bem como agradecer ao meu companheiro de lista Petruzziello, candidato a Senador, pela campanha conjunta, com lisura e ética que levamos a cabo juntos, unidos por um ideal de  podermos ser independentes em favor única e exclusivamente da nossa comunidade.

 

n A seu ver, quais foram os temas mais importantes debatidos nestas eleições de interesse da comunidade italiana no exterior?

 

CLAUDIO PIERONI – Existiram muitos temas, alguns gerais como o seguro saúde,(assistência médica aos nossos idosos) que ainda não o temos em todo Brasil. Esta é uma das maiores metas que devemos lutar, já, imediatamente.. Outra antiga. mas não menos importante. é o ‘assegno di solidarietà’, o apoio aos jovens tanto para estudos como para oportunidades de trabalho. Mas o que creio deve ser uma bandeira até ser obtida é a eliminação dos atrasos no reconhecimento da cidadania, que muito prejudica nossa comunidade ítalo-brasileira.  Este é um absurdo que não pode mais continuar.

 

n Como analisa o comportamento geral dos candidatos em campanha e que sinais importantes obteve dos eleitores?

 

CLAUDIO PIERONI – Nota-se que os candidatos amadureceram, mas ainda falta um pouco para podermos ter uma união  que teria sido necessária para algumas causas que deveriam ser de todos, como tentar amenizar os efeitos da greve. Mas deve-se reconhecer que evoluímos. O problema ainda reside naqueles que são submissos aos partidos e deles dependem para tomar suas decisões, com o  que não concordamos, por isto somos independentes e devemos prestar contas somente à nossa comunidade e não a chefes políticos..

 

n Caso não alcance a eleição, pretende continuar atuando politicamente dentro da comunidade italiana e de que forma?

 

CLAUDIO PIERONI – Há 28 anos trabalho com meu lema “dedicação  e trabalho”, e não será agora, mesmo depois da eleição, e independentemente do resultado, que deixarei de honrar este lema. Sempre estive e sempre  estarei à disposição da comunidade .

 

n Poderia avaliar de alguma forma objetiva a influência da greve dos carteiros brasileiros, deflagrada no meio do processo eleitoral?

 

CLAUDIO PIERONI – Na minha opinião, foi fundamental. Nos prejudicou enormemente não só na distribuição dos ‘plicos’ eleitorais, como no envio das propagandas dos candidatos e na restituição dos votos. Gerou incertezas, confusões e logicamente prejudicou, inclusive criou instabilidade na recuperação dos votos. Nesta eleição, os números foram ridículos comparados com os  das outras eleições e sem dúvida a greve também colaborou em muito para esta diminuição de “votos recuperados “, ou seja,  daqueles que não constavam nas listas eleitorais porque até o ‘comune’ dar o “nulla obsta ” caímos nos dias de greve e portanto não puderam receber corretamente seu ‘plico’ eleitoral a que tinham direito. .Por isto, junto com quase a totalidade dos candidatos, solicitamos uma solução deste problema às autoridades italianas. Apesar de algumas criticas, pelo menos mostramos a vontade de defender nossa comunidade italiana do Brasil.

 

n Entende que o processo eleitoral na Circunscrição Eleitoral do Exterior, da forma como está configurado, merece reparos, e onde?

 

CLAUDIO PIERONI – Sem dúvida, reparos são necessários. Por exemplo, muitos deixarão de votar por achar que a eleição é dia 13 e 14. Mas porque não se altera a lei e se faz com mais tempo e concomitante com a da  Itália? Qual o motivo para que a apuração deva começar em conjunto, no mesmo minuto que os votos da Itália? Porque não pode ser 48 horas depois? Porque a lei assim determina? Ora, mude-se a lei! Porque não incluir os nomes dos candidatos nas cédulas, que facilitaria enormemente? Porque tão pouco tempo entre o registro dos candidatos e a impressão dos votos?  Mude-se a ‘tempística’ da eleição.  Estas e outras alterações são absolutamente necessárias.

 

n Outras considerações sobre o tema que queira fazer 

 

CLAUDIO PIERONI – Só gostaria de acrescentar que agradeço de coração não somente aos que me apoiaram, mas a todos os que votaram, independentemente da escolha de candidato, pois participaram de uma vitória de muitos que lutaram por muito tempo para se conseguisse o voto para nós, italianos residentes no exterior. Parabéns e obrigado  a todos