Integrantes do Comitê pelo "Não" do Brasil (Foto Cedida)

Dizer um único e simples “Sim” ou “Não” sobre assuntos complexos e diversos, eis o erro maior do referendo a que estão sendo convocados os italianos de todo o mundo, no dizer de Francesco Di Tillo, artista plástico e coordenador do “Comitê para o Não” da América do Sul. Para ele, “a arquitetura destas reformas não está olhando para os problemas reais dos cidadãos e, sem qualquer razão plausível, corremos o risco de apagar décadas de história, lutas e conquistas”. A perda da representatividade parlamentar – sentencia, referindo-se à extinção das seis cadeiras que os italianos no exterior atualmente têm no Senado – é um ponto muito crítico em que os italianos precisam dizer “Não”.

Di Tillo, 32 anos (um italiano nascido em Campobasso, crescido em Bolonha e há 5 anos residindo em São Paulo, onde é sócio fundador do espaço de arte Ponto Aurora) que se diz apartidário, condena o envolvimento da estrutura diplomático-consular na visita da ministra Maria Elena Boschi, das Reformas e Relacionamento com o Parlamento, feita recentemente no Brasil, Uruguai e Argentina, na América do Sul, com o “objetivo claro” de “fazer propaganda para o “Sim”, em detrimento dos italianos”. E adverte: “Mas os italianos não são bobos e temos certeza que irão reagir rejeitando amplamente essa reforma” que, para ele, atende “interesses particulares e dos grandes ‘lobbies’ internacionais”.

PATROCINANDO SUA LEITURA

Segundo Di Tillo, o “Não” está avançando “sem grandes esforços” (na Itália, todas as pesquisas dão vitória ao “Não”, conforme quadro abaixo) e, por isso, “queremos que também os italianos na América do Sul entendam quão grave situação poderia ser criada no caso ganhasse o “Sim”. De olho no processo eleitoral que, no exterior, por correspondência, deve começar já na segunda metade do mês de novembro, ele entende propor medidas de controle para o envio e recebimento das cédulas eleitorais: “é esperada – declara – a presença de representantes dos Comitês do “Sim” e do “Não” nas seções eleitorais”. Confira a entrevista em sua íntegra:

Em território italiano, as pesquisas noticiam vantagem do “Não” sobre o “Sim”. O que diz da visita recente da ministra Boschi na América do Sul?

O simples fato de que essa reforma foi feita sem uma adequada discussão parlamentar, que pretende eliminar os representantes dos italianos no exterior e reduzir as possibilidades de participação por parte dos cidadãos italianos, criou enorme desconfiança sobre o seu conteúdo, mas confirmou a incapacidade do governo Renzi em lidar com os interesses reais dos cidadãos italianos, privilegiando os interesses particulares e dos grandes ‘lobbies’ internacionais. Como resultado, o “Não” está avançando sem grandes esforços e queremos que também os italianos na América do Sul entendam quão grave situação poderia ser criada no caso ganhasse o “Sim”. A visita da ministra Boschi tinha um objetivo claro, fazer propaganda para o “Sim” em detrimento dos italianos, com o objetivo de recuperar votos na Argentina, Brasil e Uruguay, países que têm uma forte história de imigração e representam a maior parte dos eleitores no exterior. Mas os italianos não são bobos e temos certeza que irão reagir rejeitando amplamente essa reforma.

Il solo fatto che questa riforma è stata votata senza una discussione parlamentare adeguata, che vuole eliminare i rappresentanti degli italiani all’estero e diminuire le possibilità di partecipazione da parte dei cittadini italiani, ha creato un’enorme sfiducia sul suo contenuto ma ha confermato l’incapacità del governo Renzi di occuparsi dei reali interessi dei cittadini, a fronte degli interessi particolari e delle grandi lobby internazionali. Di conseguenza il “No” sta avanzando senza grandi sforzi e vogliamo che anche gli italiani presenti in America Meridionale comprendano quale grave situazione si potrebbe verificare nel caso vincesse il “Si”. La visita del Ministro Boschi aveva un chiaro obiettivo, quello di fare propaganda per il “Si” a spese degli italiani e recuperare voti in Argentina, Brasile e Uruguay, paesi che hanno una fortissima storia di immigrazione e rappresentano la maggior fetta di elettorato all’estero. Ma gli italiani non sono stupidi e siamo sicuri che reagiranno contrastando ampiamente questa riforma.

Reprodução (http://www.comitatoperilno.it/)
Reprodução (http://www.comitatoperilno.it/)

Que diz do envolvimento de Embaixadas, Consulados e Comites (“Comitati degli Italiani all’Estero”) no episódio?

Embaixadas, consulados, institutos de cultura e Comites, entre outros, são órgãos representativos de toda a comunidade italiana, não apenas do governo da vez. O que estamos vendo e denunciando constantemente é o abuso dessas instituições em benefício exclusivo dos ditames do governo. Não é por acaso que, recentemente, foram feitas algumas interrogações parlamentares ao Ministro de Assuntos Exteriores Gentiloni: lembramos do caso do embaixador de Toronto fazendo propaganda para o “Sim”; o caso do presidente do Partido Democrata – PD na Argentina, Alfredo Liana, declarando a total participação de todos os organismos representativos dos italianos no exterior na visita da Ministra Boschi, e até mesmo a interrogação parlamentar do Movimento 5 Estrelas, confirmam a abordagem intimidante, ilegal e inconstitucional de Renzi e sua equipe. É claro que o clientelismo é a base da estratégia de propaganda do “Sim”. Vamos deixar claro que esta situação vai além do referendo mas envolve todo o mecanismo institucional e representativo dos italianos no exterior. Não temos aqui o espaço, mas seria necessário abrir um debate bem mais amplo sobre a atuação de todas essas instituições. Nesse contesto o Comitê para o “Não” ainda não é muito conhecido mas estamos crescendo rapidamente. Além de defender o “Não” no Referendo, defendemos a legalidade, a liberdade e capacidade de informar adequadamente todos os italianos para que possam escolher em plena consciência e autonomia total. Trabalhamos principalmente no território diretamente com as pessoas e, felizmente, muitos italianos, alguns políticos, meios de comunicação e instituições estão aos poucos reagindo a esse comportamento, e, cada vez mais, apoiando a gente. Esperamos uma maior colaboração e estamos prontos a colaborar.

Le ambasciate, consolati, istituti culturali e comites, tra gli altri, sono organi di stato rappresentativi di tutta la comunità italiana, non solo del governo di turno. Quello che noi costantemente vediamo e denunciamo è un totale abuso di queste istituzioni a favore esclusivo dei diktat di governo. Non è un caso che recentemente sono state fatte alcune Interrogazioni Parlamentari al Ministro degli Esteri Gentiloni: ricordiamo il caso dell’ambasciatore di Toronto propagandando il SI; allo stesso presidente del PD in Argentina, Alfredo Liana, dichiarando la piena partecipazione di tutti gli organi di rappresentanza degli italiani all’estero nei confronti della Boschi, e, anche l’ultima interrogazione del M5S, confermano lo stile e l’approccio intimidatorio, illegittimo e incostituzionale di Renzi e il suo team. È evidente che il clientelismo è alla base della strategia di propaganda del “Sì”. E siamo chiari, questa è una situazione che va ben oltre il singolo Referendum, ma coinvolge l’intera macchina istituzionale e rappresentativa degli italiani all’estero. Non abbiamo qui spazio ma dovremmo aprire un discorso molto più ampio che riguarda il funzionamente di tutte queste istituzioni. In questo contesto il Comitato per il “No” non è ancora molto conosciuto ma stiamo crescendo rapidamente. Oltre a difendere il “No” al referendum, noi difendiamo la legalità, la libertà di poter informare adeguatamente tutti gli italiani per dargli la possibilità di scegliere in piena coscienza e in totale autonomia. Noi lavoriamo sul territorio direttamente con le persone e, per fortuna, gli italiani, alcuni politici, media e istituzioni stanno pian piano reagendo a questo comportamento e ci stanno sostenendo. Ci aspettiamo maggiore ascolto e siamo pronti a collaborare.

O eleitorado na América do Sul, especialmente no Brasil, em sua maioria é constituído de ítalo-brasileiros que adquiriram a cidadania por direito de sangue e nem sempre acompanham a política italiana. Qual a estratégia do Comitê para conquistar os votos dos eleitores?

Estamos desenvolvendo uma estratégia de comunicação pensada para os italianos na América do Sul. Sendo italianos com os mesmos direitos que todos os outros, merecem uma atenção especial no nosso território. Além das páginas de facebook do Comitato per il “No” – America Meridionale e Comitato per il “No” – Brasil, estamos avaliando a possibilidade de envolver reconhecidas personalidades políticas para dialogar com a comunidade aqui residente. Mas sempre precisamos de ajuda para promover atividades de informação e contato com as pessoas, portanto, aproveito essa oportunidade para chamar a atenção de todos os italianos e das instituições que não se sentem representados por essa reforma para colaborar conosco e salvar a Constituição.

Stiamo sviluppando una strategia di comunicazione pensata per gli italiani in America Meridionale. Essendo italiani con gli stessi diritti di tutti gli altri meritano nel nostro territorio un’attenzione particolare. Oltre alla pagina facebook del Comitato per il “No” – America Meridionale e Comitato per il “No” – Brasil, stiamo valutando la possibilità di coinvolgere personalità politiche conosciute e riconosciute dagli italiani per confrontarci con la comunità qui residente. Ma abbiamo sempre bisogno di persone che ci aiutino a svolgere e promuovere attività di informazione e contatto con le persone, pertanto approfitto per richiamare l’attenzione di tutti gli italiani e le istituzioni che non si sentono rappresentati da questa riforma per collaborare con noi e salvare la Costituzione.

Como analisa a alteração da natureza do Senado Italiano? Que diz da subtração das seis cadeiras destinadas aos italianos no Exterior? Haveria forma de evitar essa “amputação representativa”?

Um dos maiores erros dessa reforma é a de ter que escolher “Sim” ou “Não” para temas cruciais que, por sua vez, merecem discussões e votações separadas. Isso mostra claramente como a arquitetura destas reformas não está olhando para os problemas reais dos cidadãos e, sem qualquer razão plausível, corremos o risco de apagar décadas de história, lutas e conquistas. Devemos nos perguntar: é possível repensar a representatividade dos italianos no exterior? Claro, é possível. Mas essa reforma dá um corte limpo em tudo e não propõe qualquer tipo de alternativa, sem nem um mínimo de diálogo com as partes interessadas e, de novo, os italianos no exterior serão considerados como moeda de troca, sem a devida atenção que merecem.

Uno dei maggiori sbagli di questa riforma è quella di dover scegliere “Si” o “No” su importantissimi temi che invece meriterebbero discussioni e votazioni separate. Questo mostra chiaramente come l’architettura di queste riforme non guarda ai reali problemi dei cittadini e senza nessuna ragione plausibile rischiamo di cancellare decenni di storia, di battaglie e conquiste. Dobbiamo chiederci: è possibile ridiscutere la rappresentatività degli italiani all’estero? Certo, è possibile. Ma questa riforma da un taglio netto e non propone nessun tipo di alternativa, non dialoga quindi minimamente con i diretti interessati e di nuovo gli italiani all’estero verranno considerati come merce di scambio, senza la dovuta attenzione che meritano.

Que pontos, a seu ver, devem pesar na decisão do eleitor no exterior chamado a referendar ou não a reforma desenhada pelo Parlamento?

Com certeza a perda da representatividade parlamentar é um ponto muito crítico em que os italianos precisam dizer “Não”, porque vai mudar completamente a estrutura institucional e promover uma distância ainda maior entre os cidadãos e as instituições que os representam. É muito bom o discurso que a Ministra Boschi tem feito durante a visita aqui na América do Sul, dizendo que “todos nós somos pais fundadores”. Mas, na prática, quando foi solicitado nosso parecer? Qual participação foi realmente praticada? Essas são, portanto, palavras vazias, desrespeitosas, pura propaganda publicitária, palavras que se transformam rapidamente em mais uma mentira. Mesmo apenas por esta razão é importante votar “Não” no Referendo.

Certamente la perdita della rappresentanza parlamentare è un punto assolutamente decisivo a cui gli italiani devono votare “No”, perché cambierà completamente l’assetto istituzionale e promuoverà una distanza ancora maggiore tra il cittadino e le istituzioni che lo rappresentano. E’ molto bello il discorso che la Boschi ha fatto durante la sua visita in Sud America, dicendo che “siamo tutti padri costituenti”. Ma nella pratica quando ci è stato chiesto il parere? Quale partecipazione è stata messa in atto? Sono pertanto parole vuote, irrispettose, il solito spot pubblicitario, parole che si trasformano rapidamente all’ennesima bugia. Anche solo per questo motivo è importante votare “No” al Referendum.

Francesco Di Tillo, Comitato per il "No" (Foto cedida)
Francesco Di Tillo, Comitato per il “No” (Foto cedida)

Nas eleições recentes para os Comites, houve alteração de normas (com exigência de inscrição prévia de eleitores já inscritos no Aire) do processo sob o argumento que a fórmula propiciava o cometimento de fraudes. Falava-se até em voto eletrônico. Para o Referendum, entretanto, volta-se à maneira antiga. Desapareceram os medos de fraudes?

Pessoalmente, sou a favor do voto eletrônico ou, melhor ainda, do voto digital, mas nas eleições dos Comites toda essa conversa foi apenas uma desculpa para diminuir a participação. Para o Referendo é dever de todos incentivar uma maior participação, porque essa votação vai determinar o futuro da Itália e os direitos de seus cidadãos para as próximas décadas. Além disso, vamos agir para entender quais procedimentos consulares serão ativados para garantir a votação dos italianos no exterior. Vamos propor medidas de controle para o envio e recebimento das cédulas eleitorais e se é esperada a presença de representantes dos Comitês do “Sim” e do “Não” nas seções eleitorais.

Personalmente sono a favore del voto elettronico o ancora meglio del voto digitale, ma per i Comites tutto questo discorso è solo stata una scusa per diminuire la partecipazione. Per il Referendum abbiamo il dovere di aumentare la partecipazione poiché è una grande occasione di dialogo questa votazione e determinerà il futuro dell’Italia e i diritti dei suoi cittadini per i prossimi decenni. Inoltre ci attiveremo per capire quali procedure utilizzeranno le sedi consolari per garantire il voto agli italiani all’estero. Proporremo di chiedere il controllo sulle spedizioni dei plichi elettorali e se è prevista la presenza dei rappresentanti dei comitati interessati agli uffici elettorali.

Outras considerações?

Finalmente, é importante lembrar que o Comitê para o “Não” é apartidário e, portanto, não somos contra nenhuma pessoa ou partido. Temos que colocar de lado os discursos separatistas e os personalismos, nos concentrar nas características da reforma e, juntos, construir a consciência necessária para exercer livremente o direito de escolha. Isto é o que o Comitê para a “Não” está tentando fazer na América do Sul.

Per concludere è importante ricordare che il Comitato per il “No” è apartitico e pertanto non siamo contro persone o partiti specifici. Dobbiamo lasciare da parte discorsi separatisti o personalismi ed entrare nel merito della riforma e insieme costruire quella coscienza necessaria per esercitare liberamente il diritto di scelta. Questo è quello che il Comitato per il “No” sta cercando di fare nella circoscrizione America Meridionale.